MIA
Elijah sorriu, sua expressão se iluminou com a possibilidade de uma dança particular. Ele se inclinou para mais perto, e eu me deixei levar pela adrenalina da situação, alimentando meu plano de fuga.
— Onde podemos fazer isso? — perguntei, olhando para Vittorio, desafiando-o silenciosamente. Era uma forma de cortar as amarras que ele tentava me impor, um ato de rebeldia que alimentava meu desejo de vingança.
Vittorio hesitou, avaliando a cena diante dele. Sabia que, ao me deixar ir, ele estava permitindo que eu me aproximasse do perigo. Em um lugar como aquele, a liberdade tinha um preço, e eu estava disposta a pagá-lo, mesmo que isso significasse flertar com o abismo.
— No andar de cima — ele finalmente disse, a voz baixa, mas firme. — Não se esqueça de quem você é, Mia.
Aquelas palavras ecoaram em minha mente, mas, em vez de me intimidar, me motivaram. Eu não era mais a mesma garota que ele conheceu. Compreendi que, naquele mundo, você ou era a presa ou o predador. E eu não me permitia mais ser uma presa. Essa nova persona que eu vestia me fazia sentir poderosa, e eu estava determinada a usá-la a meu favor.
— Vamos — disse para Elijah, puxando-o pela mão.
Enquanto subíamos a escada, o som da música se tornava mais distante, quase como um eco distante, refletindo a turbulência de emoções que se aglomeravam dentro de mim: excitação pelo momento e medo do que poderia acontecer a seguir.
Assim que chegamos a um pequeno quarto decorado com luzes suaves e móveis desgastados, tranquei a porta discretamente. Aproveitei aquele momento para observar o lugar com atenção. As janelas estavam fechadas, mas não eram impossíveis de abrir. Havia um duto de ventilação grande o suficiente para eu me enfiar ali.
Respirei fundo, começando a elaborar um plano na minha mente. Elijah começou a se mover, aproximando-se de mim com uma intenção clara. Mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, me virei, encostando-me à parede, com um sorriso sedutor nos lábios.
— Estou ansioso para dançar com você — disse Elijah, inclinando-se para mim.
Peguei o controle na mesinha gasta do quarto e escolhi uma música para dançarmos. Quando ela começou a tocar, suas batidas envolventes pareciam entrelaçar nossas energias, criando uma atmosfera eletrizante.
Sorrindo para Elijah, deixei meu olhar o capturar, mas, por dentro, um fogo aceso queimava intensamente. Enquanto ele dançava comigo, suas mãos firmes em minha cintura, eu sabia que estava dando os primeiros passos em direção à minha vingança contra Vittorio.
Os movimentos fluidos e sensuais da dança se tornaram uma extensão de mim mesma. Com cada passo, eu me deixava levar pela música, destacando cada curva do meu corpo. Nossos olhares se cruzavam, e eu via um misto de fascínio e desejo no rosto de Elijah.
Então, em um momento de pura provocação, me afastei levemente, deslizando para longe dele, apenas para dar um passo à frente novamente. Ele sorriu, intrigado, enquanto eu me movia com a confiança recém-descoberta de uma femme fatale. Meus quadris giraram lentamente, uma promessa silenciosa, enquanto me permitia ser o centro das atenções, ciente do poder que tinha.
Com um impulso, agarrei sua gravata e o empurrei suavemente para a poltrona, um sorriso gélido surgindo em meu rosto.
— O que acha de uma bebida? — perguntei.
Elijah assentiu, desabotoando rapidamente o cinto e a calça. Virei-me em direção ao frigobar e abri a pequena portinha. Notei uma garrafa de champanhe ali, aguardando para ser usada, além de um abridor. Assim que abri a garrafa, escondi o abridor no cós da cinta liga que estava sob o tecido da saia.
Caminhei a passos lentos, como uma felina, e sentei-me no colo de Elijah.
— Que tal você beber o champanhe no meu corpo? — perguntei, provocativa.
Elijah sorriu, concordando com um brilho de desejo nos olhos, mas meu estômago se revirou ao sentir seus dedos deslizando pela alça do meu top, puxando-a pelo meu ombro. Uma repulsa invadiu meu corpo; era como se a presença dele fosse uma mancha em minha pele, um lembrete de que, por mais sedutora que a cena parecesse, eu ainda estava presa em uma teia que precisava cortar.
Sem pensar duas vezes, retirei o abridor escondido no cós da minha cinta liga, o metal frio se encaixando perfeitamente em minha mão. A adrenalina pulsava em minhas veias, e antes que os beijos de Elijah se aprofundassem em uma área que ninguém jamais havia tocado, enfiei a lâmina com toda a força que possuía, canalizando o ódio que ardia dentro de mim, direto na jugular dele.
O tempo pareceu parar.
O sorriso no rosto de Elijah se desfez, dando lugar a uma expressão de surpresa. Seus olhos se arregalaram enquanto a lâmina cortava a pele, um jato de sangue quente espirrando em meu rosto, como se o universo estivesse validando minha raiva.
— Você... — ele gaguejou, a voz se tornando um sussurro, enquanto suas mãos instintivamente se fechavam ao redor da ferida, tentando conter o fluxo.
O pânico começou a se instalar em seus olhos, e a cena ao nosso redor se transformou em um borrão. A música pulsava como um coração acelerado, mas agora soava distante, eclipsada pela batida do meu próprio coração, que parecia querer escapar do meu peito.
A realidade me atingiu com força: eu machucara alguém. Com um impulso frenético, deixei o abridor enterrado em sua pele, me desvencilhando de seu colo e recuando lentamente. Elijah tentava ir atrás de mim, mas suas pernas falharam, e ele caiu ao chão, sua expressão de incredulidade se transformando em desespero. O sangue escorria entre seus dedos, e o horror da situação me envolvia como um manto sufocante.
Meu estômago se revirou, uma onda de náusea dominando meu corpo. Nunca imaginei que conseguiria fazer algo assim. Nunca pensei que seria responsável pelo fim da vida de alguém.
Percebi que, lentamente, a vida se esvaía do corpo de Elijah. O que eu havia feito me seguiria como uma sombra, prenunciando um futuro sombrio que eu não estava pronta para encarar.
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Envolvida Pelo Diabo Da Máfia
Storie d'amoreVittorio Moretti não era o mocinho dos contos de fadas. Ele não era gentil, muito menos alguém que oferecia carinho sem uma segunda intenção. Para Vittorio, as mulheres tinham um único propósito, e certamente não era o de conquistar seu coração. Cri...