Prólogo

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Qual o seu maior medo?
Morrer? Se esquecer de quem foi?
Ser esquecido?

O meu maior medo não é composto por fobias supérfluas, não sou digno de sentir medos comuns.
Sinto medo de mim, especificamente da minha mente.
Um homem como eu não teme a morte, tão pouco se importaria de ser esquecido. Existe medo pior, com absoluta certeza existe.

Sou assombrado por memórias sujas e sangrentas, a cada piscar de olhos meu subconsciente envia centenas de imagens de todos que feri, matei ou enterrei. Não, isso não é culpa.
Não me arrependo de ter explodido os miolos de canalhas e drogados ao decorrer da vida, talvez por alguma ironia divina, tenha sido minha boa ação na Terra. Talvez não.
O fato que corrói minha alma-ou que sobrou dela- é saber que fui jogado em um mundo sujo.

No último ano descobri que minha vida foi uma mentira, pintada de sangue por um homem doente. Fui criado para ser invencível, uma máquina. O mais forte, mais ágil e eficiente que qualquer outro.
Ensinado a matar sob inúmeras situações, com todas às armas.

Fui nas últimas três décadas conhecido como o Demônio, o cruel e frio diabo.

Mas isso mudou, deixou de ser minha vida no instante em que achei minha irmã. Jurei à Elizabeth que nunca mais voltaria a ser o homem que ela conheceu, guardaria meus demônios presos no fundo da minha mente, para sempre.

Eu sou Edgar Norris, o cara que você não gostaria de conhecer.

(***)

Um, dois, três.
Soco.
Quatro, cinco, seis.
Chute.

Conto novamente e arremesso o saco de areia para longe. Socar coisas não está sendo tão relaxante quanto achei que seria. Nada está sendo como planejado.

Deixo a academia e sigo em silêncio até a cozinha, o único som do apartamento vêm do meu coração acelerado, silêncio me agrada.
Os raios de sol iniciam sua passagem pela janela de vidro que cobre toda sala, mais uma vez acordei horas antes do amanhecer, faz meses em que eu não durmo bem.

Praguejando baixo percebo que estou sem café, está sendo um inferno trocar o álcool por cafeína.
A menção do líquido fez-me recordar de uma ruiva garçonete da cafeteria à vinte minutos de onde moro.

Chapeuzinho.

A mulher é linda, quente e com rostinho de anjo, combinação fatal para um caçador como eu.
Acho que farei uma visita.

***

Nova Iorque está gelada, a chegada da primavera não tirou a sensação de frio deplorável.
Caminhando entre às pessoas, sou apenas um rosto bonito.

Tenho consciência que sou atraente, modéstia à parte lindo, atrativo e irresistível, o pecado.
Às mulheres que sorriem para mim na rua, não fazem ideia do quão destruidor eu sou.
Não irei destroçar apenas seu coração, essa é a realidade.

Sorrindo como um predador-que sou-entro na cafeteria buscando uma ruiva de lábios rosados totalmente atrativos. Não demorou muito para encontrá-la, Julie estava como sempre atrás do balcão sorrindo.

Os olhos azuis da mulher se moveram até mim, estou nesse mundo a tempo demais para reconhecer um olhar de aprovação. Julie Smith não se enquadra nas mulheres com receios, ela sente e faz o quer.
Minha gostosa chapeuzinho.

Ando até o balcão pescando o cardápio no processo.

-Edgar Norris... O que vai pedir?

Próximo a ela consigo sentir o aroma doce de morangos, a vontade de provar para confirmar o gosto me é tentadora.

-Você nua na minha cama.-respondo direto e Julie sorri-Mas no momento um café forte!

-Estava esperando palavras bonitas antes disso loiro, me decepcionei!-brinca anotando meu pedido-Ouviu?

Porra que sorriso lindo.

-Posso te recompensar com palavras sujas na cama hum?-proponho torcendo para ganhar um sim.

Ela revira os olhos e trás meu pedido, achar uma mulher sexy segurando uma garrafa de café me torna um idiota? Tudo só pode ser convivência com Allan.

-Oi gatinha, o de sempre!

Giro minha cabeça e controlo a vontade de meter uma bala na cabeça do homem com o dobro da minha idade sentado ao meu lado. Ninguém chama minha chapeuzinho de gatinha.

-Bom dia Jhonson!-Smith cumprimenta o velho com um sorriso grande de mais para meu misterioso ciúme.

Não, óbvio que não é ciúmes.
A mulher é só minha próxima foda, amiga da minha irmã e conhecida dos meus amigos. É normal me importar, um novo Edgar se preocupa com o bem estar da ruiva.

Isso!

-Oh menina, meu neto Jason não é o mesmo sem você!-o tal Jhonson diz bebendo o café da xícara.

Puta merda! Quem é Jason?

Fuzilo Julie com o olhar e a diaba finge não ver, eu espero que ela perceba que estou prestes a por uma bala no velhote e no seu neto que por algum motivo se tornou meu inimigo.

-Jason continua meu amigo, você nunca vai desistir não é?-brinca sorrindo.

Pessoas mortas não insistem, sorrio com o pensamento.

-Sempre achei que veria vocês dois construindo uma família menina!

Ah chega dessa palhaçada! Nem por cima do meu cadáver!

-Achou errado velhote!-rosno segurando o impulso de atirar nele-Te vejo mais tarde chapeuzinho!-pisco para ruiva e faço meu caminho para fora do lugar.

A última mulher que me fez sentir assim foi Liza, eu não vou deixar minha ruivinha gostosa fugir. Não mesmo. Eu sou Edgar Norris, não fujo de nada, nem se isso for uma mulher de cabelos cor de fogo e boca provocadora.

Está na hora do lobo mau caçar a chapeuzinho.

EDGAR, espero que tenham gostado do prólogo de "Nas Sombras do Amor".

Esse capítulo ficará aqui enquanto finalizo o livro "Doce Conquista".

Para o entendimento deste livro é necessário a leitura dos livros principais disponíveis no meu perfil e completos.

Obrigada por chegarem até aqui, sem vocês eu não teria conseguido.

Obra exclusivamente e Totalmente feita por mim, desde a capa até a última vírgula.
Plágio é crime, não copie!

Greenelly 2017©

Na Sombra do Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora