Cameron estava acostumada a uma vida rotineira. Tinha tudo sempre na mesma ordem - acordar às 5 da matina, colocar roupa na máquina, água no fogo (era do tipo de gente que não funciona sem café), arrumar cozinha que sempre estava de pernas pro ar. Não dava pra entender como uma mulher sozinha conseguia bagunçar tanto uma casa!? - Liberdade! Isso faz as pessoas, principalmente as do sexo feminino, se darem ao luxo de agir como bem entendem. A casa era sua. Fazia o que queria, na hora que quisesse e como quisesse e se quisesse.
Uma xícara de café, uns biscoitos Cream Cracker Superiore, seu livro de cabeceira - Diário de uma Paixão - Nicholas Sparks (já lera e relera trocentas vezes), e um cafuné em Dama, sua gata siamesa de três anos e alguns meses. Assim começava seu dia todos os dias. Era um ritual matinal. Era bom!Agora Cameron começava a pensar em como se adaptar às mudanças em sua própria vida para acolher Melanie da melhor maneira possível. Imaginava que seria fácil. Já que é uma outra mulher na casa. Ledo engano! Toda mudança exige esforço. As vezes dói mudar. E nem sempre as coisas saem do jeito que se planeja - Cameron sabia melhor que ninguém como isso era verdade.
Mas no fundo ela depositava uma confiança exacerbada na sua intuição de que tudo ia dar certo. Não era à toa que sugerira o nome Louíse à Melanie. Perdera seu único filho (Luís) num acidente há pouco menos de um ano. Estava possuída por um sentimento maternal, queria ter a sensação de cuidar de alguém outra vez. No hospital era diferente. As pessoas estavam sob seus cuidados por um espaço de tempo determinado. Mas com Melanie ou melhor, LOUÍSE, seria diferente. E assim foi. Muuuiito diferente.****
- Chegamos! A casa é pequena, não repare minha bagunça e sinta- se à vontade . (Fala Cameron com sorriso entre dentes)
- Obrigada Dra.!
- Ah por favor, vamos deixar a formalidade pra futuros eventos apropriados. (Solta uma gargalhada que a propósito sempre achava escandalosa)
- Tudo bem, Cameron! (Sorri ainda meio tímida, Melanie não era de muita cordialidade)
- Venha entre, vou lhe mostrar seu quarto! Passei a noite anterior arrumando tudo por aqui. Espero que esteja a seu gosto!Melanie a segue a passos curtos e bem pensados. Ainda tinha dificuldades para andar decorrente do longo período de repouso forçado no hospital.
A casa era grande. Mania das pessoas dizerem às visitas o contrário. Tinha portas que iam do chão ao teto acompanhadas de cortinas da mesma proporção. O primeiro cômodo da casa era amplo e vazio. Já que Cameron nunca se preocupara em ocupá - lo decentemente (com dizia seu ex- marido). Era um desperdício deixar sem móveis ou quase sem. Tinha apenas uma mesa de carvalho bem trabalhada, seis cadeiras em volta que nunca eram usadas. Cameron não recebia muitas visitas. Logo, não tinha porque usá - las.
AGORA MELANIE É LOUÍSE ok?
Ao subir as escadas que iam dar acesso aos cinco quartos da casa, Louíse reparou que não tinha nenhum quadro nas paredes como ela pensava que haveria. Afinal, sempre tem! Mas Cameron se desfez de cada um deles. Já que fora seu ex marido que os pendurara lá. O fez levar todos. Eram feios, de mau gosto e a deixava pra baixo sempre que os via. Um lixo - dizia ela!
O quarto que separa para Louíse, apesar de grande, tinha pouco espaço vazio ao contrário dos demais, inclusive o dela próprio. Estava cheio de mobília. Desde uma Box Queen (devia caber umas dez pessoas naquele trem), duas escrivaninhas uma de cada lado da cama, um roupeiro de doze portas, e dos mais variados Puffs espalhados pelo quarto. Além da penteadeira e da mesa auxiliar, Cameron deslocou de seu quarto uma cômoda de seis gavetas pra Louíse. Sim! Muita coisa. Queria que ela se sentisse em casa. Cuidada e amparada.
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Almas de Pipa
RomanceStatus: Ainda em andamento. Almas de Pipa conta a história trágica e não menos mais emocionante de amor que você já leu. Melanie, Jessie e Cameron têm suas vidas marcadas por um amor não rotulado mas de certa forma incomum, pelo menos de seu ponto...