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            Alguns dias depois

               Lívia narrando:

Paguei a corrida e desci do uber, o motorista me ajudou a tirar uma única mala que faltava da minha mudança, pois o resto já estava em seu devido lugar, graças a Brenda, que ajeitou tudo na minha "nova" casa.

Parei olhando de longe o lugar que iria morar, morro do Vidigal, confesso que estava um pouco receosa e com medo, sabia que iria ficar exposta a muita violência, mas eu amava meu trabalho, amava cuidar das pessoas, e sabia que naquele lugar pessoas precisariam de mim, acabei sendo transferida pra cá, na verdade me disseram que era só pra eu começar como uma experiência mas sei que não vou sair daqui tão cedo.

Respirei fundo e atravessei a rua puxando minha mala, quando fui chegando bem no pé do morro me desanimei completamente ao ver aquela ladeira.
Um garoto negro com um fuzil atravessado nas costas veio em minha direção, tentei manter a calma.

— E aí dona moça, tá perdida ?

— Não.

Precisa de algo? Veio de onde?  O chefe não gosta que subam o morro assim sem mais nem menos não. — Suspirei pra não perder a cabeça.

— Eu vim morar aqui, vou trabalhar no postinho e é isso.

—  Marca dois aí. — An? O que será que ele estava falando meu Deus! 

O garoto me dá as costas e pega o rádio fala algumas coisas que não entendo e se vira pra mim.

— Foi mau moça, tu devia ter me falado que era amiga da Brenda.

— Você conhece ela?

— Claro pô, ela é irmã do chefe.

— An? Que chefe você está falando? 

— Vem, vou te levar em casa. — Disse ele pegando minha mala.


                                                                                          Cauã narrando:

Estava em meu escritório separando umas drogas quando meu rádio toca:

Rádio on:

— Fala menor

— Chefe tem uma mina aqui querendo subir, de mala e tudo.

— Qual o papo?

— Está  dizendo que veio para trabalhar no postinho, deixo subir ou não? Quer que eu dê um chega pra lá nela?

— Porra mano, essa  é a amiga da Brenda caralho, não faça nada com ela, se der ruim com essa garota a Brenda vai buzinar no meu ouvido.

— Desculpa  chefe, sabia não!

—  Está sabendo agora, ajuda a garota com as malas, e leva ela pra casa da  rua 6 morou ?

— Beleza.

Rádio off:

—  O que Menor queria? — Bruno perguntou. 

A amiga da Brenda chegou no morro, quase que Menor coloca ela pra correr. — Bruno gargalhou e eu também. — Vai avisar minha irmã BN. 

Já estou indo.

Fiquei mais um pouco na boca quando era quase a noitinha voltei pra casa .

Ouvi risos na cozinha e a voz de minha mãe com Brenda.

— Oi mulheres — Disse dando um beijo em cada uma.

— Oi maninho.

—  Oi filho.

— Posso saber o motivo dessa animação toda?

— Sua irmã está toda animada por causa da amiga. — Revirei meus olhos me sentando na mesa e pegando uma maça. 

—  A Lívia já chegou e amanhã ela vem jantar aqui, porque eu convidei. — Ela fala piscando pra mim.

Já estou vendo tudo, boa sorte para sua amiga, ela vai precisar, aturar você é para os fortes. — Provoquei mas ela ignorou.

Cauã, vou precisar de um  favorzinho seu... 

Outro?

Não aparece armado quando ela estiver aqui, é que ela não sabe que você é do tráfico e eu não quero assustar ela.

— Você não contou pra ela filha? Devia ter falado. — Disse minha mãe e eu assenti concordando. 

Isso não vai prestar Brenda, tu fez  muito errado em não contar, uma hora ela vai saber, não vou fingir ser quem não sou pra ninguém estou te avisando.

—  Eu vou contar, só não quero que ela saiba assim, logo de cara, e não precisa fingir ser outra pessoa Cauã, só não quero que ela se sinta desconfortável aqui.

 Dessa vez passa tá ouvindo, se é importante pra você e pelo bem de todos eu faço, agora vou tomar um banho.

Peguei meu boné e fui pro meu quarto tomei um banho e caí na cama.


Nossa LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora