Cap. 16 - Recomeços

16 1 0
                                    

Eu tenho que parar de dormir em qualquer lugar.
Se bem que aqui não é qualquer lugar. Pensei comigo enquanto a Barbie revirava o estúdio em busca de vestígios do Cris, e de sua suposta traição.

Como se fosse eu que dormisse com cara que tinha namorada. Ou ela havia esquecido disso?  Não. Na verdade eu que esqueci que não quis assumir nosso lance.

-Bárbara tá mais que claro que ele não tá aí menina. -falei me sentando no colchonete, com um humor matinal de um velho.

-Onde ele foi? Vou esganar ele.

Gritava a mulher que antes era toda segura de sí, agora fora do sério. E eu tranquila da vida, juntava minhas coisas e dobrava o lençol fino, organizando o ambiente.

Era cedo demais, Cris não havia dormido comigo pelo que sabia e nem teria chegado pra trabalhar ainda. Então como que ela entrou no estúdio? Ele foi embora e me deixou ali com a porta aberta?

Sim, essa era minha preocupação no momento. O total descaso que ele teria tido comigo caso isso fosse verdade.

-Não, você não vai. Ele não dormiu aqui. E adoraria me explicar mais ainda tenho coisas a fazer antes de ir pro trabalho. -digo chamando sua atenção, que ainda não tinha voltado sua ira a mim.

-Você é muito cara de pau. -fala ela caminhando para perto. -Nunca quis nada com ele e agora que ele está comigo... - bate no peito, fazendo as palavras que saíam da sua boca parecer o discurso de um vencedor. - Você fica o rondando.

-Já disse que não tô afim de me explicar não foi? -falo suave.

-Sua consciência não pesa? -continuava ela com arrogância, que era compreensível.

-Não. PORQUE NÃO HOUVE NADA. -Parece que após meu grito, ela finalmente entendeu e se calou.

Na mão dela, meu chaveiro de boquinha, que era o símbolo da banda "Rollins Stones " a beijava entre os dedos. Meu irmãozinho tinha me dado no mesmo dia do passeio da foto. Tudo bem que o Cris pagou pra ele me presentear, mas era uma lembrança boa que se esmaecia como pó. Explicado, ele deu minha chave a ela. Meu dia tinha começado tão lindo com a mensagem do Victor, que nem quis me chatear com aquilo agora. Apenas fui embora.

Em frente o local, Cris vinha chegando com umas sacolas de plástico.

-Já vai? Achei que fossemos tomar café juntos. -diz ele sem imaginar o furacão que o aguardava.

-Três palavras. - sinalizo com os dedos. -Bárbara está aí.

-Mentira.

-É bom você entrar. -digo em uma expressão de "você está ferrado".

-Sim, eu vou resolver isso. -fala tranquilamente, como se a presença dela não fizesse muito importância.

-E... O chaveiro. Eu quero de volta.

-Vamos discutir por um chaveiro?-diz ele com pressa para entrar - E que chaveiro?

-Da boquinha. Ok, não vamos discutir por um chaveiro. Tudo bem que você quis a sua chave de volta. O estúdio é seu. Mas como você quis a chave que é sua, eu quero o chaveiro que é meu.

Subversivo - AUEAOnde histórias criam vida. Descubra agora