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Cauã narrando:

Não conseguia tirar Lívia do meu pensamento, mas ela nem me dava moral, cheguei nela e tomei um fora legal, nem lembro qual foi a última vez que eu recebi um não,  eu não ia desistir, só precisava ir com um pouco mais de calma da próxima vez, eu estava bêbado e acabei me precipitando, ainda por cima ela foi embora com Menor só por minha causa que eu sei, será que ela falou alguma coisa de mim pra ele? 
Bolei um cigarro e comecei a fumar, peguei meu rádio e chamei Menor na minha sala.
Depois de um tempo a porta se abre e ele entra ofegante.

Vim correndo Cacá, tá precisando de mim?

—  Senta ai moleque, preciso bater um papo com você.  — Ele se sentou de frente pra mim e me olhou curioso .

Pode falar. 

O que você e Lívia conversaram ontem quando você deixou ela em casa?

— Sobre nada, eu só deixei ela em casa mesmo. — Ele respondeu meio confuso com a pergunta que fiz. 

Da próxima vez deixa que eu levo ela em casa tá bom, quando ela te pedir qualquer favor me avisa. 

Por que? Está afim dela né.— Ele perguntou sorrindo. 

É claro que estou. 

Vou te mandar a real, que a própria Brenda me passou, Lívia não gosta de bandido, ela tem medo de traficante e nunca se envolveria com um, ou seja, sem chances pra  você meu amigo. — Marcelo me fala sincero. — Eu mesmo estava até afim dela, mas depois que Brenda me disse isso, eu recuei pra respeitar. 

Menor você é um pirralho ainda, tem que procurar garotas da sua idade. 

— Estou sendo sincero contigo meu amigo. 

— Sobre Lívia, eu só preciso conquistar ela e passar segurança, quando conseguir a confiança dela quem sabe faço dela minha fiel. 

— Oxi, tá doidão hein Cauã, chapado, essa que você fumou é das boas, está querendo até assumir mulher. — Menor diz se contorcendo de rir na cadeira e eu acabo gargalhando do jeito dele. 

Vai rindo palhaço. Agora pode voltar para o teu posto, preciso de ti mais não, sua cara me enoja. — Brinquei. 

— Já estou indo patrão. — Ele se levanta e sai da minha salinha ainda sorrindo para o nada. 

"Ela não gosta de bandido "

A questão é que ela só tinha medo, Lívia tinha vários rótulos na cabeça dela, todos equivocados, mas eu quero mostrar pra ela que sou diferente e que ela pode mudar a visão dela sobre as coisas e as pessoas, quebrar os estereótipos. 

                                        
Mais tarde saí da boca e voltei pra casa, fui caminhando mesmo, meu celular começou a tocar peguei o mesmo e era uma ligação de Clara, uma menina que eu ficava as vezes mas ignorei não estava com cabeça hoje. Cheguei em casa e fui tomar um banho, quando desci pra cozinha, lá estava quem eu mais desejava ver... Lívia, ela estava encostada na pia sorrindo, quando nossos olhares se encontraram ela desviou e abaixou a cabeça. Precisava falar com ela, mas fiquei sem jeito de falar perto da Brenda, e Lívia também poderia não gostar, dei meia voltada porta mesmo e me sentei no sofá da sala, não demorou muito pra eu ouvir ela se despedindo, saí de casa e fiquei encostado no portão esperando ela.

Lívia, posso falar com você — Perguntei e ela se virou pra mim séria. 

— Sim

Quero te pedir desculpas por aquele dia na quadra, eu fui rápido demais, perdão por ter insistido, mesmo você me dizendo que não — Ela me olhou surpresa. 

Está tudo bem Cauã, eu nem me lembrava mais disso. — Ela me respondeu com um sorriso, mas mesmo assim fiquei incomodado com a resposta dela, ela estava me desdenhando? 

— Mas eu fui sincero, estou mesmo afim de você. — Ela suspirou e cruzou os braços. 

Também vou ser sincera com você a única coisa que pode acontecer é nos dois ficarmos amigos Cauã, nada mais.

Sou tão feio assim? — Perguntei baixo em tom de brincadeira. 

—  Claro que não né, você é bonito, sabe disso. — Dei um sorriso em resposta. — Mas não se trata só de beleza, tenho meus motivos.

Eu sei bem quais são. 

— Vou indo Cauã. — Ela diz puxando o portão. 

— Posso te deixar em casa? — ela me olha desconfiada — Como amigo ué. — Respondo levantando as mãos rendido.

Ela concordou e me deu as costas saindo para a  rua, fomos caminhando em silêncio lado a lado. 

— Vai rolar uma festinha sábado lá na laje do WM, aparece lá. — Falei pra quebrar o gelo, e também porque queria que ela fosse. 

Caramba outra festa, povo festeiro. — Ela diz sorrindo sem me olhar. 

— Você não gosta?

—  Gosto sim, mas sem exageros...

— Festinha é sempre bom Lívia, pra relaxar...

— Tem outras formas de relaxar sabia.  — Respondeu debochada. — Isso é desculpa de quem só pensa em farrear. 

— Que isso Lívia, quem te disse isso? — Fingi estar ofendido.

 — Estou só implicando com você — Ela me olhou e sorriu jogando o cabelo, e eu me derreti todo. 

— Então você vai?

— Vou pensar. — Ela disse parando em frente ao portão.

— Pensa com carinho viu. 

Tá bom, obrigada por vir comigo, as vezes bate um medinho de voltar sozinha pra casa a noite.

— Por nada, vou indo lá. Até outro dia. — Me aproximei e dei um beijo no rosto dela, esperei ela entrar e voltei pra casa.

—Até. — Respondeu fechando o portão. 

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