PERSONAGENSFoi ai, que depois de horas sem nos falarmos, é que me dei conta que ele estivera ao meu lado o tempo todo como prometera.
Fiquei encantada,ao perceber que estava observando-o,perguntou se não queria comer alguma coisa, assim que ele tocou no assunto me dei conta de que estava com fome, perguntei-lhe as horas.
Já eram meia noite, o jantar estava sendo servido,mas não era como nos filmes com garçons servindo geral.
Tínhamos que escolher no cardápio o que queríamos comer e fazer o pedido pro garçom trazer.
Escolhi um linguado em crosta de gergelim bicolor com soutêe de legumes,na redução de vinho branco e caramelo de balsâmico.
Não tinha percebido que já estava no terceiro drink,pois o Kevin me trouxe algo bem suave,parecido com um cocktail de frutas e bem pouquinho álcool.
Suspirei e olhei em volta com mais atenção, as pessoas começando a se sentarem às mesas e em algumas,já estavam comendo,olhei pra nossa mesa e vi que as pessoas também já estavam se sentando ao nosso redor lendo os cardápios pra fazerem os seus pedidos,com entradas,pratos principais e sobremesas.
Quando todos os lugares da mesa já estavam ocupados,o garçom veio pegar os pedidos,é claro que ele pediu o meu,sem me dar a chance de falar.
Dessa vez foi o Timi quem provocou,perguntando se ele achava que eu com a minha profissão não saberia fazer meu próprio pedido.
Não pude deixar de rir,mas fui em seu socorro, respondi por ele dessa vez,com tom de afetada zombaria,frisando bem o nome dele:
"Oras Timi, por favor, não vê que o Sonny está tentando por todo o seu charme de cavalheiro inglês em prática!!!"
Todos riram à mesa e ele bufou de brincadeira.
Nunca pensei que poderia me divertir e relacionar com todos, com tanta facilidade,ao pensar em meus medos me senti tola e sorri.
Ele pousou a mão sobre a minha que estava em cima da mesa,eu estava com ele sentado ao meu lado direito,a Anne ao lado esquerdo e de frente pro Kevin e pro Timi.
Quando o Kevin viu ele acariciando minha mão despreocupadamente fez uma cara tão sem vergonha,que levou um chute da Anne por de baixo da mesa;fazendo-o pular e todos o olharam dando a deixa pra tirar com delicadeza minha mão.
Ele me olhou com um olhar inquisidor e ao mesmo tempo suplicante,indiquei os meninos com os olhos e comentei que ele já tinha bebido o suficiente.
E era verdade,já tinha perdido as contas de quanto, o pior,misturando.
Quando a comida chegou o cheiro era divino e a aparência maravilhosa,com o detalhe que se quiséssemos poderíamos comer de todos os pratos,o que acredito que Timi e Kevin fizeram.
Comi devagar como sempre e provei da comida dele,um filé mal passado com crostines e espuma de trufa em cama de aspargos frescos grillè.
Estava ótimo,mas muito cru pro meu gosto,é claro que não consegui comer tudo então ele terminou por mim.
Foi engraçado,porque quando me viu apoiar de vez os talheres,perguntou se não tinha gostado e respondi que estava divino,mas que tinha chegado ao meu limite;ele então quis provar,como se não acreditasse em mim.
Troquei os pratos pra sua frustração,mas já sabia o que ele tinha em mente,quase morri de constrangimento,quando depois que me deu uma prova de sua comida em seu garfo, ele simplesmente me olhou com uma cara de pervertido e lambeu literalmente o garfo.
Dessa vez não lhe dei essa oportunidade,mas ao que parece,realmente gostou do meu pedido;comentando que lembraria de pedir minha opinião sobre o que pediria pra comer de agora em diante, abriu um largo sorriso de cumplicidade.
Sorri e balancei a cabeça,fazendo um biquinho de deboche.
Depois da sobremesa, Kevin deu um pulo de cadeira e me perguntou se queria dançar,pois eu era a única que ainda não tinha dançado com ele;percebi que na verdade não tinha dançado com ninguém,entretida conversando com a Liz e as meninas me esqueci de dançar.
