Capitulo I - Reencontro

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— Uchiha! Chegou sua hora. Vamos!

   Um Shinobi treinado para lidar com prisioneiros Rank S, veio em minha cela a mandato de Kakashi para finalmente conceder a liberdade que eu tanto desejei. E ali estava eu; desamarrando cordas, retirando correntes e levando nada mais do que um gigantesco e gritante vazio comigo.

  Pensei em voltar para o meu distrito; o único lugar que realmente me sentia acolhido. Entretando, lembrei que a poeira encravada nas entranhas daquele vasto espaço me traria nada mais do que a temida e tão comum pneumonia. Me contentei apenas em procurar por um lugar entre os outros para me estabilizar.

  Caminhei em passo vagarosos até a saída, tampando minha visão dos raios ultra violentos do sol, que insistiam em tentar cegar a turva e mínima visão que me ajudara naquele tão esperado e sonhado momento. Chequei rapidamente minha vestimenta, ponderando por um breve momento o dia em que deveríamos estar. Talvez, por todo esse tempo, tenha me esquecido da minha própria idade. Sequer me recordava qual havia sido o dia em que me trancaram dento daquele cubículo.  Tão óbvio, eu nem mesmo sabia dizer em qual ano estávamos.

   Quanto tempo havia se passado? Um? Dois? Dez anos? Eu não poderia responder.

   A vida de um prisioneiro se difere minimamente a de um animal, que pouco entendem de informações tão triviais para os humanos. Datas comemorativas era como se não existisse. Sequer tínhamos uma mínima pedrinha que pudesse acabar de vez com o nosso tédio. Como um homem de muitos pecados, a maior parte do meu tempo se resumia em controlar a dor que sentia após permanecer tanto tempo na mesma posição. As correntes que seguravam minha mão, o pano que tampava minha visão e a tarja que calava a minha voz ... tudo isso me fazia tão próximo ao inferno, que sequer me negava a um dia conhecê-lo realmente.

   Sim, eu admito que em muitas vezes fraquejei ao ponto de desejar a morte. Entretanto, não me daria ao luxo de tamanha sorte. Deveria de aguentar o peso de minhas próprias ações. Eu precisava de vida para que pudesse me culpar cada vez mais os erros que não evitei.

  Avistei o portão ao longe, tocando o topo da minha testa a uma tentativa nula de me proteger do sol e da luz que me atormentava naquele momento. Atravessei em silêncio o portão de grades, pegando da mão de um dos guardas a catana que se estendia em minha direção. O vento trazia um frescor gostoso, me fazendo amar outra vez a vida. Uma tranquilidade e paz inundavam de modo silencioso a carne que insistia em bater sobre meu peito, cada vez mais forte e intensa. Repentinamente eu já me encontrava inspirando, respirando, curtindo alegremente aquele momento.

   Finalmente me encontrava livre daquele inferno.

  Abri meus olhos, reparando a paisagem ao meu redor na procura do que poderia então fazer dali a diante. Desci um degrau da escada, apoiando minha mão na catana que já de encontrava embanhada em minha vestimenta de trapos e farrapos. Virei ao lado esquerdo das direções que me ofereciam tantos caminhos, entretanto uma voz ao longe me fez paralisar meus passos e olhar instintivo para trás.

— Hey! Aqui! — Uma mão coberta por talas, esticada ao alto de sua cabeça, movimentava acenos repetitivos e animados. Estranhei o membro que antes havia sido destruído em nossa batalha, reaparecer em minha frente. Entretando, não era de meu interesse a intromissão — Finalmente. — Dizia entre arfos, tocando meu ombro após correr em minha direção.

   No fim, ele ainda fazia aquilo. Naruto sempre o faz.

— Fico feliz que retornou. — Kakashi se aproximou logo atrás, sorrindo pequeno ao paralisar em minha frente — Fico grato por ter lutado ao nosso lado e se tornado um herói. Isso realmente adiantou sua penalidade. — Pausou, esperando de mim alguma reação mesmo que me conhecesse o suficiente para imaginar que ela não viria. Pôs suas mãos sobre o bolso, olhando em meus olhos outra vez — Sabe por quanto tempo esteve preso? — Neguei — Três anos. Você ficou preso por três anos, e ainda me admira que existam pessoas que ainda não confiam totalmente em você.

Recomeçar - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora