A garotinha dos olhos verdes

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O céu estava negro encoberto por nuvens escuras, a qualquer momento a tempestade iria começar. Raios e trovões  cortavam a escuridão a cada segundo iluminando a paisagem florestal e agora deserta graças a tempestade que viria. Havia apenas uma boiada a beira da floresta pareciam alheias a tempestade que viria a seguir.
Tão logo, um relâmpago iluminou o céu, pássaros levantaram vôo aos montes de seus esconderijos. Voando para longe da floresta fazendo grande barulho como se estivessem soando algum alarme para os outros animais. No mesmo instante a boiada começou a correr, indo para longe na direção oposta a floresta;  um grande perigo se aproximava.
As primeiras gotas de chuva começaram a cair, o cheiro de terra molhada encheu o ar e em poucos minutos pegadas molhadas surgiram no solo irregular da floresta em meio a raízes,  terra e folhas.
A jovem aparentava ter entre vinte e vinte cinco anos, seus cabelos longos e loiros vibrantes agora se apagavam conforme a chuva os molhava grudando os no seu rosto e costas.  Seu corpo esguio ia rápido pela floresta, rápido demais. Uma capa preta envolvia seu corpo seus braços pareciam trazer encoberto e protegido da chuva algo precioso.
Em nenhum momento ela ousava olhar para trás, por muito pouco havia conseguido escapar com vida. Já fazia anos incontáveis que estava sendo perseguida e dessa vez chegaram muito perto... todo tempo que havia esperado... mais agora estava mais perto de seu objetivo. Logo deixaria seu prêmio a salvo sabia que havia planejado tudo minuciosamente, talvez já tivesse a salvo pois assim que entrara na floresta pode sentir o escudo em sua aura. Também em alguns minutos poderia arquear suas asas novamente. Estavam doloridas e machucadas mais logo estariam saradas  só assim conseguiria fugir
depois de cumprir sua tarefa.
O medo a fazia de relance ver vultos prateados pela floresta, ela acelerou a corrida e poucos minutos depois saindo da mata pode ver a casa. Era uma grande casa de Fazenda, branca e azul com uma varanda contornando toda ela. Uma cerca viva a ladeava até a entrada de carros e o quintal era imenso cheio de flores e árvores. Em outro momento seria aconchegante olhar para aquele casarão, não  havia mudado nada desde a última vez, só que agora tinha pressa e precisava correr. Enquanto corria pelo campo aberto se viu desprotegida e o vento e a chuva começaram a afligi la. A jovem temeu pelo seu precioso embrulho era tão frágil, o apertou mais contra seu peito depositou toda esperança nele.
Quando finalmente cruzou os portões da fazenda alguém já a esperava na porta. A jovem não pode deixar de se apiedar do misto de emoções que passou pelo rosto de seu anfitrião. Amor, paixão, decepção, frustação e então resignação.
-Tem quatro alados atrás de você -disse a meia voz - logo irão  transpassar minha barreira. O que você fez?
Ela não podia exitar  presisava correr.
- Presiso da sua ajuda. -disse com a voz firme.
Os olhos dele se estreitaram, mais mesmo depois de tanto tempo ainda sentia algo por aquela mulher.
- Eu pedi que ficasse longe de mim. Depois de tudo que ouve como tem coragem? E ainda parece ter trazido problemas. - ela pode sentir tristeza por tras de suas palavras.
A jovem observou o homem, ele não iria ceder tão facilmente.
-Se não se importa comigo então não faça por mim. Faça por ela. -disse finalmente revelando o que trazia protegida por baixo da capa.
Envolta por um cobertor grosso branco,  apesar de aparentar estar muito castigado e sujo,  um pequeno rosto arredondado e delicado olhou fixamente para o homem. Seus olhos eram tão verdes quanto poderia se imaginar, pareciam tão espertos e tão infantis ao mesmo tempo.  Um leve sorriso brotou nos  lábios da bebê.
-Mas o que significa isso? -perguntou atordoado. 
-Ela é nossa. Quando parti descobri que estava grávida mais fiquei com medo de você querer tira la de mim. -confessou.
O homem olhou para a pequena que ainda o encarava. Um sorrizo brotou em seus lábios ao contempla la.
-Tem certeza que ela é minha? - disse como se quisesse que a resposta fosse positiva.
-Claro -respondeu com rispidez a jovem. -  eu.....
-Mas o que você fez com ela? - interrompeu ele irado preocupado de repente, movendo se para perto olhando para a bebê.
- Os olhos dela brilharam, uma cor prateada. Agora que estou perto posso sentir um grande poder vindo dessa criança. 
- Eu não tenho tempo para explicações - disse empurrando a pequena para o homem, que sem
jeito a pegou  aconchegando a em seu peito.
- O que vai fazer? Não pode me deixar com ela assim sem me explicar nada.
- É tarde de mais,  eles já estão perto. Devo partir. Cuide dela. - disse já se afastando sem nem ao menos se despedir da criança. Ela arqueou as asas agora já podia voar novamente. Olhou para trás sentiu alívio, sabia que ele cuidaria dela. Ele era tão gentil e bondoso afinal. - Estão atrás dela também - revelou sombria.
No instante seguinte em meio a um relâmpago levantou vôo. Sumindo em seguida pela escuridão do céu chuvoso. Sua missão estava completa afinal.

O homem levou a pequena dos olhos verdes para dentro, mal sabia pelo que a pobre garotinha já havia passado. Já sentia imenso amor pela criaturinha em seus braços. Era sua. Sua garotinha. Sua filha. Iria protegela de tudo e de todos. Principalmente de sua própria mãe. Ela não era digna de confiança. Tirou as frutas do cesto que estava em cima da mesa e depositou com cuidado a menina. Teria visitas em breve,  já estavam chegando e se a jovem não mentiu estariam atrás de sua filha também. A pequena agarrou seu dedo indicador com sua pequena mãozinha. E no instante seguinte fechou os olhos e adormeceu, mesmo com todo o barulho que a tempestade fazia. Não parecia ter medo. Estava tranquila. Em paz.
Devagar ele se libertou de sua mãozinha,  certificou se que ela estava bem coberta e saiu porta afora Assim que pôs os pés na varanda pode sentir a presença deles. Quatro seres alados pousavam em seu gramado. Pareciam grandes e fortes. Sua aparência era como a de um humano qualquer, embora estivesem trajados com armadura e suas asas evidentemente estavam a mostra,com seus olhos apurados mesmo na escuridão podia ver as marcas de seus visitantes, eram cicatrizes consequentes de suas missões, sabia que eram anjos caçadores,  suas auras emanavam poder e autoridade. Eram criaturas divinas e tinham uma missão a cumprir.
- Estamos atrás de uma importante fugitiva - disse o mais altivo deles dando um passo a frente - Ela é uma traidora e assim que a detivermos será punida adequadamente. Agora me entregue a criança. Ela é nosso problema.
O homem não demostrou medo algum. Acolhido da chuva debaixo de sua varanda deu um passo a frente pigarreou alto para que pudesse ser bem ouvido em meio aos sons da tempestade.
- Não estariam aqui na minha presença agora se assim eu não desejasse, então meus amigos vamos conversar.

Amaldiçoada: O Poder Dos Selos_A Jornada de Eli Onde histórias criam vida. Descubra agora