Cap. 55

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CHELSEA POV

"Pára lá de te mexer" Resmunguei e voltei a passar o algodão na sua barriga. Ele gemeu de novo e afastou-se para trás. Encostou a cabeça no sofá e levou a mão até á parte baixa dos seus abdominais.

Depois de muitos risos e piadas parvas da parte dele, finalmente consegui com que ele se acalmasse e parasse quieto no sofá. Obviamente que não durou muito tempo.

"Dói muito" Queixou-se como se fosse uma criança pequena.

"Claramente" Revirei os olhos com a sua constatação obvia. Ele tinha a barriga coberta em nódodas negras, como é que era suposto não doer?

Ele bufou e fechou os olhos por alguns momentos antes de me voltar a encarar.

"Porque estás a ser tão fria comigo?" Perguntou de uma forma quase magoada mas eu tenho a certeza que aquilo era o alcool a falar.

Eu engoli em seco e ajustei-me desconfortávelmente no sofá.

"Temos de desinfectar o resto" Mudei de assunto. "Deita aqui a cabeça" Disse-lhe calmamente, batendo com a mão no meu colo. Um sorriso escondido apareceu no rosto dele e eu encostei-me mais para trás no sofá. Ele esticou os pés para a outra ponta do sofá e deixou que a sua cabeça caisse no meu colo devagarinho de forma a não se magoar.

O seu cabelo estava bastante despenteado e os olhos dele estavam meios vermelhos devido á quantidade de alcool que ele tinha ingerido. Os seus lábios entreabriram-se e eu pensei que ele fosse dizer algo mas isso não aconteceu. A língua dele percorreu o seu lábio inferior, de forma a humedecê-lo, e eu senti o meu corpo a fraquejar em questão de segundos.

Levei o meu polegar até á sobrancelha dele e limpei gentilmente o pouco sangue que ainda escorria por aquela pequena ferida. Ele fechou os olhos com o meu toque e eu aproveitei para aplicar o desinfectante. Assim que terminei, ele voltou a abrir os olhos e limitou-se a olhar para mim com uma expressão frágil e vulnerável. Naquele momento, os olhos dele eram como dois estranhos enigmas para mim. Eu não conseguia perceber aquilo que lhe estava a passar pela cabeça. Parecia uma mistura de dor e carinho ao mesmo tempo. Mas, eu não posso ter a certeza, era como se ele tivesse quase que fechado para mim.

"Isto agora vai doer" Murmurei e pressionei o algodão contra o canto dos lábios dele. Os seus olhos fecharam-se involuntáriamente e um gemido abafado escapou da sua boca. "Desculpa" Sussurrei e ele riu fracamente.

"Não faz mal" Murmurou e voltou a abrir os olhos. 

Contornei o resto dos lábios dele com o pequeno pano húmido de forma a limpar o sangue e, durante esse tempo, ele manteve-se quieto apenas a observar-me com os seus olhos castanhos intrigantes. Eu tentei ignorar o seu olhar em mim, mas era complicado.

Eu não posso voltar a desculpá-lo, mas, estar assim tão perto dele, era perigoso para mim. A forma como os seus lábios se abriam e fechavam assim que o desinfectante entrava em contacto com a sua pele... isto era tudo demasiado tentador. Mesmo magoado, e sem sequer tentar, ele consegue seduzir-me. Como é que isso é possível?

"Já está" Disse-lhe assim que terminei. 

"Obrigado" Respondeu com um sorriso. Eu fiquei á espera que ele se levantasse do meu colo mas isso não aconteceu. Ele permaneceu ali apenas a olhar para mim. A contornar cada pormenor do meu rosto com os seus olhos. Uma expressão séria e pensativa tomava conta do seu rosto e o meu estomago começou a andar ás voltas com a profundidade daquele castanho claro.

"Eu preciso de ir á casa de banho" Quebrei o silêncio e ele olhou para os meus olhos de repente, como se tivesse acordado de um sonho.

Olhou em volta e acho que se apercebeu que continuava deitado nas minha pernas. Rapidamente se levantou e sentou-se ao meu lado, sem dizer uma unica palavra. Eu levantei-me também e fui quase a correr até á casa de banho, sem sequer olhar para ee.

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