Aceitei de pronto,pegando sua mão e olhando pro Baby enquanto o Kevin lhe perguntava "Tudo ok ?" Ele fez que sim, fomos pra enorme pista no meio do salão,agora não muito cheia,a música era agitada,não conhecia bem o grupo,mas parecia estar na moda pois Kevin sabia a letra e cantava empolgado.
Era muito engraçado,ele realmente parecia um bebezão,um garoto que cresceu de mais, mas não amadureceu,ele dançava bem e de vez em quando pegava minha mão e me rodava dando risadas,comentando que eu parecia flutuar com meu vestido.
Confesso que realmente ele tinha agora, sob aquelas luzes, um ar diáfano,mas nem era pra tanto.
Após três músicas agitadas em que Anne,Nina,Bob,Timi, Rick e Paul com a esposa tinham se juntado a nós tocou uma lenta, primeiro Kevin me puxou dizendo que tinha sido ele quem tinha me convidado pra dançar com ar de falsa ofensa, rindo pros outros,fiz-lhe uma reverencia segurando as saias dos lados fingindo uma cara séria e estendi o braço.
Ele saiu rodando e às vezes me levantava do chão,rindo quando lhe dava soquinhos nos enormes braços, comentou"Você dançando fica muito leve,parece feita de borracha !"
Apenas ri e balancei a cabeça,quando a música terminou,Bob tomou seu lugar dizendo que tinha ganho do Timi e do Rick,que agora parecia estar com o rosto da cor dos cabelos vermelhos,enquanto Timi ria dele,por algo que não percebi.
Bob dançava de forma mais rápida e cadenciada que Kevin.
Então ao termino da música foi Timi quem me pegou,ele dançava muito melhor que os outros, tinha mais ritmo e um rebolado de tirar o fôlego,pensei que as meninas deviam sofrer nas mãos dele, dei um risinho ao pensar em seu gingado, ele se afastou um pouco pra me encarar,com curiosidade explicita.
Achei melhor esclarecer a risadinha "estava pensando nas minhas pupilas,e em como reagiriam em meu lugar !"
Ele me puxou mais pra perto e sorriu satisfeito consigo mesmo,como um garoto elogiado pelo treinador por seu bom desempenho,não pude deixar de achar fofo.
Quando a música acabou ele me disse que teria outra depois , passou agora pro Rick,que era um pouco mais tímido e corou ao me encarar e ver meu sorriso,também foi o único que me perguntou "posso" antes de enlaçar minha cintura,um verdadeiro cavalheiro inglês,se não soubesse que era o lançamento do filme deles, também iria pensar se esse não era um evento anglo-americano.
Não resisti de perguntar por que estava tão tenso,e a resposta foi no mínimo interessante, "É que não sou muito bom dançarino e os outros disseram que você dança como uma bailarina!"
Dei uma risada e assegurei-lhe "Eles estavam só te pondo pilha!"
Ele me olhou e riu também com minha piscadinha e relaxou de vez,saímos pouco do lugar,indo de um lado pro outro,realmente ele era mais duro que os outros,mas ao acabar a música fui eu quem endureceu,pois nunca pensei que teria a chance de dançar com o Paul,afinal a esposa não desgrudava dele,se bem que se eu fosse casada com ele talvez não sairia de perto também,não tinha porque,ele é tudo de bom e mais um pouco,sem falar que da idade ideal pra mim.
Reprimi esses pensamentos,ele me perguntou:
"Dá-me o prazer de ser o próximo?" apenas sorri e balancei a cabeça,fiquei com medo de minha voz me trair.
Ele me pegou pela cintura,mas não ficou tão junto do meu corpo como os garotos,fiquei aliviada,pois depois dos drinks que bebi,não estava mais 100% segura de mim.
Ele valsava como um bailarino,ou era apenas a emoção de dançar com ele,mas essa foi,pra mim, a música mais rápida até agora;quando acabou ele sorriu e disparou "Realmente os rapazes não exageraram,você dançando parece uma fada,tão leve e com esse vestido flutua no ar em nossos braços."
Fiquei muda olhando pra ele sem saber o que falar,meu coração parecia querer sair do peito e suspirei aliviada por ter começado uma música rápida,os casais se desfazerem e todos virem pra dançar junto conosco.
