Dez

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O maxilar de Henry enrijeceu. Suas mãos antes abertas, se fecharam prontas para dar um murro. Felipe não se moveu, não tentou se defender, pelo contrário, se encolheu em seu lugar. Parecia uma criança assustada. Henry ergueu seu pulso cerrado, pronto para dar um soco, mas eu segurei sua mão. Fazendo com que Henry, Connor, Akali e Felipe me encarassem confusos.

- Não perca seu tempo - falei, olhando para Henry. - não seja igual a ele. - Henry olhou para mim, e depois para Felipe e logo abaixou sua mão.

- Não! - disse Felipe. - pode deixar, eu mereço.

Henry ficou me encarando, eu apenas neguei com a cabeça.

- Vamos, Henry. - chamei.

Nós quatro demos meia volta, indo rumo aos carros, para voltarmos para casa.

- Me perdoa?! - gritou Felipe, mesmo sem ele citar meu nome, eu sabia que seu pedido era dirigido à mim.

Me virei para o mesmo, seus ombros que sempre estavam eretos. Naquele momento estavam curvados, abaixados. Sua cara de cafajeste deu lugar a uma cara que eu nunca imaginei ver em Felipe. Ele estava arrependido, parecia um cachorro sem dono, que acabará de ser abandonado.

Aquele não era o Felipe que eu conhecia, mas foi ele mesmo que quis isso, como diria a minha avó ele está colhendo o que plantou. Por um momento a culpa e o arrependimento de minhas palavras terem sido duras demais para ele, me tomou. Mas só por um momento. Afinal, Felipe nunca se arrependeu do que fez à mim e a meus amigos.

Duvido que em algum momento, quando ele bateu em Henry, ou em Connor, quando ele me traía, ou quando ele zoava a Akali, ele se arrependia. Se a culpa o tomava. Então, por que eu, Anastácia Müller deveria me sentir culpada, depois de tudo o que ele fez.

- Não. - falei, firme e ríspida. Logo em seguida entrei no carro de Henry.

Pelo retrovisor, ainda era possível olhar para Felipe e a cada vez que o carro ficava mais longe, Felipe ficava menor e a dor em meu peito maior. Por mais que eu queira ser forte, por mais que eu queira ferir Felipe, da mesma forma que ele me feriu. Eu não conseguia, pois eu não era aquele monstro, não era como Felipe. Liguei o rádio, para poder tirar as coisas de minha mente, e fiquei alternando de estação.

(...)

Estávamos em minha casa, Akali e Henry estavam na sala decidindo qual filme iríamos assistir. Enquanto eu cuidava das feridas do rosto de Connor.

- Vai doer. - anunciei, quando ia passar o algodão com álcool para limpar o corte que estava no canto de sua sobrancelha.

- Já passei por dores piores. - disse ele, fazendo uma careta, cada vez que eu pressionava levemente o algodão em seu ferimento.

- Não é o que a sua cara diz. - sorrimos - E o que você quer que eu faça? Sorria, enquanto você coloca álcool em meu ferimento? - disse ele num tom brincalhão.

- Obrigada. - falei.

- Pelo o que? - perguntou.

- Por ter feito Felipe me soltar, apesar de eu ter achado desnecessário você ter batido nele. - respondi, guardando a caixinha de primeiro socorros e pegando um band-aid.

- Eu não queria ter feito aquilo, mas caso contrário ele não teria te soltado. - é claro que ele queria ter batido em Felipe, chego a pensar que ele chegou a sonhar com aquele momento.

- Pronto senhor Connor. - respondi, indo em direção a sala, mas Connor me segurou pelo braço.

- Vocês vão se casar, certo? - eu assenti. - então, o que foi aquilo? - perguntou Connor, fiquei o encarando, não sabia o que dizer.

Love By Contract [REVISANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora