Isso era estranho. Ciel acordou com o som de alguém batendo na porta, mas o que a surpreendeu foi seu sonho. Desde que seu irmão tinha desaparecido, Ciel tinha frequentemente pesadelos envolvendo ele. Mas nessa noite foi somente uma memória, e uma das felizes. Talvez tenha sido porque o dia anterior tinha sido mais tranquilo do que os outros, talvez ela estivesse superando os acontecimentos pouco a pouco... A pessoa na porta bateu mais forte, insistentemente. Não era um dos monitores, eles não batiam na porta dos outros. Quem poderia ser?
Divum se dirigiu até o guarda-roupa, olhando para as peças separadas: uma camisa branca com botões, um colete preto, uma calça preta e um sapato marrom. Era do tamanho perfeito, e ela sorriu ao lembrar de como seu irmão parecia um homem de negócios com aquilo. Mas torceu o nariz ao ver a gravata azul. Seu irmão com certeza tinha um gosto estranho, mas para ser como ele, ela deveria ser idêntica. Colocando a roupa, Divum se olhou no espelho. Ela sentia vergonha dos seus olhos. O mesmo tom azul dos de seu irmão, mas ao mesmo tempo tão diferentes. Ela imaginou o rosto dele, e abriu um sorriso maldoso e olhando com frieza para seu reflexo. Com uma voz rouca e masculina, ela falou:
— Você me dá nojo, mana. Me imitando tão rudemente, papai e mamãe sentiriam vergonha de quem você é agora.— Ele falou com sinceridade. Realmente, era isso que Ciel pensava que ele sentiria sobre ela. Divum dava desgosto.
Foi aí que a batida na porta voltou, dessa vez com mais de uma pessoa. Eram duas frequências diferentes, com um som diferente. Indo até a porta, Ciel suspirou, destrancando e abrindo uma fresta. Arregalou os olhos por um segundo. Não foi necessário mais do que isso para que os dois indivíduos entrassem no seu quarto sem que ela dissesse nada. Ainda bem que ela tinha escondido todas as coisas que provassem sua real identidade no local mais seguro possível. O garoto de cabelos loiros sorriu para ela, como da primeira vez em que ela o viu sorrir. A fez se acalmar. O outro menino, ruivo, se sentou na cama dela sem cerimônia, dizendo:
— Você vai perder o café da manhã se ficar enrolando desse jeito, começa daqui à dez minutos, sabia?— Matt revirou os olhos, mostrando a sua mão, que estava visivelmente machucada.— Eu tô batendo nessa porta desde as 5:30 da matina, tudo porque o Mello tinha que ir pegar um chocolate da cozinha.
— Ei, eu tenho que ter meu estoque. Esses caras da cantina servem uma miséria de sobremesa e eu preciso manter meus costumes.— Mello falou, colocando o braço no ombro de Ciel. Ela tremeu imediatamente.
"Muito perto, muito perto!", sua mente avisava, como se pelo simples fato de Mello estar a tocando fosse fazê-lo notar o quanto ela estava tensa. Ignorando o que seu cérebro indicava, ela sorriu e replicou:
— Mas o que exatamente vocês vieram fazer aqui?— Divum usou a mesma voz que já tinha treinado tanto, combinada com suas sobrancelhas erguidas suavemente.
— Se nós queremos uma mesa boa, a gente tem que ir logo.— Matt a puxou pelo pulso, enquanto Mello os seguia.
"'A... gente'? 'Nós'? Do que ele tá falando?", se questionou, enquanto o seguia obedientemente. Era melhor simplesmente os seguir do que fazer questionamentos agora. Se sentando em uma mesa junto com os dois garotos, ela se sentiu finalmente confortável o suficiente para dizer:
— Me perdoem, mas eu realmente não tô conseguindo entender o por quê de eu estar aqui.
— Eu disse ontem, não disse?— Mello suspirou, com uma expressão de impaciência.— Eu quero saber até onde os boatos das pessoas sobre você são verdadeiros. São bem inacreditáveis. E bem, nós dois estamos na linha de sucessão.— Os cantos da boca dele se ergueram de forma desdenhosa.— Mantenha seus amigos por perto, mas seus inimigos mais perto ainda.
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A criança de Wammy's House
FanfictionDois sucessores de L somem, e um tempo depois somente um volta. Um garoto de 8 anos que perdeu sua irmã. Ou pelo menos é isso que ele quer que pensem. (Plágio é crime, sabia, suas pessoas sem idéias?) Aviso: Todos os meninos da Wammy's House são 6 a...