-MERDA!
Grito para liberar a frustração contida em mim. Na escola da vida não me canso de levar porrada.
Até mesmo a fechadura do meu apartamento horroroso resolveu brincar de emperra hoje, onde irei encontrar um chaveiro em plena madrugada?Ou melhor, como irei pagar um chaveiro? Cada centavo que ganho naquele café vai direto para minha faculdade e a pouca gorjeta que me resta vão em função do aluguel desse cafofo horroroso, com cheiro de cigarro e lavanda de quinta, nem nas minhas melhores condições poderia dar-me o luxo de gastar.
Tradução, minha vida está deplorável.
Tento novamente de alguma forma abrir a porta mas como sempre, falho. Minhas opções estão entre dormir no corredor fétido ou pedir abrigo para minha nova amiga milionária. Bastarda sortuda, se encontrou com o loiro ciumento.
Bufando por minha falta de sorte retiro o celular da bolsa e gemo em frustração quando o aparelho indica a falta de carga. Será que exista mulher mais azarada que eu?
Ótimo Julie, sem contato, sem abrigo, apenas uns trocados na carteira e um estômago faminto.
Ser adulta é literalmente uma merda fodida. Quando perdi meus pais aos dezessete anos achei que estava na pior, mas o inferno começou depois, dívidas, hipoteca, mais dívidas e agora estou eu, oito anos depois trabalhando de garçonete para pagar minha faculdade de psicologia.Como eu disse, uma merda fodida.
Saio para noite fria e sem lua de Nova Iorque, mesmo nos primórdios da madrugada pessoas circulam em seus próprios problemas, absorvidas em seus mundos e ignorando tudo ao redor.
Sigo andando sem rumo pelos quarteirões, o que antes era prédios desgrenhados a paisagem mudou para arranha céus que exibiam o luxo e poder. Não duvido que o jardim frontal dessas construções equivalem à um ano do meu salário ou mais.Serpenteio pela calçada sem prestar atenção em nada até que choco de frente com um muro e antes de cair ao chão, mãos fortes me seguram.
Ridiculamente clichê.-Olha pra onde anda!-rosno retomando a minha postura.
-Chapeuzinho.
Oh.
Levanto o olhar e ofego. Verde é a cor mais quente, porra sim, verde é a maldita cor mais sexy. Edgar está parado em minha frente com seu olhar cintilando o tom esverdeado mais lindo que já vi.
Melhor, a cor de olhos mais perfeita que existe. Olhos de um predador. Quanto tempo fiquei hipnotizada que perdi o momento em que ele começou a sorrir.Filho da puta lindo com covinhas, ele mal sorriu e fiz da minha calcinha um lago. Não que ele precise saber disso, óbvio.
-Edgar.-saboreio seu nome.
Gostaria de saborear não só o seu nome.
Ok foco Julie, não vá por esse caminho, o homem em sua frente é um excelentíssimo filho de uma cadela que sorri para você e o restante da população feminina, ele destruiu qualquer vínculo com novos amigos no casamento de Jade sendo um grosso e perigosamente ameaçador.
Norris avalia meu corpo sem a menor discrição e amplia o sorriso.
-O que faz andando sozinha essa hora? Não disseram que pode ser perigoso?
Por que tenho a sensação de que ele é o perigo.
-Estou tomando um ar, o que você faz andando sozinho?-questiono.
Não tive tempo para apreciar a visão do paraíso de Edgar vestido um terno. Minha boca saliva com o desejo de beijar toda a pele exposta do pescoço até às mãos.
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Na Sombra do Amor
RomanceLivro 5 (4) Sangue e fúria compõe o passado sombrio e sujo de Edgar. Sua história não é um conto de fadas e tão pouco terá um final feliz. Lindo como um anjo. Perigoso como um demônio. Por décadas foi o próprio diabo para aqueles que íam contra s...