Sorri sem graça e devo ter corado um pouco,pois ele emendou " Não tenha vergonha dos seus dons,você é realmente especial e diferente,o Sonny tem razão em estar fascinado." Abri a boca e levantei a mão pra argumentar,mas ele continuou "Sei que você é casada e pode ter certeza que melhor que ninguém sei como é isso,como pode ser tentador,mas quando realmente amamos o outro, conseguimos superar as tentações .Entendo também o lado dele,pois não sei se resitiria se não fosse casado!" e intensificou o sorriso me dando uma piscadela de cumplicidade.
Dessa vez não corei,ao contrário,senti como se meu sangue tivesse se esvaído do meu corpo,minhas mãos estavam geladas novamente,percebi que estava parada como uma estátua no meio da pista,Paul ainda em minha frente me olhando,uma expressão de desconfiada curiosidade,e os outros dançando e rindo ao meu redor.
Isso deve ter levado uns trinta segundos,mas pra mim foi uma eternidade,como se o mundo estivesse em câmera lenta,ao menos o meu mundo.
Inspirei fundo, quando suspirei já tinha me controlado,só ainda não sei se minha reação foi pela confirmação da fascinação do Baby ou se foi pela sutil "cantada",que o Paul me deu,ou se foi pelos dois.
Na verdade não foi exatamente uma cantada,só um comentário,mesmo assim vindo dele era como um sonho,uma loucura,apenas de mais pra ser verdade.
Enfim sorri timidamente,não respondi nada só balancei a cabeça negativamente e comecei a ir na direção da mesa, quando alguém que aparentemente ouvira nossa conversa pegou meu braço, e como logo imaginei era ele,que deu um sorriso encantador me puxando delicadamente de volta pra perto de si.
"Deixei você rodar e dançar com todos que quis,agora é minha vez,afinal você é meu par!" e frisou bem a palavra de posse.
Assenti com a cabeça sorrindo,comecei a dançar com eles sem prestar atenção no que tocava,apenas seguindo o ritmo.
Dançamos alguns clássicos e quando começou a tocar rock dos anos 60 e twister me acabei,tendo o Tim e a esposa nos acompanhando também.
Relaxei novamente e me diverti como não fazia há muito tempo.
O Tim deu uma saidinha e depois voltou com um sorriso moleque de quem foi fazer "arte", não deu outra,a próxima música era Aquarela do Brasil,em minha homenagem,foi o que ele disse, me fizeram sambar,levantando as saias pra mostrar os pés,pra verem os passos.
Foi engraçado e um pouco constrangedor,pois fizeram uma roda e me colocaram dançando sozinha no meio enquanto uns aplaudiam outros assoviavam brincando.
Fiquei grata quando acabou,mas logo começou a tocar uma música que adoro,meio lenta e nem tive tempo de pensar já estava nos braços dele.
Olhei-o aturdida,enquanto ele ria divertido com meu susto,dizendo:
"Você é tão bobinha às vezes,eu te avisei antes, que agora você dançaria comigo pois essa noite você é minha."
Dei um longo suspiro e balançando a cabeça divertida, sorri mediante a falta de opção de argumentação.
Quando começou a tocar "Lady in red" dei um gemidinho baixo,pois amo muito essa música,o que não passou despercebido,não sei como conseguiu,mas colou ainda mais meu corpo ao dele e seu coração batia descompassado em meu peito de tão próximos.
"Se você estivesse com o vestido que escolhi, essa seria a sua música,e pelos retratos ele ficou melhor em você do que podia ter imaginado !!!"
Estremeci e ele riu satisfeito,começando a cantar a música bem baixinho só pra mim, em meu ouvido,sua voz tão suave e aveludada,cheia de desejo que chegava a soar indecente.
Fechei os olhos mais com medo de encará-lo que qualquer outra coisa,pedindo a Deus que ninguém mais pudesse perceber o que estava acontecendo.
Quando a música mudou dei um suspiro de alívio.
Ouvi o Tim pedir se podia ter a honra e paramos pra que pudéssemos trocar de par, ele foi dançar com a Michelle e eu com o Tim.
Quando nos afastamos um pouco deles o Tim falou de forma que só nos dois pudéssemos ouvir "Desculpe se te coloquei em uma situação difícil,mas não tinha percebido o quanto o rapaz estava envolvido,não queria te causar problemas."
Olhei seu rosto muito sincero e sorri com delicadeza.
"Tudo bem,na verdade nem eu estava realmente acreditando que fosse verdade tudo isso,mas vou ter que lidar com ele uma hora mesmo."
Ele me retornou o sorriso com cumplicidade e completou,agora em tom divertido.
" Mas ao que parece você já conquistou uma legião de fãs de todas as idades e diferentes aptidões artísticas,as pessoas de nosso meio não estão acostumados com sinceridade e pureza de sentimentos,a sua leveza e suavidade é novidade pra muitos deles, isso se torna fascinante."
Limitei-me a um aceno de cabeça sorrindo agora meio constrangida.
Ele completou em tom paternal " Você é uma pessoa doce,de sentimentos bons e bom coração,coisa rara hoje em dia,isso faz com que todos queiram estar perto de você,principalmente os jovens. Sua forma carinhosa e meio maternal de lidar com eles faz com que sintam falta de algo que geralmente perderam ou nunca tiveram,sempre ouvi dizer que os brasileiros são muito afáveis e carinhosos, você é a confirmação disso."
Agora eu que completei "Realmente no Brasil somos muito carinhosos em geral,somos muito táteis,o que aqui e em boa parte da Europa não ocorre,entendo o que quer dizer, é por isso que me preocupo,pois sei a diferença entre carência, paixão e amor."
"Mas não pense que só porque ele se identificou com sua forma maternalista de se relacionar com as pessoas que ele pode não ter se apaixonado no caminho."
Ele completou.
Olhei consternada pra um Tim sério,mas com uma expressão muito carinhosa, cheio de preocupação no olhar.
"Sei o que quer dizer e acredite,estou tentando fazer o melhor que posso,mas é complicado quando se trata de sentimentos,principalmente de alguém que tem tido tudo que quer nos últimos anos,sem muito esforço e quase nenhuma negativa,isso não ajuda em nada,não quero magoar ninguém."
"Eu entendo,pode acreditar, isso aqui é mais comum do que pensa.
Em nosso meio,as pessoas costumam se unir por desejo,conveniência ou simplesmente por solidão,mas são poucos os que realmente o fazem por amor.
Por isso os casamentos não duram muito,isso sem falar nas tentações.".
Concordei,queria continuar a nossa conversa,mas a música acabou e vimos nossos pares virem em nossa direção.
Ele me olhou com profundo carinho,e falou pra ligar se precisar de alguma coisa,e repetiu "Qualquer coisa" frisando as palavras.
Suspirei entendendo perfeitamente o que queria dizer.
Virei pra encarar um deus grego em carne e osso que me sorria de forma irresistivelmente atraente e sexy,de olhar maroto e divertido.
Sorri francamente grata por saber que poderia contar com alguma ajuda no caos em que me encontrava.
Ele parou uns dez centímetros de mim,me olhou da cabeça aos pés, deu um sorriso de lado de matar, olhou em direção ao conjunto que estava tocando como esperando por algo.
Quando a música recomeçou o brilho em seus olhos pareciam pedras preciosas,e entendi,pois estava tocando 'unforgettable'.
Sem tirar os olhos dos meus,me puxou pela cintura e falou quase com os lábios nos meus "Soube que temos algumas coisas em comum,tais como gostos musicais,mas as próximas músicas são pra você,ou pra nos ao menos esta noite!"
Só tive tempo de baixar o rosto e senti seus lábios em minha testa, seu risinho nervoso;encostei minha cabeça em seu peito e me deixei levar por ele dançando como quem flutuava.
Meu corpo parecia fora do chão,como se estivesse nas nuvens,só éramos eu,ele e a música, me permiti apenas fluir ao som de uma das minhas músicas favoritas.
Ao acabar eles então iniciaram um pout-porrit do Eric Clapton.
Pensei que ia desmaiar de emoção eram minhas músicas favorita,como ele sabia disso??? Mas perguntaria depois,agora só queria curtir as músicas.
Ele cantou "wonderful tonight" em meu ouvido, se não estivesse me segurando com força acho que teria derretido feito sorvete ao sol.
"Não estou apenas repetindo o que diz a letra,realmente estou cantando pra você,a mais pura verdade,acredite!"
A forma e convicção com que disse isso aliado a sua voz sensualmente rouca,ao sussurrar em meu ouvido roçando os lábios em minha orelha,e o álcool dos malfadados drinks fizeram minha cabeça rodar,perdi a respiração e o compasso tropeçando em seus pés.
Ele segurou com mais força me levantando do chão,rindo divertido com meu descompasso me fazendo corar severamente.
Não encarei-o,limitei-me a sussurrar um desculpa quase inaudível e afundei ainda mais minha cabeça em seu pescoço inebriando-me com seu perfume delicioso.
O álcool estava fazendo efeito e alguns de meus sentidos estavam mais apurados que de costume,enquanto outros começavam a dar sinais de falha,justamente os errados,nesse caso.
Senti uma pontada de pânico crescer em meu estomago,fazendo a comida revirar dentro dele.
Mas pra meu desespero quando pensei que tinham terminado, começaram a tocar Phil Collins,estremeci da cabeça aos pés,e senti minhas resistências escorrerem pro ralo junto com minha força de vontade.
Resiti bravamente.
Agora era eu que "cantava" baixinho pra não estragar a música com minha voz de taquara rachada,mais como um murmúrio.
Ele me pediu que cantasse um pouco mais alto pra que pudesse ouvir melhor, encarei-o,espantada dele estar ouvindo.
"Vou estragar a música,não sei cantar!"
"Não seja boba,sei muito bem como você canta,a vi cantando pro Jorge dormir."
"Isso é bem diferente !!"
"Não é nada,é só cantar um pouco mais alto,é tudo que estou pedindo!"
"Pra você é fácil !"
"E também pra você,feche os olhos e volte pra mesma posição de antes,relaxe de novo e cante pra mim como cantei pra você!"
"AH, SIM!!!"
Até parece que eu ia conseguir, agora,minha garganta estrangulou e minha boca secou de nervoso,uma coisa era cantar pro meu filho dormir e outra bem diferente era cantar pra ele,no meio de um monte de gente,vai que alguém escuta???!!!
"Canta,por favor!!!"
Ele pediu de forma tão irresistivelmente dengosa que não consegui me conter e voltei a por o rosto em seu pescoço cantando um pouco mais alto que um sussurro.
"Assim está melhor!"
Falou com uma voz divertida.
Quando a música acabou pedi pra voltarmos,ele fez uma cara de insatisfação e expliquei que precisava ir ao banheiro,mesmo assim antes de me soltar perguntou se podíamos dançar mais depois,concordei com a cabeça.
Ele sorriu e soltou minha cintura,pra pegar minha mão e só então seguirmos pra mesa.
Ao chegarmos acho que minha cara me denunciou,pois a Liz e a Anne,se ofereceram a me acompanhar imediatamente quando perguntei se sabiam onde era o banheiro.
Fomos andando, a Nina veio atrás também.
A Anne me perguntou se estava me sentindo bem, balancei a cabeça negativamente.
Ela pegou minha mão e se sobressaltou com sua frieza.
"Quer ir embora?"
"Tudo bem,elas sempre ficam frias quando fico nervosa e acho que nosso amigo
resolveu pegar pesado."
"Eu disse pra ele que era feio ficar xeretando seu celular,mas ele não me deu atenção!"
Foi a Nina que falou agora do nosso lado, percebi a Anne lhe dar uma olhada de censura, ela fazer um "o que foi com os braços".
Entendi como descobriu a respeito das minhas músicas. Suspirei
"Tem certeza que não quer ir embora,você não me parece bem,Duda?!"
Foi Liz quem falou com um "q" de preocupação na voz, de forma cuidadosa.
"Ninguém vai ficar chateado se você estiver cansada e quiser ir embora."
Completou Anne em tom carinhoso,ela é sempre tão doce.
Sorri pra elas e disse que estava bem,só um pouco tonta devido ao abuso dos drinks, realmente precisava ir ao banheiro,pois tinha bebido demais,dei uma risadinha sem graça.
Seguimos pro banheiro,em silêncio.
Na verdade,o que eu precisava mais que tudo,era um minuto comigo mesma,sozinha,pra me recompor,ou ia acabar fazendo besteira e me arrependendo depois.
Entrei na cabine e me apoiei na parede respirando fundo varias vezes pelo nariz e soltando pela boca até minhas náuseas passarem.
Senti minhas pernas fraquejarem,tampei o vaso e me sentei,senti varias ondas de calafrios e arrepios percorrerem meu corpo.
Deixei que passassem sem pressa,até poder me controlar novamente.
Sabia que precisava ser forte e resitir a tentação,como já fizera antes,mas nada se comparava a isso.
Na verdade isso era uma crueldade, o pior era que eu é que estava sendo cruel comigo mesma,por permitir que chegasse a esse ponto,que me afetasse desse jeito,que mexesse comigo dessa forma,sabia que isso não teria mais como terminar bem,não importava o que eu fizesse,acabaria magoando mais alguém além de mim.
Isso me doía,nunca gostei de magoar ninguém,principalmente pessoas de quem gostava,já me afeiçoei a ele e tinha certeza que iria ficar mal por ferir seus sentimentos.
Procurei tirar isso da cabeça,ao menos esta noite, pensar nos novos amigos que tinha feito e nas coisas boas da noite.
Levantei e lembrei do excesso de liquido, depois de eliminá-lo sai,fui lavar as mãos, aproveitei pra passar as mãos úmidas na nuca e deixar a água fria correr um pouco nos meus pulsos.
Percebi os olhares ansiosos das meninas e sorri abertamente pra acalmá-las.
"Estou bem,eu juro! Estou apenas um pouco de pileque pela falta de costume com o álcool,acho que me empolguei mais do que devia,só isso."
Elas se entre olharam e sorriram compreensivas , saímos,não sem antes retocarmos a maquiagem e rirmos disso.
Graças a Deus já estavam tocando musicas rápidas de novo, tratei de comer alguns canapés que fui pegando pelo caminho,paramos na mesa pra deixar as bolsas e encontrar com os rapazes,sendo que a maioria já se encontrava na pista.
"Sonny!" chamei
Ele me olhou sorrindo ao me ouvir dizer seu nome.
"Sim Duda?" E deu aquele sorriso de lado com uma sobrancelha levantada.
"A que horas vamos embora,estou preocupada com o Jorge?"
"Você já quer ir?"
"Na verdade não,mas acho que já deve ser bem tarde."
"A noite só começou, eles estão muito bem cuidados e assistidos,não se preocupe com mais nada a não ser aproveitar a noite !"
"Por favor que horas são?"
Insisti com voz dengosa.
"Isso importa?"
'Humm Humm!"
"Ok! São 3 horas, satisfeita?"
Ele respondeu com ironia.
"Muito,vamos dançar?"
Sorri e pisquei,indicando a pista com a cabeça.
Ele deu uma risada gostosa jogando a cabeça pra trás, foi pegando minha mão pra irmos.
"Você definitivamente me intriga!"
Apenas ri e segurando sua mão o segui.
Sentia-me animada com as músicas alegres e dançantes,a pista estava cheia,a maioria de jovens.
Fomos pra junto dos "nossos amigos" por assim dizer.
Pouco depois o Tim veio se despedir,continuamos dançando até minhas pernas doerem e pedir pra descansar.
Quando voltamos pra mesa rindo,as meninas disseram que já queriam ir embora,então me dei conta de que o Cris tinha sumido.
"Cadê o Cris?"
"Ele encontrou uma amiga e saiu cedo,deixou um beijo pra você."
Pelo sorriso maroto e a forma como disse amiga entendi o que queria dizer e sorri.
"Vamos aproveitar pra irmos também?"
Perguntei um pouco ansiosa, ele percebeu,confirmando com a cabeça.
Nem me sentei,nos despedimos dos que ficavam e saímos com Anne,Nina,Emily,Liz,Timi,Rick,Bob e Kevin.
Pegamos os casacos e levantei minha gola como na entrada ,e saímos.
Lá fora estavam alguns curiosos , muitos fotógrafos e pessoal de imprensa.
Os carros já tinham sido avisados pela chapelaria que estávamos saindo e nos aguardavam em fila única.
Não entendi porque não podiam ir no mesmo carro já que iriam pro mesmo lugar.
Já no carro verbalizei a pergunta,me sentindo estranha sozinha com ele,o que não passou despercebido,talvez por ter me sentado na outra extremidade do banco junto a porta.
"Isso é só curiosidade ou está com medo de ficar sozinha aqui comigo?"
Perguntou com um tom maroto na voz e uma cara risonha.
"Não seja ridículo,é claro que é curiosidade!"
Falei o mais segura que pude,diante de uma verdade tão esmagadora, o pior é que não estava com medo dele e sim de mim mesma.
Ele riu e chegando mais pra perto ,esticou as mãos, pegou meus quadris e puxou pra junto de si,com tanta força que deslizei pelo banco quase parando em seu colo,coloquei as mãos pra frente instintivamente pra me proteger do impacto contra seu corpo,e ele deu uma sonora gargalhada.
Fechei a cara e virei o rosto.
Ele então me abraçou e roçou os lábios na minha clavícula foi subindo pelo pescoço até o nóbulo da minha orelha,tentei em vão sair,mas ele me segurou ainda mais firme,enquanto sentia ondas de choque percorrem meu corpo,me fazendo ter espasmos involuntários,estremecendo e arrepiando.
Enquanto ele subia bem de vagar,sua respiração quente e ofegante,me fazendo perder a respiração,o coração em disparada.
Quando finalmente chegou a minha orelha, minha cabeça latejava e meu estomago rodava,mantive meus olhos bem fechados,com medo de não conseguir me controlar.
Ele falou com a voz rouca cheia de desejos e malicia.
"É primeiro pra evitar mais fofocas e boatos, depois pra despistar os paparazzis,só isso."
Levei um minuto pra entender do que ele falava,e reordenar minhas ideias,respirei fundo duas vezes , ainda sentindo sua respiração em meu rosto enquanto roçava o rosto em minha orelha,tentei falar com calma,mas minha voz falhou.
"E precisa disso... tudo, só pra me dizer isso?"
"Não foi por causa disso que estou cheirando seu pescoço!"
"Desde que você chegou ao hotel queria fazer isso,sua pele tem um cheiro maravilhoso, da vontade de ficar assim sem sair e essa opinião foi unânime de todos que dançaram com você."
"Sua pele é doce,suave e delicada,é bom ficar assim."
Suspirei de novo,pra recuperar meu auto controle.
"É bom pra você,mas se deu ao trabalho de perguntar como me sinto com relação a isso?"
Ele afrouxou um pouco os braços e me virou de frente,para, olhando com olhos incrédulos,com um toque de angustia, perguntar com uma voz indecisa.
"Você não gosta?"
"Do que está falando?"
"você não gosta que te toque,que te acaricie?"
Suspirei
"É claro que gosto,mas não é isso que você está fazendo,e sabe muito bem disso!
Não seja cínico! Você está me seduzindo! E disso eu não gosto!"
Tentei ser o mais firme possível,mantendo a calma,mas agora seu rosto tão desiludido,os olhos caídos tristes,me cortaram o coração;então continuei com suavidade e carinho,passando uma das mãos em seu rosto.
"Não torne tudo mais difícil do que já está,você sabe que sou casada e amo meu marido,não vou mentir,realmente estamos passando por uma crise,mas vamos superar,sei que não quer carregar o estigma de ser o responsável por destruir uma família,e acabar com um casamento."
Ele pegou minha mão a levou até a boca e o nariz ,e inspirou profundamente,sorvendo o cheiro da minha mão,beijo-a ,colocou em seu rosto com os olhos fechados.
"Sabe que pode ter todas as mulheres que quiser, não vai insistir em tentar destruir um casamento simplesmente por curiosidade,carência ou birra."
Ele abriu a boca pra falar,mas coloquei os dedos da outra mão em sua boca,calando-o,.
Ele beijou meus dedos delicadamente e segurando minha mão a roçava em seus lábios quentes e macios como veludo, agora um pouco úmidos.
Uma sensação urgente de pegá-lo no colo e confortá-lo se apoderava de mim; tive que lutar bravamente,comigo mesma,sem deixá-lo perceber minha hesitação.
