Saudades de mortos

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Entrei e senti saudades, a porta principal está fechada à chave e com o ferro anti-roubo por detrás dele, então terei de entrar pela porta secundária, a porta que nos leva à sala de jogos. Entrei e está tudo fechado e escuro, acendo a luz e apercebo-me de que a porta que dá acesso aos quartos, à cozinha e à sala está entre aberta, olhei para a fechadura e vi que estava partido, aí entendi o porquê da porta estar aberta.

Sentei-me no chão, junto à porta que tinha a fechadura partida, senti que a vida é injusta, tal qual o que eu senti quando vi a dona desta casa deitada no caixão, completamente sem vida, o cancro quis levá-la mesmo que ele soubesse que ela era demasiado nova para morrer.Voltei a olhar para a sala de jogos e lembrei-e dos momentos alegres que ali passámos, a jogar snoker e a jogar jogos de mesa com os meus primos, sei que eles vão voltar e junto com eles vem o meu tio, mas a minha madrinha já não volta. Olhei para o lado esquerdo e levantei a cabeça para me dar um melhor ângulo para a fotografia que queria ver e que estava por cima da mesa de madeira rústica, que servia para enfeitar aquela grande sala, a foto refletia uma felicidade normal de uma família que está em Fátima, a visitar o santuário, naquele dia, nenhuma deles imaginava que passados uns míseros anos a mãe e mulher morreria.

Decidi levantar-me e sair dali, as lágrimas já caíam e o coração já batia fortemente, fui em direção à porta de saída, fechei-a à chave e ande até casa dos meus pais e aí vieram lembranças dos simples jantares de família na casa onde acabei de entrar, sentei-me no sofá castanho e comecei a chorar, novamente. Afinal não ajudou sair da casa da minha madrinha.

...

Feito a 02/10/2017 numa aula de Português 

Xx ly 

Catarina Constantino


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