Em dois anos como atriz profissional minha vida mudou completamente. Consegui resgatar minha auto confiança, minha independência. Deixei de ser Amélia Gramado e passei a ser Lia Grey. Ganhei muitos prêmios com o filme Collide, ganhei fãs, pessoas nas quais estão sempre me apoiando. Minha família ficou feliz com tudo isso, e aqueles que sempre duvidaram estão engolindo o próprio veneno.
Mas diante a tantas coisas boas, nem tudo foi perfeito. Eu e Bill não nos vemos faz um bom tempo, o sucesso do filme nos forneceu vários outros trabalhos fazendo nossos caminhos se desviarem, o que me deixa um pouco triste já que isso tudo aconteceu graças à ele.
Por conta deste fator ando meio aérea, nostálgica, completamente inerte em momentos que ocorreram há um ano e que parece que nunca mais vai se repetir.
— Lia, você está bem? — Amber fechou a revista dela para me olhar.
— Estou sim. — respondi rapidamente.
— Não, você não está.
Fitei seu rosto.
— É só cansaço. — menti — Vai passar.
Amber cerrou o cenho.
— Cansaço não é tão recorrente quanto parece e você está assim há alguns dias, sem deixar de ressaltar que esses dias não houve tantos compromissos para ser cansaço.
Droga, porque ela tinha que ser tão observadora?
— Você nunca deixa uma passar ilesa, hein? — me levantei da cadeira.
— Me diz logo o que está te perturbando, talvez eu possa ajudar.
Fiquei me olhando pelo reflexo do espelho.
— Pode me fazer voltar no tempo?
— O quê? Não, claro que não. — revirou os olhos — Seja específica.
Me virei para ela.
— Eu estou com saudades. — dizer aquilo foi como cuspir ou engolir lâminas.
— Saudades? Mas do quê?
— Do Bill. De tudo que aconteceu. — comecei a morder a unha, andando de um lado para o outro. — Ele foi o meu melhor amigo, por isso.
Amber cruzou os braços.
— Eu sempre soube.
— Soube de quê? — suspirei, temendo o que sairia daquela maquina de palavras.
— Você gosta dele. Desde o início, mas como o filme e sua fama estava no auge, não deu certo, nem para ti, nem para ele. — Amber veio até mim e segurou minhas mãos — Sempre achei os dois bem fofos juntos. Shippava forte. — ela deu risada, me fazendo rir também. — Sinto muito, florzinha.
— Não se preocupa, deve passar algum dia... Não é? — estava torcendo para a resposta dela fosse sim.
— De verdade? Não sei. — Amber me abraçou — Mas não fica pensando nisso, tudo bem? Uma hora você esquece ou sei la, esse sentimento angustiante se ameniza. — ela se afastou. — Agora preciso que fique pronta, vai entrar em alguns minutos.
— Tudo bem. — concordei com tudo.
— Logo eu volto, até já. — Amber saiu do camarim, me deixando sozinha com meus pensamentos.
Em poucos segundos meu rosto apareceria em um talkshow ao vivo, talvez ele pudesse saber onde me encontrar ou... Talvez ele nem se importa mais comigo.
AFTER PARTY DA PREMIERE DE COLLIDE - SETEMBRO DE 2011
Todos estavam um passo à frente da insanidade, e eu por ter apenas dezessete anos era a única que não estava bebendo nada alcoólico.
— O filme foi um verdadeiro sucesso! Parabéns! — Mark, o diretor, disse erguendo sua taça de champanhe.
— Eu gostaria de dizer algumas palavras... — Bill se levantou também com uma taça na mão, um pouco alegre, mas nada comparado aos outros. — Todos vocês foram responsáveis pelo trabalho incrível! Tanto em edição gráfica, efeitos visuais, fotografia, trilha sonora, figurino... Tudo! Tudo ficou perfeito porque trabalhamos juntos! E sem deixar de lembrar que trabalhar com essa garota foi maravilhoso! Alguém como ela merece todo sucesso do mundo, não só na carreira como na vida! — ele falava olhando para mim.
— Obrigada. — agradeci com sutileza.
— Garota, não... Queremos discurso! — Amy disse, aguçando todos a quererem o mesmo.
— Discurso! Discurso! — começaram a falar juntos, quase me matando de vergonha.
Bill até assobiou no final.
— Tudo bem, eu falo algumas palavras. — me dei por vencida e me levantei — Tudo que aconteceu comigo nesse meio tempo foi incrivelmente mágico, pois consegui fazer o que achei que seria impossível mesmo querendo muito por anos à fio. — respirei fundo para não começar a chorar. — Eu não vou me derramar em lágrimas, não aqui. — todos na mesa deram risada. — Ahn, não posso deixar de lembrar dessa pessoa aqui... — encostei minha cabeça no ombro de Bill — Se não fosse ele ir atrás de alguém na internet, provavelmente estaria em casa, sentada e comendo pipoca, sonhando com algo assim. Devo o meu sucesso à ele e a retomada da minha vida a todos vocês, obrigada por fazerem parte dessa história, por fazerem a minha história valer a pena. Um brinde para todas as coisas boas que com certeza vão aparecer em nosso caminho! — levantei meu copo de suco e eles fizeram o mesmo com suas respectivas bebidas.
***
A festa se encontrava quase no fim, mas eu decidi não continuar lá dentro, preferi me sentar perto da imensa fonte dourada que ficava nos fundos do anfiteatro ao lado de fora.
A noite estava quente e o céu estrelado, lembro como se tivesse sido ontem.
— Sozinha aqui porquê?
Virei-me o pescoço e vi Bill se aproximando, ele estava apenas com a camisa social, assim que sentou ao meu lado pude perceber os primeiros botões abertos.
— Precisava um pouco de ar.
— Sufocada? — inclinou o corpo para frente, apoiando os dois braços sobre as coxas e me olhando.
— Não, só queria um pouco de silêncio. — olhei para o céu.
Ele compreendeu.
— Noite bonita, não?
— É, linda. — arfei — Parece uma pintura. — mudei a posição do rosto, passando a olhar de lado. — Sabe, antes dessa premiere acontecer era como se tudo fosse um sonho bom mas que acabaria logo, só hoje me dei conta de que era real.
— Fico feliz que se sinta assim, as coisas vão melhorar a cada dia daqui para frente. Você vai ver.
Ele trombou seu ombro contra o meu e sorriu, me puxando para um abraço logo em seguida, não falei nada, até porque não era necessário dizer uma palavra sequer.
DIAS ATUAIS
— Foi tudo um sucesso! Seus fãs fizeram história com elevando a audiência! Lia Grey irá bombar cada vez mais! — Amber estava empolgada com tudo aquilo, eu por outro lado não parecia estar tanto quanto deveria. — Não conseguiu esquecer?
— Eu tentei, mas tentar esquecer é lembrar sem querer. Não resolve nada.
— Lembre-se que se ficar remoendo isso só vai te fazer mal. Bill é famoso igual a você, uma hora ou outra vocês se topam e tomam um café. Quem sabe do que o tempo é capaz?
Assenti olhando para a janela do carro.
— Onde vamos agora? — perguntei mudando de assunto.
— Jantar. Estou faminta e suponho que esteja também.
— É, eu estou.
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And time goes by | Bill Skarsgård
Fanfiction"SHORTFIC | Número indefinido de capítulos" Tudo é questão de tempo, eles disseram, mas quanto tempo é necessário para que algo possa acontecer? Amélia foi escolhida e contemplada com a vida dos sonhos, mas nem tudo estava saindo como gostaria...