Capítulo 1 - O pequeno príncipe

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Não se pode dizer que Noah Müller foi educado pelos seus pais adotivos de forma convencional. Qualquer um, até mesmo aqueles que não possuem grande poder de observação, poderiam afirmar isso apenas notando o modo com que o pequeno príncipe se porta. Não que ele realmente seja um príncipe, mas pela delicadeza e elegância, poderia se passar facilmente por tal.

Elizabeth Müller, sua jovem (e ainda mais elegante) mãe adotiva, é a responsável por tal comportamento. Eliza ensinou desde etiqueta durante as refeições até bons modos em situações extremamente comuns.

E justamente por isso, o jovem Noah, com apenas 17 anos, possui diversas características que derivam de tal comportamento. Ele é pontual, disciplinado, inteligente e possui diversas outras qualidades que fazem com que a família Müller possua uma bela representação. Um verdadeiro orgulho.

Em virtude disso, alguns devem pensar que o carismático Noah possui o ego inflado demais. Errado. Completamente errado. Noah não é exibido, por que isso demonstraria falta de educação. Noah não possui a autoestima mais elevada do que o normal, pois esse seria um excesso desnecessário. Noah não demonstra desconforto diante de elogios, pois isso demonstraria insegurança. E se estivéssemos falando de alguém inseguro, acredite, Noah Müller não seria esse alguém. Em contrapartida, não demonstra afeto demais por receber uma simples aprovação, por que ele está ciente de suas qualidades, e isso não o surpreendente. Noah é, em todos os momentos, perfeito. Até mesmo quando está sozinho e tem liberdade para fazer o que quiser, mantém a compostura. Ninguém jamais pegaria o lindo e delicado jovem Müller tomando água direto no bico da jarra. E a incrível parte de toda essa história, é que o garoto está plenamente satisfeito com a vida que leva. Ele gosta de aparentar ser perfeito. Não, melhor, ele gosta de ser perfeito.

E nada disso está em sua cabeça quando ele acorda exatamente às 4h30min da manhã para a sua corrida matinal. Faz seu alongamento para que não sinta preguiça. Lava seu rosto para tirar as impurezas após uma noite maravilhosa de sono. Aliás, seu rosto está muito bem, obrigado. Nenhuma olheira ou espinha, ou até mesmo manchas na pele. O maldito jovem Müller, como se não bastassem todas as qualidades adquiridas que não se relacionam com a aparência, ainda é, para o ódio e admiração de alguns, extremamente belo fisicamente. Não que ele possua exatamente uma beleza que o diferencia de todos, pois seus olhos são castanhos, seus cabelos são castanho-claros e sua pele caucasiana. Ele possui uma beleza comum, mas que por algum motivo, se destaca.

Sua roupa para corrida, uma bermuda preta, camiseta preta e tênis brancos impecavelmente limpos, estão postos sobre a cômoda, que fica ao lado da sua cama. Ele veste depois de trocar seu pijama, dobrá-lo e guardá-lo na gaveta dos pijamas, em seu guarda-roupa. Nunca esquecendo do celular, portador de celular para o braço e fones de ouvido, companheiros fiéis para uma corrida de exatamente 1 hora.

Sua mãe e seu pai já o esperam com o café da manhã pronto. Cumprimentam-se com um breve, mas alegre "bom dia". Noah sai para correr às 5h.

Enquanto corre, o pequeno príncipe admira o nascer do sol, como todos os dias. Ele não se cansa, por que quando vê aquilo, tira seus fones de ouvido, para em meio à ciclovia e por um breve momento, Noah esquece de quem é, de quem somos e de qualquer outra coisa. Esse é o ponto alto do seu dia.

O sol, imponente e radiante começa a aparecer, como se estivesse dizendo "olhem como eu sou lindo", e Noah concorda com ele. O laranja se mistura com o amarelo, que se mistura com o vermelho, e toda essa mistura é magnífica para qualquer um que a veja. Mas de repente, um ciclista esbarra nele e ainda tem a audácia de gritar "olha por onde você anda, idiota!". Noah olha para o homem para deixar claro que escutou, mas sua face permanece inexpressiva. Em sua mente ele está pensando no quão estupidamente engraçado é aquilo, já que ele estava obviamente parado e no seu lado da ciclovia. Qualquer pessoa gritaria algo extremamente rude em resposta, por saber que encontra-se na posição de razão, mas o jovem Müller não se preocupa com isso. Na verdade, após o babaca virar as costas, ele esboça apenas um pequeno sorriso e continua com sua corrida para que não exceda o tempo de 1 hora.

Agora que você conhece Noah e todas as suas virtudes, imagine alguém um tanto diferente. Não mal-educado ou que não saiba como se portar durante um jantar em família, mas que na maior parte do tempo, não está nem um pouco preocupado com o que qualquer pessoa pense sobre ele. Este é Henry. O lindo e inconsequente Henry. Que apesar de ter apenas 22 anos, já possui uma fortuna de 38 bilhões de reais, herança deixada pelos seus falecidos pais. O fato é que embora possua todo esse dinheiro, Henry não se porta como se realmente o tivesse. Ele não saberia quais talheres usar numa mesa de jantar em que houvessem mais do que as tradicionais facas, colheres e garfos. Ele não se importa em portar-se como se parecesse um príncipe a todo momento, por que ele sabe que não é. Uma pequena facada no coração do nosso pequeno príncipe Noah, se você parar pra pensar. Talvez tudo o que o jovem Müller mais preza no mundo, não tenha a mínima importância para Henry Milles. Mas isso não irá impedi-los de se apaixonarem perdidamente.  

(IM)PERFEITO - Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora