Capítulo 4 - Um dia fora da rotina

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Apesar de ter seus 174 cm de altura, Noah sentia-se pequeno cada vez que se abriam os grandes portões da mansão Müller. Em sua entrada havia a tradicional fonte de água, que deixava os olhos do garoto confuso, por haver tantas saídas, voltas e formatos. Mas isso não fazia com que ele deixasse de admirá-la sempre que podia.

Ele caminhou lentamente até as grandes portas brancas, olhou para trás para ter certeza de quem ninguém estava o observando, então se abaixou e retirou a chave que estava sob o tapete. Irônico, não? Pois é, não era exatamente algo que combinava com o modo da família de se comportar, considerando que aquilo poderia ser um pouco arriscado se descobrissem o segredo.

Mas imagine que você é um ladrão e está se preparando para invadir a fortaleza dos Müller (claro, se você conseguisse passar pelo reconhecimento digital, essa já seria uma grande façanha), quando é que ia imaginar que eles escondem uma chave debaixo do tapete da entrada principal?

Talvez você pense: onde estão os seguranças? Os empregados para receber Noah? Ou até mesmo esteja se perguntando até agora por que a Sra. Elizabeth Müller dirige em vez de contratar um motorista?

Bem, não é novidade que a família de Noah se faz bastante excêntrica quando comparada a outras. Isso por que eles não acreditam que necessitam de pessoas para tarefas tão simples quanto essas. Não são necessários seguranças quando se tem um sistema de reconhecimento digital de última geração. Ou motoristas quando você não se importa em dirigir até a escola de seu filho (nunca esquecendo também que estamos no século XXI, existe o maravilhoso e salvador de vidas, mais conhecido como Uber). Ou empregados 24h por dia quando se pode contratar alguém que faça uma limpeza na casa apenas duas vezes por semana e não invada sua privacidade nos outros cinco dias que lhe restam. A questão é: além de serem extremamente reservados, eles fazem bom uso do dinheiro que tem. Sem excessos, sem escassez. É assim que tudo funciona para a "família real", que de luxos de família real, não tem nada.

Noah se depara com a sala principal e percebe que ela exala fragrância de flores. Quais? Ele não sabe. E para ser sincero, está um pouco curioso para saber. Talvez ele procure essa informação mais tarde com a sua adorada mãe.

O pequeno príncipe sobe as escadas, vai até seu quarto, retira seu uniforme, toma banho e veste uma roupa para um passeio à tarde. Embora não tenha gastado muito tempo preparando-se, está pronto para arrancar suspiros de qualquer um.

Ele não tem certeza do que vai fazer, mas estava pensando em convidar a jovem Emily Praig para algumas partidas de tênis. Se bem que no último jogo ela mostrou-se um pouco exaltada por que Noah não a deixou vencer. Que piada, Noah Müller deixando alguém ganhar dele em uma partida de tênis. Bem, talvez fosse melhor convidar Chad Adams para fazer algo. Ele sempre tinha alguma boa ideia. Mas o jovem analisou um momento e se lembrou da última vez em que se encontraram. O encantador Chad estava, de alguma forma, jogando todo o seu charme para cima do nosso príncipe. Aquilo não o agradou muito, pois embora o lindo garoto fosse, de fato, um belo moço, ele não sabia se era o que realmente queria.

Pensando bem, era melhor fazer algo sozinho. Ele gostava de sua própria companhia, talvez até demais. Por esse motivo não tinha muitos amigos, embora muitas pessoas quisessem ter esta honra.

Mas ele não queria algo como ir ao cinema ou passear pelo parque. Queria definitivamente fazer algo diferente desta vez.

Alguns minutos pensando e procurando pela internet o que fazer, até que o nome de seu pai aparece no visor de seu celular. Noah atende assim que vê.

- Olá, querido. Gostaria de juntar-se a nós para o almoço? Estamos no hotel principal... - seu pai falava calmamente. Mas o intuito daquilo, era ter a oportunidade de conversar com Noah sobre a pequena crise que ele tivera naquele dia. E obviamente, o jovem já detectou que se tratava disso. Apesar de reservados, pode notar-se que os membros da família Müller conhecem muito bem um ao outro.

(IM)PERFEITO - Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora