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Lívia narrando:

Acordei e me sentei no sofá sentindo uma dor de cabeça horrível, não devia ter bebido tanto ontem ainda bem que meu turno hoje era só a noite.
Me levantei e fui fazer minha higiene, depois desci e fui pra cozinha preparar meu café, antes tomei um remédio pra dor de cabeça.

Me sentei na cadeira pensando na besteira que fiz ontem em ter ficado com o Cauã, ele já me mostrou ser boa pessoa, mas eu não queria me envolver, a vida que ele levava era perigosa demais e eu conheço bem o que acontece com mulher de traficante. O problema é que ele me atraía até demais, eu sóbria conseguia me controlar, mas bêbada era história, caramba ele precisava ser tão lindo? 

Não vou comentei nada sobre o acontecido com Brenda,  sei que ela vai botar pilha e eu não quero mais nada com o irmão dela, foi só ontem e pronto!

Terminei de tomar meu café e fui pra pia lavar o que tinha sujado, me assustei quando Brenda passou pela porta e se sentou na cadeira toda sorridente.

—  Bom dia vagabunda — colocou os pés  na mesa.

— Bom dia ridícula, que sorriso é esse ai ?

 Nem te conto.... — Suspirou.

 Conta tudo — Me sentei.

—  Eu e Bruno transamos ontem — Ela diz e eu vejo felicidade em sua expressão. 

— Menina você é mais maluca do que eu pensava, Cauã estava na sua bota na festa. 

— Nem ligo, sou maior de idade e  faço o que bem entender, só me preocupo mesmo por causa do Bruno, ele e meu irmão são tão amigos que ele acha que Cauã  pode se sentir enganado. 

— Como assim? Que besteira, qual o problema disso? 

— Você ainda não entende, mas no crime a maior lei é transparência, lealdade, não é permitido traições, e o Cauã é  muito desconfiado, meu primo, o antigo dono do morro, acabou sendo preso por uma armadilha de um infiltrado da polícia que se fazia de "amigo", eu acabei me envolvendo com esse X9, mas ele só queria colher informações eu era muito nova e me iludi, ele pediu segredo sobre nós, quando Cauã descobriu ficou louco de raiva, por isso ele é tão desconfiado com os caras que eu fico. 

— Nossa, que história, eu sinto muito por isso, agora consigo entender Cauã, mas Bruno parece ser fechamento. 

— E ele é, meu irmão que é um chato e Bruno um paranoico. 

— Bem, é você quem decide sua vida. — Me levanto e volto para a pia. 

Aí Lívia, Bruno é um gostoso. — Ela fala maliciosa. 

Me poupe dos detalhes sórdidos por favor. — Falo fazendo careta. 

— E você? Pegou alguém lá?

Claro que não, está louca. — Ao responder isso meus pensamentos foram em Cauã. — Você me abandonou, saiu sem me dar explicações fiquei sozinha lá. — Falo isso e vejo Brenda levar as mãos a boca como se tivesse lembrado de algo.  

— Desculpa amiga, pelo amor de Deus, eu nem te perguntei como você conseguiu voltar pra casa. 

— Pois é né, Bruno já está ocupando cem por cento de sua mente, cuidado para não perder o foco. 

— Boba, só estou empolgada. — Ela me responde pegando uma maça no balcão. — Mas e aí como você voltou. 

— Moto táxi. — Menti, se eu contasse que Cauã me trouxe Brenda ia espicular até saber todo o resto.

Ufa... — Ela diz suspirando com as mãos no coração. — Pelo menos chegou direitinho em casa, a favela a noite pode ser perigosa, nunca se sabe e nós mulheres ultimamente não estamos podendo nem existir, você sabe... 

— Eu sei bem disso, todo cuidado é pouco, mas vou moderar na bebida na próxima.

Não vou mais te deixar sozinha prometo que essa foi a última vez, não vai acontecer de novo. — Ela reponde de dedos cruzados. 

Assim espero sua desnaturada. 

A gente podia pegar uma praia, o que você acha? 

— Até que é uma boa, mas eu estou de ressaca, preciso descansar porque meu turno hoje é a noite. 

— Você é a pessoa mais desanimada que conheço Lívia. 

— E você uma mimada sabia. — Falo fazendo cócegas nela. 

— Tenho uma coisa pra te contar. 

— Outra novidade? — Pergunto animada puxando ela para o sofá da sala.

— Eu tenho quase certeza que Cauã está doido com você, já notei o jeito que ele anda olhando pra ti, babando. 

— Que ideia Brenda, eu mau vejo ele, raramente quando vou na casa de vocês. 

— Mas ele te vê todos os dias indo para o trabalho, você que não olha para o lado da biqueira, ele sempre está lá fora pra te ver passar.

— De onde você tirou isso? — Sorrio fraco e sem graça.

— O Bruno me contou. — Ela se deita no sofá. — Sabe, você podia virar minha cunhada, dá uma chance pra ele tadinho. — Ela faz bico.

—  Ai meu Deus para com isso, você tem cada ideia, nada a ver eu e Cauã. — Respondi pensativa, me senti mau por estar mentindo. 

—  Tudo a ver, eu ia amar, claro que só se eu tivesse certeza das boas intenções dele. Nunca iria perdoar aquele idiota por partir seu coração ou vacilar.

— Chega garota, eu não vou te dar ouvidos — Falo e começamos a gargalhar. 

Breda passou a tarde aqui em casa jogando conversa fora, ela me fazia rir muito com suas ideias, minha amiga era muito doidinha e sem juízo mas parecia estar mesmo gostando do Bruno, ele era um rapaz até legal e por isso já estava torcendo pelos dois, tomara que dê tudo certo para eles mesmo eu não concordando com algumas situações da vida dela. 

Ela foi embora ao anoitecer, fui tomar um banho pra ir trabalhar, saí do banheiro e vesti meu uniforme branco, amarrei meu cabelos e passei um batom e meu perfume.

Tranquei toda a casa e saí apressada, estava rezando para o Cauã não estar mais na boca, não que eu me importe com isso mas sabia que ele ia vim falar comigo sobre ontem, e eu queria passar uma borracha nisso, não significou nada pra mim e para minha sorte não o encontrei na rua, entrei no postinho 24 horas que tinha na comunidade, e pelo visto hoje minha noite seria longa, já estava cheio de pacientes na triagem.


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