Book One - Explanations

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Antes que Mello pudesse sair pela porta, Lunaris já havia interceptado sua saída. Ela se atirou contra ele e a porta, se colocando entre os dois. Ela precisava impedir com que ele saísse, não importando os métodos, porque precisava falar com ele. Precisava convencê-lo dos seus motivos, e o impedir de contar isso para qualquer outra pessoa — mesmo que ela tivesse a certeza de que Mello não era o tipo de pessoa que sairia espalhando os segredos de todos, no momento, ela estava incapaz de fazer qualquer dedução lógica. Além disso, Ayla não conseguia evitar o pensamento de que perderia a amizade que ela desejava tanto ter assim que ele saísse por aquela porta. Por isso, nem sequer se mexeu quando o garoto agarrou seu braço e tentou a mover do caminho, a raiva estampada no seu rosto normalmente sorridente — pelo menos com ela —. Ele era forte, mas ela não se deixaria ser movida por ele nem mesmo se a acertasse com algo na cabeça. Mello soltou um grunhido, percebendo que teria realmente que bater nela se quisesse passar, e ele, apesar de estar fora de si de tanta raiva, não desejava bater em um oponente indefeso. Ou, pelo menos, era como ele via aquela pequena figura de cabelos escuros.

— Qual o seu problema!?— Foi o que ele falou, tentando a empurrar para longe da porta. Ele apenas conseguiu a empurrar contra a porta, fazendo com que ela fizesse uma expressão de dor, mas sem abrir a boca para reclamar. Mello sentiu um peso na consciência, mas não deixou isso transparecer.— Me deixa sair agora, "Divum".

— Não, qual o seu problema!?— A garota o empurrou, o que fez com que ele erguesse uma sobrancelha. Sua raiva diminuiu. Bem, por essa ele não esperava. O problema dele não estaria claro o suficiente para ela?— É porque eu sou uma menina, é isso!? Você tem algum problema com isso, chocólatra!?

— Meu Deus do céu, sua imbecil, é claro que não!— Ele bufou, colocando a mão no rosto. Com o canto do olho, ele conseguiu ver que um sorrisinho envergonhado estava surgindo no seu rosto. Será que... ela tinha dito isso na tentativa de fazer com que ele se acalmasse? Era algo estranho, mas conforme o tempo passasse, ele sentia a sua raiva esfriando e se tornando mais amarga. Isso significava que ele estava se acalmando, apesar de ainda estar irritado com ela. Se ela tivesse planejado aquilo, ela tinha pensado bem.— Você vai me deixar sair agora?

— Não até que você me deixe explicar as coisas.— O tom dela era firme, e ela cruzou os braços. Na opinião de Mello, não havia muito o que falar, mas mesmo assim ele suspirou e foi até a cama. Lá ele se sentou, esperando que ela fosse para o seu lado. Primeiro, ela trancou a porta, guardando a chave no bolso de sua calça. Então foi até a janela e a trancou, fechando as cortinas também. Agora se considerava segura para falar. A garota foi até a cama, se sentando ao lado de Mello, apesar de os dois conservarem uma certa distância um do outro. Ela compreendia isso.— Espero que não tenha problemas com histórias longas.

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Era uma vida tranquila, aquela que Ayla Abbott levava em Owslebury, até os seus oito anos de idade.

A família Abbott era uma das mais ricas do lugar, e problemas financeiros não eram coisas comuns entre eles. O sr. William Abbott era um ex-agente do MI6, atualmente conhecido como Secret Intelligence Service ou SIS. Era um homem bondoso, naturalmente inglês, que era pouco aberto com as pessoas que não eram próximas à ele, mas muito gentil e educado com todos igualmente. Já a sra. Louise Abbott, antes Louise Dubois, uma jovem herdeira de grande fortuna de seu falecido pai, um renomado arquiteto francês. Ela tinha uma personalidade forte, e não se deixava domar por nada e nem por ninguém, apesar de sua riqueza vinda do sangue ao invés de por seu próprio esforço. Ela se tornou uma pianista, e ganhou fortuna ela mesma com sua profissão. Louise era a fonte de sustento da família, enquanto seu marido abandonou seu emprego cedo, apesar de adorar o mesmo, por motivos que eram desconhecidos por todos. Seu emprego era, por si só, um segredo. os dois viveram uma vida tranquila e pacífica depois do casamento, em uma relação de respeito e amor mútuo, que acabou por gerar duas crianças. Ciel, o menino dos gêmeos, chegou dois minutos depois da garota, mas sempre foi considerado como o mais velho mesmo assim. O seu nome foi escolhido por Louise, um nome francês, em homenagem ao seu pai. Já a pequena Ayla, que nasceu muito menor que seu irmão mais novo, recebeu seu nome em homenagem à falecida irmã de William. Eles eram amados igualmente.

A criança de Wammy's HouseOnde histórias criam vida. Descubra agora