Capítulo 1

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-"Já se passaram duas semanas depois daquele pequeno incidente"

Suspiro.

Olho para o céu que minutos antes estava ensolarado dando agora lugar para nuvens escuras e espessas.

-"Que droga!! Só pode estar brincando, não vai começar a chuva justo agora, vai?"

Enfio o livro debaixo da blusa, ando mais um pouco, mas paro perto da travessia, o semáforo está aberto para os carros.

-"Aonde será que está aquele desgraçado neste momento? Provavelmente destruindo algum livro por aí ou fazendo mulheres inocentes enlouquecer com aqueles olhos."

Suspiro.

-" Claro já vi muitos homens bonitos na vida, porém...sei lá... eles pareciam tão falsos, meio que irreais, nem se comparava com os que são descritos nos livros de romances, mas aquele cara era diferente...como se tivesse saído de um."

Balanço a cabeça.

-"Não...não, por que estou elogiando um destruidor de sonhos? Aquele livro era o meu sonho de consumo, porcaria!! Sabe por quanta coisa passei para finalmente ter ele? Nem mesmo cheguei a o ler."

Bufo.

-"Tinha acabado de o comprar, estava tudo indo tão bem, até mesmo tive a oportunidade de ficar perto de um homem que parecia ter saído de um livro"

Seco uma lágrima imaginária.

-"Deveria ter imaginado, quando a esmola é grande o santo desconfia."

Faço bico.

-"Espera um minuto... estou esquecendo alguma coisa"

Passo as mãos no cabelo.

-"Droga!!! O semáforo"

Olho instantaneamente para cima, o sinal está vermelho então ando o mais rápido que posso.

Por alguns segundos o tempo pareceu parar, através dos meus olhos as pequenas gotas de chuva caíam tão lentamente, não é irônico nos momentos finais da minha vida só consigo pensar em mãos grandes e fortes rasgando meu livro, queria ter tido mais tempo, pelo menos para dizer a ele o quanto o odeio.

O carro freia bruscamente, mal chegou a encostar em mim, no susto me desequilibro e caio no chão.

-Você está bem?

-Por acaso você tem olhos para que?

Falo me levantando.

-Já sei para enfeites, pois não olha por onde anda.

-Você que entrou na frente do carro quando o sinal estava aberto, por acaso seus pais não te ensinaram sobre as regras de trânsito!?

-"Essa voz me é familiar"

Fico de frente para o meu suposto assassino.

-"Tinha que ser!" Você não se contentou com apenas estragar meu livro, mas também queria me atropelar? Você é inacreditável!

Sorrio irônica.

-Você entra na frente do meu carro igual uma maluca e eu sou o culpado?

-Não me venha com teatro mocinho, a sua longa lista de crimes parece não ter fim.

-"Desculpa, mamãe!" Por acaso é isso que eu deveria dizer?

Escuto sons de buzinas vindo de trás do seu carro.

-Entra no carro.

Ele já estava do lado do carro quando disse isso.

-Por que devo entrar em seu carro?

O desafio.

-Se você não quiser molhar esse livro sugiro que entre no carro, apesar de não fazer muita diferença para mim, já que não estou segurando algo tão delicado debaixo da chuva.

-"Eu o odeio, ele tem a pior personalidade não me surpreenderia se o seu nome fosse destruidor irônico atropelador."

Ele entra no carro, os sons de buzinas atrás dele são ensurdecedores, corro para o lado do passageiro no banco da frente.

-O endereço?

-Library Winston.

-Sei onde fica.

Silêncio.

Me viro dando as costas a ele, olho para os pedestres lá fora, através do vidro vejo seu braço se estender para ligar o aquecedor do carro.

-"Ele realmente tem braços fortes, como um encanador."

Sorrio

-" Ele como encanador iria na minha casa consertar a torneira usando uma camisa regata branca, por causa do problema no encanamento a água jorraria nele fazendo seu corpo ficar todo molhado, eu apareceria cheia de boas intenções com uma toalha nas mãos mas por alguma força mística a toalha cairia no chão me fazendo abaixar deixando amostra meu decote para esse encanador safado que já estava tirando sua camisa com um olhar malicioso para os meus peitos ."

Coloco as mãos no rosto pois sinto ele queimar.

-"Eu deveria procurar outra profissão pra ele, pensei nele sento encanador ontem quando estava lendo um livro"

-Médico.

-"Médico.... sim, médico parece quente... uhm, médico.... espera médico?"

Giro a cabeça em sua direção.

-Chegamos.

-"Ele me ouviu?"

-Sobre a sua fantasia de ontem ou a de hoje?

-"Espero que um buraco se abra debaixo dos meus pés"

Abro a porta do carro.

-Espera.

Meneio a cabeça.

-"Droga!!"

Ele futuca alguma coisa .

-Aqui.

Estende seu braço segurando um embrulho retangular.

-O que é isso?

-Seu livro.

Acho que meu coração parou de bater, pego o embrulho das suas mãos com todo cuidado.

-Obrigada.

-Você é capaz de agradecer? Bem, a culpa foi minha eu que deveria me desculpar mais uma vez.

Ele liga o motor do carro.

-Antes de mais nada, qual o seu nome?

-Kiara, e o seu?

-Matthew.

Fecho a porta e o vejo se distanciar.

-"Matthew"

Sorrio.

Chuva de ilusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora