A criança de Wammy's House

Book One - Caterpillar

As duas crianças corriam pelas ruas de Winchester, à procura de alguma informação sobre o lugar em que queriam chegar. A menina, com um vestido que lembrava o de uma boneca, se desequilibrou e esbarrou em um senhor de idade. O garoto a segurou, e então falou com o homem:

— Nos perdoe, senhor. Minha irmã é uma desastrada.— Ele falou isso enquanto olhava para sua irmã, com desgosto.— Você poderia, por favor, nos dizer aonde fica a delegacia mais próxima?

A garota assentiu com a cabeça, como que para afirmar que precisavam dessa informação. E ela, com uma voz rouca pouco característica de crianças, acrescentou:

— Rápido.

— Sim, quanto antes melhor.— O menino concordou, afagando os cabelos negros de sua irmã, e logo depois pousando a mesma mão em sua cabeça, com o mesmo cabelo negro.— Obrigado por me lembrar, mana.

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Quillsh Wammy tinha acabado de sair de uma loja que vendia vários doces novos, quando uma garotinha esbarrou nele, acompanhada de um garoto idêntico à ela. O garoto estava vestindo uma roupa cara, assim como sua irmã. É claro, eles eram tão parecidos que provavelmente eram gêmeos. Desde a altura, a pele, os olhos, e até mesmo o formato do rosto, eles seriam iguais, se não fosse pelo corte de cabelo e roupas.

O garoto pediu desculpas e lhe perguntou aonde ficava a delegacia mais próxima. Ele parecia agir um tanto quanto maldosamente com sua irmã, mas ela parecia não perceber isso. Ele tinha bagunçado o cabelo dela, mas ela agiu como se ele tivesse lhe fazendo carinho.

Ele se perguntou o que duas crianças desejariam em uma delegacia. Então, ele notou algo na barra do vestido da garota. Estava parcialmente queimado. O sapato do garoto também. Preocupado, ele perguntou:

— Por que? Vocês estavam em um incêndio?— Ao falar isso, as duas crianças arregalaram os olhos simultaneamente. O garoto demorou menos, já a garota continuou com aquela expressão de surpresa por mais tempo.

— Sim, senhor. E acredito eu que nossos pais morreram.— O garoto falou isso com uma frieza e sinceridade completamente diferente do normal. Era quase como se ele não se importasse com isso. A menina concordou, mas seus olhos transmitiam uma tristeza compreensível.

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Quatro meses depois, o garoto estava sentado, olhando para a rua pela janela. Todos souberam do que tinha acontecido: ele e sua irmã tentaram fugir do orfanato, mas os assassinos de seus pais os encontraram e levaram a garota. O menino conseguiu voltar. Muitas pessoas tinham ido até ele para lamentar junto por causa da popularidade que ele conquistou durante seus quatro meses lá, mas logo essas pessoas se afastaram. Fechando seus olhos azuis, ele lembrou dos dois momentos mais dolorosos de sua vida:

"Eu te amo, mana", o garoto tinha dito, escondidos na casa da árvore, vendo a mansão queimar.

"Eu te amo mais do que tudo, irmão", sua irmã respondeu, chorando, enquanto o abraçava.

Foi no aniversário de oito anos deles. Era para ser mais um dia feliz em uma vida boa, quando queimaram a mansão de sua família. E depois, os desgraçados não descansaram até pegarem sua irmã.

"Apresse o passo, mana!" Ele gritou, enquanto eles tentavam correr o mais longe possível. Mas sua irmã tropeçou, caindo no chão. Os dois maiores homens daqueles assassinos a pegaram, enquanto ela tentava se soltar.