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             Cauã narrando:     

Saí de casa e montei na moto colocando a chave na ignição e arrastei morro acima, era manhã, mais um dia de luta .Sou traficante no morro do Vidigal, sou o chefe do tráfico, não gosto dessa vida e não me orgulho disso, mas comecei muito novo, virei braço direito do antigo chefe, depois que ele foi em cana a bomba caiu no meu colo, mas  aqui sou muito tranquilo, respeito os moradores e estou sempre na minha, o que me interessa cuidar dos negócios, se ninguém me empatar, fico na paz.  As pessoas até gostam de mim, não mexo com ninguém, moro aqui desde que nasci, então muita gente me viu crescer, conhece minha família. 

 O morro do Vidigal pertencia ao meu primo Henrique mas ele acabou sendo baleado em um confronto com a polícia e não conseguiu escapar, eu tinha 18 anos e era seu braço direito, quando ele se foi eu mesmo que tive que assumir o comando do tráfico. Sinceramente, não gosto nem um pouco dessa vida, tenho vontade de sair, mudar, mas fazer o que ? Uma vez que se envolve no crime sair é quase impossível, uma coisa vai levando outra, e quando acorda já é tarde, me arrependo muito disso, principalmente quando penso na minha mãe, que vive morrendo de preocupação por mim. 

Entrei no na boca e fui direto pra minha salinha, logo atrás entraram Bruno e Wm.

  E aí chefe? Qual o trampo de hoje? 

—  Desce lá no asfalto pra buscar aquela grana que te falei.

— Beleza — disse saindo .

— E tu? Tem serviço pra ti também. — Disse pra Bruno que puxou uma cadeira e se sentou na minha frente.

—  Mau começou o dia e já tá de chilique?  — Quando ia responder Bruno, a porta do escritório foi aberta por um vapor, e Brenda surgiu logo atrás dele.

—   O que faz aqui garota?

—  Preciso falar contigo.

— Desenrola. — Ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e chegou mais perto.

— Preciso que tu me arrume uma casa e ...

— Finalmente vai sair da minha casa e me deixar em paz? — Perguntei com deboche. — Obrigado Deus, pensei que esse dia nunca ia chegar. 

 — Não idiota, é pra uma amiga, ela vai vim trabalhar de enfermeira no postinho, e mora muito longe do morro, aí eu disse pra ela que seria mais fácil ela se mudar pra cá. — Ela disse toda animada.

— E desde quando tu tem amiga, você é uma chata  — Provoquei

Vai arrumar ou não? — Perguntou rolando os olhos.

Vou ver o que posso fazer — Disse pensando — Por um lado vai ser até bom pra mim, assim tu para de me atormentar um pouco.

Valeu, não precisa ser grande a casa,  ela vem sozinha.

—  Deixa que eu ajeito isso pra tu chefe. — Bruno disse encarando Brenda. 

— Agora pode voltar pra casa Brenda, aqui não é lugar pra você. —  Ela saiu batendo a porta. — Bruno, tira o olho da minha irmã cara! — Bruno vivia secando a Brenda e isso me incomodava. 

— Foi mal patrão, mas é que essa tua irmã é linda demais, princesa! 

Hii já começou a sonhar acordado BN? — perguntei sorrindo e dando um tapa na cabeça de Bruno — vai trabalhar BN, que tu tá cheio de serviço pra fazer.  —Disse isso e ele se levantou rindo e deixando o escritório.

Eu morava em uma casa não muito grande, com minha mãe e minha irmã, a Brenda, que na verdade é prima, mas sua mãe faleceu de câncer quando ela era pequena, o pai dela, irmão da minha mãe trabalhava fora, não tinha tempo pra cuidar da mesma por isso minha mãe levou ela pra morar com a gente desde que ela tinha três anos, por isso considero ela como uma irmã mesmo, somos muito próximos nossa relação é muito boa, as vezes a gente briga, mas faz parte.

Eu me preocupava muito com a Brenda ela era muito sozinha, no canto dela, nunca fez amizade com nenhuma garota aqui do morro, e sempre está de encrenca com alguém, sobra sempre pra mim ter que resolver, ela é do tipo nervosinha.  Ela nunca havia me falado de amiga nenhuma, mas essa amiga parecia importante pra ela, ouvi uma conversa dela com minha mãe  falando sobre essa tal garota, quero nem saber quem é, se a vinda dela pra cá vai fazer minha irmã mais feliz então tá valendo.

Nossa LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora