Capítulo 10

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Eu bato a porta e o sigo até a cozinha, parando na porta, confusa, enquanto o observo tirar várias coisas das sacolas.

É a cena mais bizarra do mundo. Gabriel Collins no alto de toda sua perfeição, mexendo em mantimentos na minha cozinha.

E eu não consigo parar de sorrir.

– Como é?

– Você está doente e precisa de cuidados.

Eu reviro os olhos.

– Não estou doente! Estou grávida.

– Sim e por isto está sofrendo de enjoos que te deixam péssima.

– Tentarei não ficar irritada por estar criticando minha aparência, porque depois de dias vomitando e mal comendo, devo estar mesmo horrorosa.

– Não disse que está horrorosa. – ele me lança um olhar divertido. – Está apenas com cara de quem vomitou o dia inteiro e não está comendo direito.

– Obviamente uma coisa está ligada à outra.

– Você precisa comer.

Eu faço uma careta.

– Eu tento, mas meu estômago não está colaborando.

– Eu vou fazer você comer.

– Espero que não se importe se eu vomitar em cima de você.

– Não me importo.

– Não sabia que fazia o estilo enfermeiro.

Ele sorri enquanto mexe em minhas panelas.

– Eu tenho muitas habilidades que desconhece, Amelia Edwards.

E por alguns segundos eu fico me perguntando se ele estaria fazendo um comentário com duplo sentido, mas eu corto este pensamento rapidamente. Obviamente que não! Minha cabeça enevoada que devia estar inventando coisas sem sentido.

Eu cruzo os braços, observando Gabriel Collins com sua desconhecida habilidade dentro da minha humilde cozinha.

– Está falando mesmo sério? Vai fazer comida?

– Milly, por que não vai sentar? Parece que vai cair a qualquer momento. – ele pede como se falasse com uma criança teimosa.

– Eu lembro que você era rápido em me ajudar.

– Não seja teimosa.

– Isto é tão esquisito. – murmuro quase para mim mesma. – Sabe que não precisa fazer isto, não é? – indago baixinho.

E ele me lança um olhar sério agora.

– Eu sei. Mas eu quero fazer.

Eu mordo os lábios, desviando o olhar e finalmente me afastando para a sala, e me sento no sofá novamente.

Dali eu consigo ver Gabriel se movimentando na minha cozinha e sorrio.

Não posso negar que é extremamente fofo vê-lo ali, apesar de inusitado.

E eu também não posso negar que eu estou apreciando. Muito.

Uma parte sensata em minha cabeça questiona a estranheza daquela situação. Gabriel Collins está ali, a poucos metros na minha cozinha, preparando meu jantar. Cuidando de mim. Ou melhor, cuidado da pessoa que está carregando seu bebê, me corrijo.

Ele não está ali por mim, está ali pelo bebê.

De repente eu me pergunto se a esposa dele sabe que ele está ali, cuidando da mulher que alugou a barriga para eles. Este pensamento me deixa incomodada.

Por um sonho -DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora