Capítulo 3 - Bem vinda!

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  Alice estava no banco do passageiro do automóvel e tentava adivinhar qual destino esperava-os.

  — O que era aquilo ao redor de nossas casas? Como o fez? — a curiosidade devorava suas entranhas.

  — Você não acreditaria se eu contasse — respondeu, sério.

  — Prometo tentar — insistiu a garota.

  Leonardo fez uma curva à esquerda com o carro antes de continuar.

  — Eram barreiras mágicas para proteção.

  Ele estava certo: ela realmente não acreditara. Encarou a amiga e gargalhou, para em seguida tornar a atenção ao trânsito.

  — Acredito, sim — mentiu.

  — Ally, sei que você só disse isso para eu contar o que quer saber. Não acreditou em uma palavra do que eu disse.

  A garota pressionou o botão da porta, a janela abriu-se com um rápido deslizar de vidro, e ela cruzou os braços, encarando o reflexo do retrovisor. Sorriu ao ver como o presente ornamentava seu pescoço, mas o brilho de seus olhos esvaiu-se assim que notou, pela imagem, que além de sua mochila, a mala de Leo repousava no banco traseiro. Era uma viagem definitiva. Ansiosa, esperava que tudo não passasse de um trote de aniversário, pois era algo que o amigo adoraria fazer.

  — Tudo bem, posso dizer para onde vamos — rendeu-se o rapaz.

  Um sorriso redesenhou-se no rosto de Alice, que voltou-se para aquele, eufórica. Ela esperou a explicação. Talvez uma viagem surpresa?

  — Vamos à Pampulha.

  Alice espantou-se. Ambos moravam nos limites entre Belo Horizonte e Nova Lima, e pelo que a garota sabia, a Pampulha ficava na outra ponta da capital.

  — Fica tranquila, conheço um atalho — piscou para a passageira, desviando rapidamente o olhar da rodovia — Não quer saber o motivo de irmos tão longe? — ela fez que sim — Vamos descobrir quem sequestrou minha mãe. E proteger você.

  Alice juraria que os olhos de Leo clarearam por um segundo. Continuava confusa, mas sabia que era o máximo de informações que conseguiria.

  Ambos permaneceram em silêncio, até que a adolescente, exausta, adormeceu, e para sua felicidade, não sonhou. Acordou cerca de meia hora depois, enquanto Leo passava por um parque de diversões. Os gritos vindos dos brinquedos eram tão altos que podiam ser ouvidos no interior do carro em movimento, mesmo que longínquos.

  — Onde...?

  Leonardo sorriu.

  — Bem, estamos na orla da lagoa, e aquela belezura ali é o parque Guanabara.

  A garota admirou as luzes de uma grande torre no centro de diversões refletirem na lagoa artificial que, por consequência do esgoto que recolhia, era inóspita e fedida, apesar de que capivaras eram frequentemente vistas na área.

  Leo estacionou nos arredores de uma praça com escadas largas que davam para algo semelhante à um altar e, após puxar o freio de mão, dirigiu-se ao topo, passando por bancos de mármore, esticou os braços e sussurrou palavras que definitivamente não eram portuguesas.

  — Leo, você está me assustando! Pare com isto! — gritou, desesperada.

  O rapaz observou-a compenetradamente, o chão tremeu quase imperceptivelmente e os anjos no topo das pilastras erguiam Lua e Sol, cada qual com seu astro levantado ao céu, como se os entregassem a alguém.

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