Epílogo

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CHELSEA POV

"Não vais á festa, querida?" Minha mãe fala da cozinha, aumentando sua voz dois tons mais alto que o normal.

Elevando a colher de gelado novamente até á minha boca, balanço a cabeça negativamente, murmurando um pequeno 'não' como resposta, mesmo tendo noção que o mais provável é ela não me ter ouvido.

"Estás fechada nesta casa á dias. Não achas que está na altura de saires?" A loira olha-me com pena, revirando os olhos com um certo humor morto. "Não te serve de nada ficares aqui a deprimir. Tens de te animar, recomeçar a tua vida aqui. Tenho a certeza que nenhum dos teus amigos sabe que voltas-te, estou certa?" A mulher questiona-me, levantando uma sobrancelha na minha direção. Ela já sabe a resposta áquela pergunta inútil. Para quê os joguinhos psicológicos?

Quando não obtém nenhuma reação da minha parte, ela decide continuar. "Chelsea, vá lá. Já aqui estamos á uma semana... Isso são imensas horas fechada entre quatro paredes, não te parece?"

Suspirando, acabo balançando a cabeça, negando a sua afirmação. Nunca irei admitir que ela tem razão, ainda que esteja coberta dela. São realmente muitas horas. Tenho a certeza que até já poluí o ar com o meu tédio. Mas o que é que eu posso fazer?

Não quero sair. Estou confortável dentro de casa. Extremamente deprimida... mas confortável.

"Vai á festa. A Jessy está farta de ligar para aqui, quer ver-te."

"Com que então ninguém sabe que eu estou cá, hein?" Digo com desdém, questionando-a.

"Se dependesse de ti não saberiam, não."

"Mãe," Murmuro aborrecida, afundando a colher vazia na taça coberta de gelado de chocolate e chantili. "Apenas não estou com vontade de sair, qual é o mal disso?" Da minha boca escapa um suspiro pesado, recheado de saudade e dor quando lembraças do meu último dia em Londres decidem invadir a minha mente.

"O mal é que não te faz bem passares os dias fechada em casa. Tens de sair, conviver com os teus amigos, recomeçar a tua vida aqui. Não podes estar sempre a pensar no que deixas-te para trás." A mulher reconforta-me, sentando-se ao meu lado no sofá cinzento confortável. Ela puxa as minhas pernas despidas para cima do seu colo e começa a massajá-las, fazendo pequenas carícias suaves. "Sei que te custou deixar o Zayn pa -"

"Não." Corto-a rapidamente, ignorando a dor aguda no meu peito á menção daquele nome que eu tenho tentado afastar da minha cabeça a todo o custo. "Não vamos voltar a falar sobre isso, por favor." Suplico, ajeitando-me desconfortavelmente sobre as almofadas.

"Nós temos de falar sobre isto. Nunca me contas-te como correu a vossa última conversa."

Suspiro. "Como deves calcular, correu muito mal." Reviro os olhos com a resposta mais que óbvia. Se tivesse corrido bem eu não estaria assim agora. Logicamente.

"Tudo bem. Não tens de me contar nada, m -"

"Ótimo, porque não o iria fazer de qualquer das maneiras." Resmungo.

Minha mãe encara-me com os seus grandes olhos azuis, analisando a minha expressão detalhadamente, provavelmente á procura de um sinal de que eu iria ficar bem, de que eu iria ultrapassar tudo isto... "Eu posso ficar em casa contigo hoje -"

"Não, eu fico bem. Vai trabalhar." Quase que ordeno, levantando a cabeça para poder olhá-la nos olhos, quase como se implora-se que ela me deixasse sozinha. Oh, eu iria desatar em lágrimas a qualquer momento... mais uma vez. Aguenta. Só até ela sair. Por favor. "Posso perfeitamente ficar, eles não p -"

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