Pai? 《 14 》

7.1K 501 13
                                    

Júlia

Eu estava asfixiando com a palavra presa em minha garganta, de repente minha estupidez me fez mal e não conseguia entender porque eu não liguei um ponto ao outro, primeiro ele era chefe de uma máfia, segundo o nome Júlio César, e terceiro ele era Venezuelano esses eram motivos suficientes para eu entender de quem se tratava. Meu pai.

- Júlia! - ele falou de repente animado talvez um pouco surpreso.

- Você se conhecem? - Christopher perguntou claramente confuso com toda essa situação.

- Júlia minha filha! - ele falou novamente vindo até mim.

- Ele é seu pai? - Christopher perguntou perplexo.

- Me de um abraço! - ele falou com os braços abertos.

- Não! Não! Não! - minha cabeça doía e girava, eu estava ficando tonta e precisava de um apoio urgentemente.

- Calma! - Christopher estava ao meu lado me confortando.

As imagens de minha mãe chorando quando ele nos deixou encheram minha memória me fazendo tremer, eu me lembrava claramente da minha mãe com um copo de uísque na mão gritando o nome dele durante um de seus ataques, eu tinha apenas três anos mas me lembrava claramente de tudo o que minha mãe passou, um trauma que ficou em minha memória.

- Júlia! - Christopher chamou meu nome.

- Júlia? Sou eu minha filha, você está tão linda! - ele falou vindo na minha direção.

- Saia! Não encoste em mim...- eu estava tremendo a raiva que eu sempre guardei dele vindo a tona nesse momento.

- Júlia! - Christopher gritou meu nome e eu o olhei confusa.

- Tudo bem Clark! - o homem que se dizia meu pai falou.

- Porque? Porque largou ela? - as lágrimas caíram contra minha vontade.

- Eu fiz isso pra proteger vocês! - ele falou e isso não fez minha raiva diminuir.

- Proteger? Proteger de que? - perguntei e só aí notei que só eu Christopher e ele estávamos na sala.

- Eu vou te contar tudo mas eu preciso que você se acalme! - ele falou indo se sentar em sua cadeira.

Christopher me puxou até as cadeiras a frente de sua mesa e nos sentamos ali, Christopher ainda com um braço ao redor da minha cintura me deixava mais confortável.

- Você já pode me contar tudo! - minha voz estava fraca um pouco rouca.

- Quando eu conheci sua mãe eu já era chefe da máfia Venezuelana, e como toda máfia eu tinha inimigos que queriam vingança de mim por causa de guerras de máfias, quando descobri que sua mãe estava grávida de você foi o dia mais feliz da minha vida e no dia em que você nasceu foi ainda melhor, mas então eu recebi uma carta... - ele parou pra me encarar.

- Uma carta... - eu incentivei.

- Uma carta de uma outra máfia, a máfia Peruana dizendo que iam me matar e quem estivessem comigo, minha única opção era ir embora, não pense que foi fácil pra mim mas foi necessário era a única forma de manter você e sua mãe a salva. - ele estava realmente falando a verdade dava pra ver em seu olhar mas mesmo assim...

- Mas você está vivo! - eu apontei duramente.

- Bom... Quando eu... deixei... vocês eu vim pra Venezuela onde meu poder de fogo era maior e quando ele veio atrás de mim eu estava preparado pra eles. - ele explicou pensativo com um meio sorriso.

- E depois? Porque não voltou? - eu perguntei duvidosa.

- Eu voltei, mas não encontrei nem pista de você e da sua mãe... Oh Júlia... - ele asfixiou - Deus é testemunha do quanto eu procurei por vocês! - ele falou com a voz ressentida.

- Nós estávamos no México! - falei me sentindo culpada.

Eu me sentia culpada por todos esses anos odiando ele achando que ele havia me largado, mas não ele estava apenas me protegendo, ele se levantou e veio até mim me dando um abraço que agora eu aceitei o abraçando de volta.

- Me perdoe! - ele suplicou em meu ouvido.

- Claro que perdoou... pai!- falei o abraçando apertado.

- Eu estou surpreso! - Christopher falou ao meu lado e só então eu lembrei que ele ainda estava ali.

- Com o que meu filho! - meu pai, ainda era estranho falar isso, falou me soltando.

- Eu a trouxe aqui para uma coisa e acabei promovendo um reencontro de pai e filha! - ele falou e eu sorri.

- E o que vocês querem aqui? - ele perguntou olhando de mim pra Christopher.

- Precisamos da sua ajuda! - Christopher falou - Tem uma máfia atrás da Júlia! - meu pai olhou pra mim.

- Me conte mas sobre isso! - agora ele  falava não como meu pai mas sim como um chefe da máfia.

Eu e Christopher contamos toda a história da minha vida até os últimos acontecimentos pro meu pai que ouvia tudo com uma expressão que estava bem furiosa.

- Quem esse filho de uma puta pensa que é pra tocar em você? - ele falou batendo na mesa.

- Júlio se acalme! - Christopher falou o olhando.

- Como vou me acalmar sabendo que um desgraçado desse fazia com minha filha? - ele estava vermelho e isso me preocupava.

- Porque precisamos de sua ajuda pra bolar um plano e acabar com essa máfia! - Christopher falou e meu pai se acalmou.

Nesse momento minha ficha caiu e eu percebi que minha vida estava de cabeça pra baixo, de uma hora pra outra eu estava em Miami e quando menos esperava meu passado voltou me dando um tapa na cara e trazendo pessoas como meu pai se volta, eu fiquei paralisada olhando pra um ponto qualquer enquanto tentava organizar essa enchente de coisas que caia na minha cabeça.

- Júlia? ... Júlia? - Christopher falava e me sacudia.

- Huh? - foi minha resposta ao seu chamado.

- Você ta bem? - ele parecia preocupado.

- Sim?! - foi mas uma pergunta do que uma resposta.

Minha visão ainda estava desfocada e eu ainda estava olhando pro nada, senti ele me sacudiu e eu o olhei desnorteada sem nem ao menos notar que estava olhando pro rosto dele.

- Você quer ir dormir? - ele perguntou me encarando.

- Eu acho que sim - falei forçando minha visão a se focar.

-  Vou leva ela pra um dos quartos! - Christopher falou pro meu pai.

- Ramon! Leve eles até a suíte 8 e os ajude em tudo que for necessário - ouvi um homem falar "sim senhor".

Eu ainda estava olhando pra Christopher quando ele me forçou a levantar e me levou até a porta, viramos pra esquerda assim que saímos da sala ele me levou até um quarto bem espaçoso.

- Quer tomar um banho? - perguntou quando me sentei na cama.

- Sim! - falei o olhando.

- Então faz assim! Toma um banho e enquanto isso eu arrumo algo pra comermos. Tá bom? - ele falou e eu assenti.

Ele saiu em direção a porta e eu me joguei na cama passando e repassando tudo o que aconteceu hoje em minha cabeça acabei dormindo.

Meu Querido ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora