1.JANEIRO DE 2011

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Eu estava extremamente ansiosa, tudo não parecia coincidir com a minha realidade e talvez, até meu coração havia dado um jeito de palpitar ainda mais rápido.

Há duas semanas atrás me encontrava em casa, no Brasil, agora me encontro aqui, em uma sala repleto de desconhecidos, tirando a Amber que foi a minha procura e é responsável por mim estar onde estou.

— Você está bem? Sua perna não para de tremer.

— Eu estou. Quer dizer, mais ou menos, não sei ao certo. — dei de ombros, me perdendo nas palavras enquanto olhava em volta.

— Relaxa, vai ficar tudo bem, ok? — Amber me acalmou, ou pelo menos tentou.

Tudo aconteceu porque gravei um monólogo  em inglês bem amador e postei no YouTube há uns seis meses, mas sete dias atrás recebi um e-mail sobre, claro que de imediato não acreditei, por isso ignorei, então um dia depois Amber estava na minha porta.

Ela foi a primeira americana com quem falei pessoalmente, o que me deixou bem nervosa e quase muda.

Como sou muito desconfiada, Amber teve que provar de todos os jeitos que seu trabalho era sério e tudo era cem por cento verdadeiro, depois que fez isso consegui acreditar, com um pé atrás sempre.

— Ele chegou. — um dos caras de terno disse.

— Ele quem? — perguntei baixo.

— O verdadeiro responsável por você estar aqui, florzinha. — Amber sorriu e eu continuei sem entender.

A porta se abriu, dando passagem para ele. Fiquei um pouco catatônica no começo, pois aquilo não podia ser real, não mesmo.

— É um prazer tê-lo conosco, Bill. — outro engravatado disse, indo cumprimentá-lo.

— O prazer é meu, Jay. — Bill sorriu e deu um breve aceno com a cabeça para todos até seus olhos cair sobre mim.

Deus. — abaixei a cabeça, sentindo tudo se revirar no meu estômago.

— Então vejo que Amber conseguiu trazê-la. — a voz dele se elevou um pouco.

Consegui encarar seu rosto, por pouco

— Bill, essa é Amélia. — Amber fez com que eu me levantasse.

Ele caminhou até nós duas enquanto todos nos olhavam atentamente e com sorrisos duvidosos estampado na face.

— Prazer. — estendi a mão ainda com receio e descrente daquilo tudo.

— O prazer é todo meu em ajudar, Amélia. — Bill não tirava o sorriso simpático nos lábios, era como estar encarando uma versão bem mais feliz de mim mesma.

— Ela ainda está digerindo um pouco as coisas, mas... — Amber me olhou — Logo tudo fará sentido.

— Não se preocupe, não precisa ficar com medo, somos todos do bem.

— Eu não tenho dúvidas. — consegui responder sem parecer uma tola.

Bill assentiu e foi se sentar no lugar vago. A reunião então começou, era sobre um filme de SCI-FI, sobre a aniquilação humana e o amor de um casal que vinha de famílias inimigas mas que lutariam juntos para salvar o mundo.

— A pedido do nosso querido amigo... — Robert, nome do homem que estava de pé, colocou a mão no ombro de Bill. — Escalamos Amélia para fazer o papel de Adaline.

— A personagem principal? — perguntei estupefata.

— Exatamente.

— Mas espera... Tem tantas atrizes boas e competentes, porque escolheram a mim para fazer algo tão importante?

— Eles me deram a responsabilidade de achar alguém, mas eu não queria ninguém conhecida, queria alguém que possuísse algo diferenciado, então procurei pela internet atrás de uma garota especial, foi aí que te encontrei. Em um monólogo engraçado e forte. Sem deixar para trás o fator principal: um sueco e uma brasileira trabalhando juntos seria perfeito.

— Me parece interessante. — Robert disse.

— Me parece algo que vai arrecadar milhões de dinheiro. — Amber olhou-me com aquela cara de "melhor que isso não tem".

Só que ainda estava tentando digerir as palavras ditas pelo benfeitor disso tudo, só que claro que era tudo exclusivamente sobre o monólogo.

— Acho que pode ser divertido. — consegui sorrir depois de horas tensa.

Olhei para Bill que estava do outro lado, ele não havia mudado sua feição um minuto se quer, parecia confiante, ao contrário de mim que estava prestes a regurgitar meu lanche a qualquer momento por conta do nervosismo.

And time goes by | Bill SkarsgårdOnde histórias criam vida. Descubra agora