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Cara, é impressionante isso, mas eu não te suporto mais. Você se tornou alguém tão irrelevante pra mim, que eu nem me presto mais a querer ficar. Em todo o tempo em que estivemos juntos, eu nunca soube, realmente, o que tu sentia por mim. Tu não teve coragem pra bancar o que sentia, e ficava nessa de não saber o que quer. Já eu, sempre fui verdadeira com você, nunca escondi meus sentimentos, mesmo quando te doá-los me doía tanto — essa dor vinha essencialmente por eu saber que eles não eram correspondidos. Com o passar do tempo, eu comecei a esquecer os detalhes do seu rosto. Te ver me causava repulsa; tuas mãos em mim não me causavam mais aqueles calafrios do início do nosso namoro. Elas eram pesadas e já não eram mais o que eu queria tocar em você — na realidade, se eu pudesse não te tocar, era ótimo.

Agora o que causou isso, se eu te amava tanto?

Talvez tenha sido por aquela vez em que, em uma de nossas discussões, você me chamou de paranoica e exigiu que eu calasse a boca, me xingando; ou também aquela outra vez em que você me proibiu de sair com um dos meus amigos por conta de sua insegurança; eu também lembro de quando você me fazia sentir-me culpada por toda briga que tínhamos, e eu chorava e me sentia mal, por você ser a vítima; ou das tantas e tantas vezes em que você achou ruim eu querer sair com uma saia curta e com decote, ou de short. O que tínhamos não era amor, não. Amor não proíbe. Amar não é domínio. Amor não é o que você fingia comigo na cama. Amor é algo que nós nunca tivemos, pois sempre fomos corrompidos. Eu, por me tornar um tipo de esteriótipo por você. E você, por ocupar o papel de "príncipe" que nunca te pertenceu.

Consegue ver, agora, os motivos que me fizeram saturar?

Não é que eu não te ame mais. Infelizmente, eu amo. É só que houve um desgaste muito antes de haver qualquer tipo de amor entre nós. Eu não vou mais insistir na gente, pois até que ponto eu consigo mergulhar e voltar para a superfície sem me afogar? Não acha que está doendo em mim te falar que não te quero mais? Tu me alienou tão bem... me ensinou a te querer, e hoje eu não tenho certeza se conseguirei me tornar analfabeta; se conseguirei me dar um reset pra voltar a amar de novo. Eu fico pensando que verei você em todos os homens que aparecer — não a sua versão amorosa (que existiu nas primeiras semanas), mas a sua versão bruta, sua versão homem-feito, sua versão machista, cafajeste, indecente, frustrado e indeciso.

Engraçado como as coisas acabam, né? Acho que no fundo eu sempre soube que não daria certo, mas você me conhece bem, eu precisava arriscar. Bem, quebrei a cara. Acontece. Agora só me resta respirar fundo, e torcer para que no meu próximo relacionamento eu não seja aquela que partirá por sentir tão pouco. Até me imagino terminando com meu próximo "grande-erro", do jeito: "sinto muito por sentir tão pouco, mas sentir demais me destruiu um dia".

Mas esperarei pelos próximos dias...

Escrito por Emanuel Hallef

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