Capítulo XIV - O retorno

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Olá meu lindooos. Passando apenas pra falar que esse capítulo está muito cute. Aproventei bastante esses momentos viu?

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❝Eu posso ser um pouco brusco, eu posso carecer de algumas coisas. Eu posso não ter esse brilho tímido ao meu redor, mas esse sou eu. Meus braços, minhas pernas, meu coração, minha alma❞

Seokjin, Epiphany (BTS)





      É incrível como as coisas mudam durante tão pouco tempo. Eu havia prometido voltar o quanto antes para a Sakura, mas eu nunca soube especificar a quantidade de tempo que esse "o quanto antes" duraria.

     Foram dois anos não exatos. Não sei dizer na verdade. Parei de contar depois de perceber que quanto mais eu pensava no tempo, menos focado na missão eu me tornava. Quanto mais eu pensava nas horas, na distância, na saudade, mais interesse na desistência eu tinha. Então eu simplesmente havia parado de contar.

     Sentado sobre a sombra da árvore, ponderava sobre a viagem que faria. Remexi a bolsa que carregava comigo, puxando de dentro um pequeno envelope antes de abri-lo com a ajuda dos meus lábios, completamente familiarizado com a falta de recurso do meu braço esquerdo. Tomei o pequeno retrato com meus dedos, olhando-o pela centésima desde o dia anterior, suspirando fortemente pela saudade que sentia.

     Não importava o tempo. A saudade ainda era amarga desde a minha pobre infância. Ao observar seu rosto eternizado pelo retrato, enquanto acariciava a cabecinha do gatinho que havia adotado no meio do caminho e apelidado de Kuro, toquei com meus lábios o rosto feminino que enfeitava o papel. O sorriso largo que Sakura esbanjava na fotografia havia sido o maior presente que Garuda havia me trazido durante a viagem.

— Você também concorda que ela seja linda, Kuro? — sorri para o gato que miava ao sentir o afago em seu pelo.

     Ele era bastante adorável para um adulto que havia sido abandonado.

     Eu havia adotado Kuro em uma das minhas últimas viagens, antes de selar a missão e decidir retornar. Enquanto eu me hospedava no País das Águas Termais, sempre era visitado pelo gatinho preto, ao qual me dava a graça de ter sua companhia, e eu adorava tê-lo por perto. Era uma maneira de me sentir menos sozinho.

     Levantei-me vagaroso, colocando a imagem dentro do envelope outra vez antes de guarda-la em minha bolsa. A estação de trem se encontrava próximo, e foi impossível não pensar no quanto tantas coisas mudam durante tão pouco tempo. Saber que tínhamos um transporte rápido de viagem era quase ilusório. Eu ainda me recordava do tempo em que tínhamos de viajar dias até países vizinhos, passando frio, às vezes morrendo de calor e fome.

     Às vezes, a facilidade que o mundo oferecia me preocupava com o futuro da geração que estava por vir. Tempos difíceis criaram ninjas fortes, protetores, mas eu sabia que toda minha preocupação não faria o tempo parar de correr sobre o relógio, e tudo o que eu tinha de fazer era me encaixar nos novos moldes do amanhã.

     Embarquei no trem, pensando que dali um tempo seria meus filhos a fazê-lo. Sabia também que eu havia de lhes contar as histórias de quando uma vez havia sido eu, Sakura, Naruto e Kakashi a percorrer toda aquela extensão a pé, e eles iriam desacreditar da veracidade dos fatos. Mas eu não lhes colocaria culpa alguma. Afinal, quem mais acreditaria?

Recomeçar - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora