Capítulo 9

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Kenneth estava jogado em minha cama olhando para o teto. Eu estava na internet, pesquisando seu nome no google. Tinha muitos textos que ele escreveu; todos críticas. Ele havia criticado muitas coisas, e a maioria eu gostava. Ele era um bundão. Não havíamos falado nada sobre o fato de que nos amávamos na vida anterior e que devíamos ter ficado nesta vida; eu tentei não ficar triste ao ver que ele havia morrido e que não teríamos esta chance. Não fazia sentido eu me entristecer sendo que não sentia nada por Kenneth.

Olhei para ele. Seus cabelos estavam bagunçados, os olhos estavam escuros, e os longos cílios acariciavam suas bochechas cada vez que ele piscava. Seus músculos estavam rígidos sobre a camisa, e eu pude notar que ele tentava se manter respirando de modo calmo, mesmo que ele não precisasse respirar.

— Tá me olhando por quê? — ele perguntou sem me olhar — Me tornei fascinante de repente.

— Ainda continua sendo um bundão. — bufei

Ele olhou para mim.

— Então por que tá me olhando? — ele indagou

— Você é bonito. — voltei meus olhos para tela.

— Nem vem... — ele bufou — estou morto, garotinha. Sua chance de ficar comigo está morta da mesma forma, nem adianta flertar.

— Não estou flertando — olhei para ele furiosa — Acha que mudou algo saber o que agora sei? Não mudou! Você ainda é o chato idiota que eu estava querendo montar uma amizade.

Ele revirou os olhos e olhou para o teto. Eu estava furiosa, mas melhorei quando vi uma garota chamada Camile Walker nas notas de pesquisa.

— É ela? — virei a tela para ele

Seus olhos se iluminaram ao ver a foto.

— Sim. — ele se sentou — onde ela está?

— Aqui. — dei de ombros — ela se mudou para o outro lado da cidade apenas.

— Vamos até lá! — ele se pôs de pé

— Calma...— pedi — como eu vou aparecer lá?

— Com a mesma cara de tédio de sempre. — ele passou por mim.

— Ah, claro, gasparzinho! — segui ele.

Pegamos um taxi e seguimos para o endereço que eu coletei na internet. Kenneth não parava quieto, mas como o taxista não podia ver ele, eu não me importei.

— Você pergunta sobre minha morte — ele disse — Diz que é uma admiradora do meu trabalho.

— Seu trabalho é péssimo — disse

— Como disse? — o taxista me olhou pelo retrovisor

— Estou falando sozinha — disse, e ele voltou sua atenção à estrada

— Você tem que dá um jeito delas falarem tudo. — Kenneth ressaltou — eu quero saber como eu morri.

— De estresse talvez! — rosnei — Ou se engasgou com a própria lingua.

— Você é um pé no saco.

— E eu poderia ter ficado presa ao espírito do Elvis Presley, mas fiquei justo com você!

— Acho que ele não se apaixonaria por uma mulher tão chata na vida passada.

— Você se apaixonou!

— E você também!

— Senhorita... —o taxista chamou — está tudo bem?

— Estou treinando para uma peça — fechei meus olhos e ele se calou.

Incógnita: Deixe-o irOnde histórias criam vida. Descubra agora