Capítulo sem título 26

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Um espelho aguenta-me, ou vai-me aguentando, como eu aguento a dor de te ter perdido, fico doente quando chegas ao pé de mim, o meu corpo transpira, o coração palpita o mais rápido que consegue, e tudo isto acontece porque te perdi, como se perde um autocarro, sei que não desapareces-te mas sei que não te vou conseguir ter quando quero, preciso-te agora, mas não dá, porque cheguei atrasada, quero-te agora, amanhã é tarde e ontem era cedo. 

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Vesti a melhor roupa do meu armário, o eyeliner não me saiu bem hoje, por isso eliminei-o da minha rotina, deixei só o rímel e pôs perfume, tirei as chaves da porta e saí, como se quisesse provocar alguém, com um ar de rapariga convencida que gosto que me vejam, gosto de fazer parecer aquilo que não sou, gosto de criar uma pessoa na rua, é sempre a mesma convencida e charmosa quem eu visto, a dita cuja rapariga estúpida, no entanto, não sou nada disso.

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Reencontrei-te, por acaso, numa pequena festa na minha vila, não falavas comigo e muito menos eu contigo, no entanto, achei-te diferente e quis apreciar-te de perto, olhei para ti e percebi que os teus lábios carnudos não se enquadravam na tua cara, tal como o nariz, mas que mesmo assim eras bonito, foi a primeira impressão do segundo ano que te via. Os nosso olhares cruzaram-se poucas vezes, trocámos uma ou outra palavra e guardei-te nos meus pensamentos mas tu fugis-te para Setúbal.  

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Este texto foi feito em 3 dias diferentes e fala de 3 pessoas diferentes. Eu só os juntei porque achei que fossem pequenos demais.

08/08/2018

XX LY

Catarina Constantino 

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