Capítulo 2 - O inconsequente Henry

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Henry Milles é, em sua essência, maravilhoso. Embora não seja exatamente isso o que as outras pessoas veem quando reparam em sua personalidade. Isso por que ele não está preocupado em agradar ninguém. Henry é sincero em qualquer situação, não importa o quão mal-educado você ache isso. Henry não liga se você pensa que ele é um babaca. Porque ele talvez seja. E qual o problema nisso? As pessoas vivem um dia após o outro, preocupadas com a sua imagem e acerca do que os comentários sobre ela irão fazer de você. A questão nisso tudo é que: não importa quem você é, quais são as suas qualidades (ou defeitos); são as pessoas que fazem de você, quem você é. Você é moldado conforme a sociedade quer que você seja. Então, para quê perder tempo procurando aparentar ser perfeito, quando você sabe que não é? Quando você sabe que aqueles que o cercam estarão esperando o mínimo erro seu para que possam usar isso contra você? É assim que o valente Milles pensa. Ele sabe que é imperfeito, sabe que não tem controle sobre sua imagem e, justamente por isso, faz o que bem entende. Os julgamentos não o abalam, por que ele sempre vê nisso o quanto os outros estão desesperados para ser Henry Milles. Não por questão de fama ou imagem, mas para que não tenham medo de ser quem realmente são.

Mas nada disso o afeta, ou o faz perder o sono. E ele acorda maravilhosamente bem, às 14h. Você deve estar pensando que o inconsequente Milles é preguiçoso. Sim, ele é. Mas ele não vê motivos para acordar cedo e trabalhar quando se tem uma pequena fortuna de 38 bilhões de reais. Esse número ecoa em sua cabeça... 38.

Ele esfrega seus olhos, por que é a primeira coisa que faz toda vez que acorda... 38. Ele vai até o banheiro e olha sua aparência no espelho... 38. Suas olheiras não estão tão fortes, mas visíveis... 38. E ele não liga para isso... 38. Na verdade, ele pensa que seus olhos azuis são lindos demais para que os outros vejam apenas suas olheiras... 38. "Que droga... 38 bilhões de reais." É o que ele pensa.

38 bilhões de reais podem comprar tanta coisa, mas não a vida de seus pais. 38 bilhões de reais podem comprar um iate de luxo, se você gostar deles, mas não podem comprar os abraços de sua mãe. 38 bilhões de reais podem comprar uma Lamborghini, se você prefere carros, mas não podem comprar os bons e velhos conselhos do seu pai. E não importa se eles não eram o modelo exemplo de pais a ser seguido, ou se eles estavam ocupados demais para acumular tamanha fortuna. Henry só consegue lembrar do quanto sua mãe era atenciosa quando possível, do quanto o sorriso do seu pai o deixava feliz, do quanto ele se sentia completo em cada jantar em família e do quanto o amor entre eles era mais forte do qualquer outra coisa. Tudo bem, fazem 4 meses que seus pais se foram, ele já deveria ter superado, mas isso é algo que Henry pensa que nunca deixará de afetá-lo, todos os dias de sua vida. Talvez ele precise de uma paixão, afinal. Um grande amor para que possa se distrair dessa dor que o visita todos os dias. Mas é difícil conseguir isso quando as pessoas olham para o seu rosto e no seu olho direito, veem o número 3, e no esquerdo, o número 8. Problemas com pessoas interesseiras. Aliás, ele está tão cansado disso que volta para seu quarto e dá uns tapinhas nada delicados nas costas da... Qual o nome dela, afinal? Enfim, não importa.

- Ei, acorda. Vai embora, eu quero ficar sozinho – doce como um limão. É assim que o lindo Henry age. A garota está tão acostumada com isso, que simplesmente coça os olhos, senta na beirada da cama, ergue seus braços e se espreguiça, veste sua roupa e vai embora. Acho que assim fica difícil saber qual dos dois é pior. Afinal, ela não se sente nem um pouco abalada pelo fato de ser, tecnicamente, expulsa. E ele não se surpreende pelo fato de ela não se abalar. Na verdade, Milles pensa que isso lhe poupou qualquer esforço.

Ele está deitado na cama, apenas de cueca. Qualquer um que tivesse essa visão magnífica se sentiria como Noah olhando para o nascer do sol. Talvez até mesmo o nosso príncipe Müller se sentiria privilegiado por tal visão.

(IM)PERFEITO - Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora