Cap. 14 - Relembrar é viver?

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-A Bia deve te invejar. -diz o Caio, após ouvir o acontecimento da noite.

-Me invejar? Porquê?

-Parece tudo mais fácil pra você.

-Tudo o quê?

-Tudo. Você tem sempre quem você quer a seu alcance. Enquanto ela... só leva desacertos.

-Nada é tão fácil. Nunca foi. Nunca será. Também já tive muitas decepções, muitas dores, algumas chegaram a me calejar. E hoje simplesmente, não sinto mais como antes.

-Não é o que parece. -diz ele me provocando.

-Isso porque, quando nos conhecemos praticamente quando eu já estava emocionalmente equilibrada. Também já tive muitos idiotas em minha vida.

-Me diz um. -fala ele curioso.

-Meu primeiro namorado, ele tinha traços japonês, apesar de brasileiro, foi uma das primeiras decepções da minha vida, entretanto com essa aprendi muito, depois dele que conheci o amor próprio.

-Como foi a história de vocês? -pergunta.

HISTÓRIA

-Jonatas, morava alguns quarteirões da minha casa, seus cabelos escorrido e seus olhos de cor jabuticaba, faziam uma junção perfeita ao seu velho jeans rasgado e camisetões que ele usava. Para mim ele era o cara mais perfeito da cidade, amor tem dessas coisas. -ela sorri delicadamente, lembrando o quão boba foi.

Ele foi meu primeiro amor, a primeira pessoa que me fez pensar em casar, ter filhos, eu idealizada toda uma vida ao seu lado, chegamos a namorar 1 ano e 8 meses. Descobri duas vezes suas traições, mas ele sempre me pedia desculpas dizendo que estava arrependido e eu perdoava.
Sabe eu não tenho rancor dele pelas vezes em que sofri, hoje para mim ele é como se fosse um conhecido apenas, uma pessoa como qualquer outra que passa por mim pela rua. Se bem que nunca mais o vi.

O fim de tudo foi ditado por mim, no quintal, após um almoço de família, acredita?

-Mentira. Isso não faz seu tipo. -diz ele.

-Sério. Peguei ele dando em cima da minha prima. Ele nem se incomodou em estar na Minha casa. Minha prima 2 anos mais nova que eu, tava toda boba, por aquele moreno está interessado nela. O braço dele já estava encurralando a, e ela encostada na parede esperava seu beijo. Então respirei fundo, pus meu melhor sorriso e me aproximei, seus olhos puxados, se abriram com surpresa e ele com a cara mais lavada me disse:
"Só estou conversando com sua prima, amor. "

"-Eu sei eu estava observando vocês."- falei pra eles.

Ela ficou tão sem graça, que passou para dentro sem dizer uma palavra, então era minha vez. O encurralei na parede, ele não parava de morder seus lábios, olhei bem nos olhos dele.

-E o perdoou com um beijo?! -Fala Caio um tanto decepcionado.

-Não. Ele bem que achava isso. Mas só mantive o sorriso nos lábios e falei com a voz mais suave possível:
"- Amor acabou! Posso até esbarrar com você em alguma esquina, mas nunca mais com sua boca."

Ele irritado foi embora.

-Uau você é cruel. -fala o Caio tirando onda de mim.

-Mas não acabou. -Respondo. -Depois é meu quarto me vem uma profunda vontade de chorar, meu celular vibra com mensagens dele, querendo saber o que houve, pedindo desculpas, pedindo para voltar. Ignoro todas, me olho no espelho, passo a mão em meus cabelos e vejo uma garota linda, inteligente que um dia encontraria alguém legal que gostasse dela. Aí refleti: "Quando que eu aceitei viver as migalhas de um amor fracassado?".
Decidi que a partir dali não ia chorar por mais nenhum idiota e que ia me amar. Só quando estivesse completa, é que amaria alguém.

Subversivo - AUEAOnde histórias criam vida. Descubra agora