Epílogo

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O velho fechou o livro ao ler a última palavra e levantou a cabeça, olhando para as crianças em sua frente, as duas cheias de expectativa, o garoto, que era alguns anos mais velho que a irmã, que estava na cama ao lado, protestou assim viu o avô fechar o livro.

- Fim?

- Fim - Respondeu o senhor, com um sorriso.

- Acaba assim?! - A menina quem protestou desta vez - Eu quero ver o que acontece depois! Jin e Namjoon se casam? Jungkook e Jimin ficam juntos para sempre?

- Acho que isso é você quem deve decidir, terminar esses assuntos na sua cabeça - O avô respondeu - Assim não terá um final que não goste.

- Mas não é justo! - O irmão mais velho agarrou seu travesseiro branco é o apertou por tamanha curiosidade - Logo agora que o Jimin e Jungkook se casam e ganham filhos, a história simplesmente acaba?!

- É claro! - O avô respondeu - A história que devia ser contada acabou.

- Aish! - A mais nova tentava parecer irritada, mas era praticamente impossível por estar usando seu pijama rosa favorito repleto de ursinhos - Bom, já que a história nos deixou aassim, podemos assistir mais um pouco de televisão?

- Nada disso, garotinha - O senhor negou - Já está tarde demais da noite para criança estar acordada! Eu até contei uma história para vocês dormirem!

- História pra dormir que deixa curioso? - O garoto arregalou os olhos, ainda indignado pela história acabar daquela maneira.

- Vocês é que são curiosos demais, a história tem um final normal. É um conto de fadas, eles sempre acabam assim - O avô mostrou sua língua, brincando.

- Vovô - A menina pareceu se dispersar da curiosidade e juntou as mãos, dócil, com feição apaixonada - Você acha que um dia eu encontrarei um Príncipe encantado e lindo como o Jimin?

- Aish! - O mais velho apontou para a irmã, gargalhando de sua ingenuidade, zombando da garota - Jimin nem é encantado na história! Além disso, que Príncipe iria gostar de uma Zé Ruela?

A garota lançou um olhar cheio de raiva para o irmão como resposta.

- Mas e você, de quem gosta?! - Indignada, a garota desafiou o irmão agarrando seu ursinho de pelúcia.

- A Min Hee é muito bonita - O mais velho ergueu as sobrancelhas, sorrindo bobo.

A irmã gargalhou, deixando a mostra seu sorriso banguela dos dentes de leite já caídos.

- Min Hee nem pode se apaixonar! E eu também não acho que uma fada iria gostar de um... Um Zé Fedido como você!

- Zé Fedido?! - O garoto protestou - O vovô me fez tomar banho!

- Aigoo! - A voz envelhecida do senhor interviu na conversa, apesar de estar se divertindo - Já chega! Se for pra me colocarem no meio da briga, então nem briguem.

A gritaria entre os irmãos se cessou e os olhares curiosos voltaram para o avô.

- Vovô, como você acha que a história acabou de verdade? - A menina perguntou, dessa vez, se encolhendo embaixo de seu cobertor de corações.

O velho estalou a língua e encarou os netos, enquanto o garoto mais velho também esperava a resposta do avô.

- Bom, é um conto de fadas, como eu disse. E todos terminam com um "Felizes Para Sempre" mas este... Este não tem.

- Então quer dizer que eles viveram mal pro resto da vida? - O garoto juntou as sobrancelhas enquanto questionava.

- Não... - Respondeu o avô - Eu acho que eles conseguiram formar uma família e serem respeitados, tratados normalmente.

- Isso é bom - A menina assentiu com a cabeça e abraçou mais uma vez o seu ursinho - É um final legal.

- Pelo menos assim, vocês não ficam curiosos? - O velho se levantou da cadeira de madeira entre as duas camas e deixou o livro sobre o criado mudo.

- Acho que não - Respondeu o irmão, também se aconchegando embaixo das cobertas.

- Então pronto - Concluiu o senhor - Agora está na hora de dormir. Boa noite, seus curiosos.

Ele sorriu e beijou a testa dos dois antes de direcionar sua corcunda até a porta do quarto. A luz do quarto já se encontrava apagada então ele não necessitou tocar o interruptor.
A luz que vinha da sala era visível da fresta aberta da porta e então, o avô se virou para fechar, encarando os netos com seus pequeninos olhos já  prontos para dormir.

E antes de fechar a porta de madeira, ele olhou uma ultima vez para o quarto das crianças, no criado mudo, o livro de capa preta e letras douradas, com a imagem dos dois personagens principais representados em preto e branco. Aquele era o conto preferido do senhor.

"Amaldiçoado"







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