Almas de Pipa

Capítulo Um

Ainda tinha receio de falar sobre sua vida com alguém que não estivesse ligado ao seu círculo social. Melanie não tinha muitas opções no estado em que chegara, de exigir coisa alguma do universo. Isso incluía ter uma pessoa específica pra conversar.
Mas apesar de todo o ocorrido, tendo desastrado a vida de muita gente com suas escolhas mal feitas, principalmente a de Cameron Strouburg e Jessie Bern, ela sabia que isso mudara suas vidas para sempre e até tinha seu lado positivo...que só ela via. Mas tinha!

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08 de Janeiro de 1976, míseros 7 graus celsius em pleno vigor de um inverno tão aguardado pela população da cidade amistosa de Santorine, Grécia.

Melanie Stuart Coen, estudante de artes Cênicas, aspirante sócio - economista, 25 anos de idade e 3 de namoro com o tão sonhado homem dos sonhos (dela), Philippe Didier. Havia acabado de sair da casa dos pais pra começar a então, viver independente. Era uma ótima ideia. Já que vinha tendo problemas em casa por conta de seus confusos horários para estudar, comer, dormir etc. Tudo era motivo pra discussão dentro da casa dos Stuarts. A mãe de Melanie era detentora de um humor fora do sério. Insuportável! Assim por dizer. Jorge, seu marido e consultor financeiro sempre com os pés no chão, mente aberta, dono de um defeito qualificado principalmente no ramo em que atuava (Corretor de imóveis)... era Manipulador!

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- Melanie! Já liguei trocentas vezes para seu celular. Posso saber porque não atendeu?
Dizia sua mãe esbaforida no outro lado da cidade comprando sabe - se lá o quê para um tal evento beneficente que arrumara para Jorge patrocinar.

- Oi mãe! Boa tarde pra senhora também! (Voz de sono causado pela noite anterior em que teve que pernoitar no hospital com Philippe) Estava dormindo, o que queria?
- Sua atenção Melanie. Desde que se mudou pra esse vilarejo desprezível, não liga mais pra sua família.
- Ah drama à essa hora não né mãe? Eu tenho muitas coisas pra fazer. A faculdade me rouba um tempão e o trabalho com as crianças da ONG me deixa exausta. E sem falar que o Philippe está no hospital e tive que passar a noite lá. Explica Melanie bocejando.
- Tá, não tenho tempo a perder. Te liguei pra pedir um favor que aliás, você está me devendo.
- Puuuts espera um pouco. Estão me ligando do hospital.
Melanie desliga sem dar 'tchau' à sua mãe.

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-Alô! Senhorita Melanie Stuart? Pergunta uma voz doce e cautelosa.
- Sim, sou eu. Aconteceu alguma coisa com Philippe? Já choramingando e trêmula, Melanie responde a recepcionista.
- Se acalme! Pedimos por gentileza para que compareça à direção do hospital o mais rápido possível. Dr. Eduardo quer conversar sobre a situação de Philippe. Ok?
- Alô?Melanie???
Repousa o telefone no gancho outra vez, sem obter resposta do outro lado da linha.

Atônita, Melanie termina de vestir seu jeans e coloca apenas uma jaqueta na bolsa pra caso esfrie depois. Sair de casa naquela hora era quase impossível. Os ponteiros marcavam 14:00 horas e poucos minutos. O tempo estava fechado e ameaçava desmoronar os céus em água. Mesmo correndo o risco de ser pega por uma terrível tempestade, ela não tinha outra opção senão arriscar - se no Barcelona 2 (barco de um amigo marinheiro), já que o cais para embarques de passageiros estava temporariamente fechado naquele dia justamente por causa da tempestade. Ninguém se arriscava a atravessar o mar naquelas condições. Exceto Cloe. Um amigo muito querido da família de Melanie.

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