Capítulo Doze - Manhã seguinte

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Às oito e cinco da manhã Cameron se levanta da cama com cuidado pra não acordar Louíse, queria preparar o café e levar até a moça.
Na cozinha, coloca duas medidas de ração pra *cats* na tigela de Dama que vem em galopes em direção ao banquete matinal, põe água na cafeteira e pães no microondas para as torradas. Louíse adorava café com leite bem quente logo cedo, não fazia questão de comer nada, mas não saía de casa sem uma xícara de café com leite. Então, esquenta seu leite, pega geleia de uva, põe tudo na bandeja; a xícara, o leite, o açucareiro, as torradas, o café, a geleia, e dois guardanapos.
Ao se virar com a bandeja pra subir as escadas, o telefone toca... - (triiiiiin triiiiin triiiin)

- Alô?!
- Oi, bom dia! Posso falar com a senhora Cameron Strouburgs?
- Está falando com ela mesma! Quem fala?
- É Amanda do pronto socorro aqui de Terásia. Estou ligando porque a supervisora pediu pra avisá - la sobre o caso de uma paciente que deu entrada ontem com quadro de Traumatismo craniano. Ela quer saber se a senhora já está por dentro, porque a renderá mais tarde no plantão.
- Como? Não me informaram nada sobre plantão algum. Quem fez as escalas?
- Foi o senhor Jorge. Ele disse pra falar com a senhora hoje pela manhã porque ontem já estava tarde e seu celular dava caixa postal.
- Justo! Eu desligo meu celular pra ter um pouco de paz na minha casa. Avise ao excelentíssimo Sr. Jorge Duffman que não farei plantão hoje por dois motivos...- primeiro que é meu dia de folga e segundo que já tenho compromisso marcado e não vou desmarcar. (Já com tom exaltado)
- Entendo senhora, eu passo pra ele então, e pra supervisão também. Tenha um bom dia! Tchau tchau.
- Ok obrigada, tchau.

Indignada com o telefonema Cameron envia uma mensagem bastante rude a sua companheira de trabalho avisando sobre o ocorrido e justificando sua resposta. Não ia e ponto final. Que arrumasse outra pessoa pra fazer aquele plantão.

Pega a bandeja novamente e sobe pro quarto. A deposita em cima do criado mudo e se deita ao lado de Louíse, acaricia seus cabelos curtos, negros como carvão.

- Acorda preguicinha...(sussurra em seu ouvido seguido de beijos no pescoço).

Louíse se vira e dá - lhe um beijo.

- Bom dia Cameron aaaai que preguiça boa! Uaaaaaau não acreditoooo! (Surpresa com a bandeja de café)

- Preparei pra vc. Vem senta pra comer...eu vou tomar um banho e me arrumar pra nós irmos.

- Obrigada por tudo! Pela noite de ontem, pelo café da manhã, por ser assim tão incrível comigo. (Olhos marejados)

- Não agradeça Lô, vc merece muito mais que isso. E vc que é incrível! Eu que tenho muito a agradecer, acredite em mim... (Sorrisos largos)

Um abraço, uns beijos e Cameron vai pro banho. Louíse pega sua bandeja e saboreia sua xícara de café com leite, sorri levemente e suspira. A noite anterior marcara sua vida pra sempre. Não se lembrava nem do seu nome, não lembrava de pai, mãe, irmãos, filhos (pensava muito nessa hipótese - será que tinha filhos?)… Trabalho - o que fazia da vida antes do acidente? Uma incógnita! Era sua definição no momento. Portanto não sabia se já tivera pretensões lésbicas, se já tivera relações com mulheres antes, mas mesmo que tivesse, ainda seria sua primeira vez...jamais esqueceria tal noite.

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ENQUANTO ISSO NA CASA (VERDADEIRA) DE LOUÍSE (MELANIE)

Jorge pai de Melanie já havia feito de tudo, delegacia, detetives, hospitais na redondeza, até nos IMLs ( INSTITUTO MÉDICO LEGAL) foi em busca de respostas, mas tudo em vão. Não entendia como uma mulher poderia sumir do mapa sem que ninguém, absolutamente ninguém, soubesse seu paradeiro. Sua esposa e mãe de Melanie já perdera as esperanças, não tocava no assunto e saía de perto caso alguém tocasse. Não queria demonstrar explicitamente, mas estava sofrendo tanto quanto Jorge, com o desaparecimento de sua filha.
Já havia se passado 7 meses e nenhum vestígio da moça.

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- Cameron, me empresta sua blusa preta florida dos Beatles?

- Não entendi, fala mais alto.

- ME EMPRESTA SUA BLUSA PRETA FLORIDA DOS BEATLES?

- Pode pegar. Tá na parte de cima do guarda-roupa, na segunda porta.

- Valeeeeu vou pegar.

As roupas de Cameron eram variadas. Gostava de se vestir bem e não abria mão de uma roupa despojada. Estilo esportivo e casual - era seu guarda-roupas.
Perdida em devaneios, Cameron pensava na noite anterior como se fosse sua primeira transa. - como alguém poderia mexer tanto com ela assim? O que Louíse tinha que a deixava tão bem? Seria um amor nascendo ali, ou era só desejo? Paixão?
Precisava descobrir, ela não aderia a ideia de usar as pessoas, iludir e brincar com seus sentimentos. Era tudo muito novo pra elas e estava só começando...
... ****

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