Cap. 21 - Descobertas

11 0 0
                                    

SONHO

Vi o chão se abrir sobre meus pés e eu caia em buraco que parecia não ter fundo, eu caía em um abismo. E tudo que pensava era o porquê de não conseguir abrir minhas asas. Havia elas queimado com o sol reluzente enquanto ainda andava sobre a rua de paralelepípedos? Por mais que parecesse que eu estava voando, o desespero de jamais poder firmar meus pés em terra firme me dominava.

• MELISSA

Acordo logo cedo pra correr, não é do meu fetiche fazer exercícios físicos, ainda mais no frio que aqui faz de manhã. Sempre vejo da janela enquanto me arrumo pro trabalho as pessoas correndo passando pela calçada do prédio, admirável. Tão cedo, tão frio, muitas vezes a neblina chega a embaçar a visão e mesmo assim eles estão lá persistentes em busca de seus objetivos.

Hoje exclusivamente decidi fazer o mesmo porque é o dia da sessão de fotos. Não que eu acredite que correr algumas horas antes de tirar as fotos faça alguma diferença. Mas me ajudaria a maneirar a ansiedade em que estou, se eu fosse da que roessem unha, não teria mais nem os dedos.

Encontro o Júlio paralisado a porta do prédio.

-Pensei que você tinha desistido.  -falo o assustando, por está disperso.

Ele parecia está em dúvida entre o subir e o ir embora.
-Eu estava só observando.

-Nunca mais apareceste.- afirmo.

-Precisava de um tempo pra pensar no que você me disse da última vez.

-Compreendo.

-Mel sua chave. -fala a Bia que já estava de saída para o trabalho. -Ah oi JC. Tudo bem?

Antes que ele pudesse abrir a boca e responder ouvimos gritos de uma mulher que estava na padaria a frente.

-JÚLINHO... vem logo bebê.

-Eu vou terminar de pegar minhas coisas pra sair. Boa sorte Mel. -diz Bia e sobe novamente.

-Bia...-tenta ele mas é em vão.

Fico eu na maior saia justa naquela situação.

-É agora é que acho que entendo o que você fazia aqui na frente.

-Não foi só isso Mel. Eu realmente pensava...

-JC Vou só te dá um toque, se você tá tentando reconquistar minha amiga fazendo ciúmes a ela, não vai dá certo. Mulher não gosta de se sentir insegura. -Ele se encosta na viatura, sem, se explicar. -Agora é melhor eu ir correr porque estou congelando parada aqui. Tchau.

**

ENSAIO FOTOGRÁFICO

-Correu muito? -pergunto só pra ela me lançar aquele olhar fechadinho de reprovação que só ela tem.
Mas ao contrário do esperado ela sorri e responde:

-Cê tá louco, não sei como as pessoas tem essas disposições. Só corri, sei lá dez minutos.

-Você acha que isso modificou algo na sua estrutura física?

-Não! -ela dá uma gargalhada debochada.

-Cris, eu acho nada mais justo do que você receber uma comissão.

-Não. -respondo diretamente.

-Sim. Quero que você, se você quiser claro. Me empresarie. -ela fala timidamente e como eu não respondo, ela me olha fazendo cara de cachorrinho pidão. -Sabe você não precisa ficar correndo atrás de trabalho. Mas como você tá mais nesse meio que eu, os que você conseguir.

Subversivo - AUEAOnde histórias criam vida. Descubra agora