Capítulo Sete - Revolta

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- Nossa, como você está bem! (Diz a fisioterapeuta abraçando Louíse)
- (risos frouxos) Obrigada Dra., estou me recuperando bem mais rápido do que o estimado né?
- Você é uma ótima paciente e isso torna os tratamentos eficazes.
- Na verdade os méritos mesmo vão pra Cameron. Se não fosse ela, bem,  eu não estaria aqui. Ela me incentiva muito a não desistir.
Dá uma olhada de lado sem encarar Cameron e tenta esquivar - se do coro que já se formava em suas bochechas. Havia um certo desconforto em suas palavras,  mas era essa a verdade. Louíse pouco se esforçava para fazer os exercícios indicados pela fisioterapeuta, em casa. Alguém tinha que puxar a carruagem senão nada ia pra frente.

40 minutos de sessão fisioterápica toda semana. Além de lhe devolver, aos poucos,  sua coordenação motora e intensificar sua resistência (acompanhada dos exercícios auxiliares em domicílio lógico), a fazia se sentir mais animada.
Como a sessão com a psicóloga e a consulta com a médica cirugiã seriam dali meia hora, Cameron a deixa na porta da clínica e vai para o hospital. Apesar de estar de folga naquele dia, e só precisar comparecer lá por causa da reunião mais tarde, queria pegar uns papéis que esquecera em seu armário. Não dava pra pegar depois. Precisava deles no fórum.

- Quando acabar aqui você me dá um toque que venho te buscar tá?
- Tá bom. Pode ficar tranquila e resolva suas coisas, assim que terminar aqui eu te ligo.
Abraço e beijo no rosto. Se despedem e cada uma segue em direções contrárias. Seriam duas horas longe uma da outra tempo suficiente pra Louíse organizar suas idéias. Furacão Irma passara por ali e deixara destroços emocionais.
Com Cameron não era tão diferente. Apesar de não demonstrar seu nervosismo diante dela, as emoções estavam à flor da pele. Era estranho pra ela, sentir o que sentiu ao ver Louíse enrolada na toalha.
Estava acostumada a ver mulher nua. O cargo de enfermeira viera depois das atribuições no hospital como técnica. E essa inicial lhe proporcionava esses momentos. Banhos nos leitos em pacientes que não tinham como se locomover.

Mas ver Louíse em sua frente a deixara um tanto quanto incomodada.

...

Desfez as idéias na mente e arrancou com o carro em direção ao Hospital de Terásia.
Apesar da boa aparência e rosto corado, Cameron estava exausta! Mas não um cansaço físico daqueles decorrentes da correria do dia. Era algo mais interno, do tipo que faz a cabeça esquecer até o que se estava para fazer. Se esforçou para lembrar o que estava indo fazer no Hospital sendo que, naquele dia estaria de folga. - Tô ficando velha! Puta merda!
Esbraveja consigo mesma. Pára o carro no estacionamento quase vazio do hospital, tira a chave da ignição e fica ali. Inerte e perdida em seus pensamentos. Mãos apoiadas no volante, Cameron olha para fora do lado esquerdo do carro e vê ao longe a figura mais mal feita de uma mulher, caída no chão. Um homem está em pé a dois metros de distância do corpo, a mediu de cima a baixo e saiu.
Cameron sai do carro e da passos largos em direção ao corpo estirado no chão. Se abaixa para verificar se a mulher estava morta. - Tem pulso! Respira aliviada.
Liga para a recepção do pronto socorro e pede ajuda, que chega em menos de dois minutos.

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