Dei um passo para trás. Laysla havia ficado louca?— Como é? — perguntei
— Lembra o que minha avó viu quando tentou consultar sua morte? — ela tentou manter a voz firme — uma frase.
— Sim. — lembrei — uma frase em um fundo azul. A frase era...
Ela virou o notebook para mim; era uma foto minha com Camile; ela usava uma blusa azul com a frase dita pela avó de Laysla.
— My baby dear — sussurrei. E eu senti tudo girar
— Kenneth. — Laysla veio para meu lado — eu sinto muito...
— Tommy sabe — falei — ela contou para ele. Por isso ele estava tremendo.
— Temos que voltar lá. — Ela afirmou — ela precisa confessar.
— Para todos — Exigi — Katarine precisa saber.
Laysla assentiu e eu fechei meus olhos, desejando poder chorar.
Laysla e eu fomos até lá; calados o tempo inteiro. Katarine iria se surpreender por termos voltado no mesmo dia, mas era preciso. Camile estava lá, e ela havia me matado. Algo dentro de mim se agitou, como se todo meu espírito necessitasse ouvir a razão da boca dela; como se fosse algo que eu precisasse mais que tudo. Não sentia isso antes; não antes de saber quem havia me matado, agora, ouvir a verdade era uma necessidade.
— Como você está? — Lasyla sussurrou
— Normal. — quase rosnei
— Kenneth...
— Não quero falar, Laysla.
Ficamos calados.
Laysla tocou a campainha quando chegamos. Minutos passaram até que Tommy abriu a porta; seu olhar ficou tenso, e irritado.
— Camile está em casa — ele disse — achei que íamos continuar amanhã.
— Não. — Laysla disse — Quero falar com Camile.
— Não! — ele se meteu no caminho.
— Kenneth — Laysla disse em um tom de ordem.
Empurrei Tommy com força, fazendo ele ser lançado para o lado e cair no chão. Laysla passou e eu a segui. Tommy ficou desorientado, e então notou que nada podia fazer comigo aqui. Katarine e Camile surgiram na sala, e se depararam com a cena. Tommy no chão e Laysla parada perto do sofá com o olhar fixo em Camile.
— Desculpe a invasão — Laysla pediu.
— Aconteceu algo? — Katarine olhou em envolta, me procurando.
Sentei no sofá e comecei a mexer no pêndulo. Ela sorriu levemente.
— Preciso falar com Camile. — Laysla disse e Katarine parou de sorrir.
— Comigo? — Camile falou, e eu senti algo se partir em mim.
— Não deixe, Katarine. — Tommy se levantou.
— É necessário? — Katarine soluçou.
— Sim. — Laysla suspirou.
Olhei para Katarine, que chorava sem olhar para nossa filha. Ela havia entendido.
— O que houve? — Camile olhou para Laysla.
— Você vai me dizer. — Laysla olhou fixamente para Camile, e eu não pude olhar. Fiquei mexendo no pêndulo, apenas escutando a conversa e esperando a confissão.
— Dizer o que? — Camile parecia assustada.
— Você matou seu pai, Camile. — Laysla afirmou, e Katarine se desatou a chorar.
— Não. — Camile vacilou ao dizer.
— Não minta. Eu sei. — Laysla afirmou — Foi você.
— Mãe! — Camile chorou.
— Está tudo bem, querida. Pode confessar. Nada vai acontecer com você. Ela não quer nada de nós. Só uma confissão. É preciso... — Katarine chorava.
Fez silêncio. Ergui o olhar no instante que Tommy ia avançar para agarrar o braço de Laysla; eu apenas saltei e o joguei para longe dela de novo.
— AH! — Camile gritou.
— Melhor ficar quieto, Tommy — Laysla avisou, e Tommy ficou sentado no chão, completamente assustado.
— Camile...— Katarine soluçou — fale.
Eu olhei para minha filha, parado ao lado de Laysla.
— Eu...— Camile soluçou — eu matei meu pai.
Algo explodiu dentro de mim. Um misto de raiva e tristeza.
— Fale...— rosnei, mesmo que ela não pudesse me ouvir. Laysla pediu que ela continuasse.
— Ele era horrível para mim, e para minha mãe — Camile chorou e olhou para Laysla — Estava cansada de ver minha mãe chorar, e de ver ela sofrer por alguém que não estava nem aí para nós duas. Um dia, eu me irritei e notei que Tommy gostava dela. Quando tive oportunidade, entrei no quarto dele e o matei. E estava com tanta raiva que desejei que ele não fosse nem para o céu e nem para o inferno. Queria que ele ficasse em terra, solitário e vagando com sua alma fria e vazia, do mesmo jeito que era em vida. Só que sem eu e minha mãe.
Eu me senti sendo arrastado por uma forte correnteza. Tudo que vivi veio à tona e eu lembrei de toda minha vida como um filme; Laysla olhou para mim, e eu não consegui dizer nada para ela; apenas olhei para seus olhos mel e sorri. Um sorriso triste e magoado, torcendo para que ela sentisse o pedido de perdão em meu olhar.
— Seu pai se arrepende do que te fez. Do que fez a vocês — Laysla disse para Camile, ainda olhando para mim.
— Eu não queria ter matado ele. — Camile chorou — Eu me arrependo. Estava com raiva.
— Ele te perdoa — Laysla deixou uma lágrima cair.
— E você, filha? — Perguntou Katarine.
— Eu o perdoo. — Camile soluçou — já havia perdoado.
Fechei meus olhos e sorri. Algo se aqueceu dentro do meu corpo espiritual.
— Kenneth... — Laysla ergueu a mão para me tocar, mas eu já havia ido
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Incógnita: Deixe-o ir
Misterio / Suspenso" Não posso. Não percebe? Eu já deixei uma vez. " Em meio a uma vida monótona na cidade de Castelsardo, Itália, Kenneth Walker se sente solitário com sua vida triste. Ao acordar, ele percebe que sua esposa e sua filha foram embora, que os amigos j...