Lembrei que isso sempre acontecia comigo quando me sentia culpada por estar magoando ou fazendo alguém sofrer,mesmo que involuntariamente.
"Não tenho a pretensão nem o direito de julgar seus sentimentos,mas gostaria sinceramente que tentasse parar de me seduzir,antes que me irrite com você,e seja obrigada a me afastar de forma veemente,te impedindo de se aproximar."
Ao vê-lo dar um sorrisinho de desdém,medindo meu corpo com os olhos,prossegui
"Não pense que por ser mais forte fisicamente que eu,não vou conseguir mantê-lo afastado, por favor não me leve a te ferir ou machucar,pois tenha certeza que existem dores bem maiores que as físicas!"
Minha voz era dura e incisiva,mas mantive a expressão afável ao finalizar encarando-o.
Milhões de sentimentos e emoções perpassaram por seus olhos, seu rosto expressava certa incredulidade e desconfiança,como a avaliar mentalmente se eu seria capaz de tal coisa,enquanto seu corpo se endireitava no banco ereto.
Senti que ainda segurava minhas mãos agora em seu colo,sem perceber, delicadamente as puxei,despertando-o de suas divagações.
Observando-me agora com os olhos semi cerrados,falou cautelosamente
"Esta chateada comigo por tentar fazer despertar em você o que me faz sentir e querer,é isso mesmo?!"
Agora foi eu quem precisou de muita cautela,pois entendi perfeitamente onde queria chegar,já conhecia muito bem este jogo, não tinha como deixá-lo ganhar,não dessa forma.
"Sabe muito bem,que não sou eu quem desperta esses sentimentos ou seja lá o que pensa,que tudo começou por pura e simples curiosidade, depois foi uma questão de orgulho ferido,por não ter tido aquilo que queria,como e quando queria."
Frisei bem que sabia o maior motivo; e prossegui
"Até onde sei, isso se trata de uma teimosia infantil,de gente mimada,acostumada a ter o mundo a seus pés.
Não pense que não fui mimada quando criança,mas meu pai me ensinou a respeitar os sentimentos dos outros,sei que quando somos jovens nem sempre prestamos muita atenção nisso e mesmo sem querer atropelamos ou ferimos alguém.
Estou sendo muito sincera com você,pois por mais que hoje possa não parecer,já fui bem perversa, me arrependo muito de algumas pequenas,ao menos pra mim pareciam na época,maldades que fiz e que trouxeram resultados desastrosos não só pra minha vida,mas de outras pessoas também.
Não desejo isso pra ninguém,pode crer!"
Ele me olhava num misto de admiração e desconfiança.
Suspirou e falou:.
"Acredito no que diz e em suas intenções,mas está errada,quando diz que é por orgulho ferido,pode até ser que tenha muito de curiosidade,veja bem não disse que é só isso,mas com certeza tem que admitir que você a cada momento se torna mais e mais fascinante , incrivelmente surreal pra mim.
Sendo que a fascinação não é apenas minha,mas a compartilho com todos que te conheceram até agora.Tem que admitir isso ao menos!"
Ele estava sendo irremediavelmente honesto.
Sua voz começou suave e tinha ido morrendo até que quando terminou de falar parecia mais um sussurro.
Controlei um estremecimento de compaixão que ameaçava minha determinação.
Sorri pra ele,que agora encarava o banco entre nós,com uma das mãos levantei carinhosamente seu rosto pra olhar em seus olhos com muito cuidado, senti uma dor aguda no peito,em ver que eles estavam marejados de lágrimas.
Ele tentou disfarçar ao sentir minha mão hesitar, virou o rosto,tentando visivelmente se controlar agora constrangido por sua demonstração de fragilidade.
Toquei seu rosto secando uma lagrima fugitiva,e num impulso lancei meus braços protetores por seu pescoço em um abraço,senti ele enrijecer de susto e depois se deixar abraçar,pousando a cabeça em meu ombro,passando os braços por minhas costas,acariciei seu cabelo de forma maternal, suspiramos juntos,rindo da coincidência.Ficamos assim calados por um bom tempo até o motorista baixar o vidro da separação e avisar que tínhamos chegado,nos olhando pelo retrovisor.
Passei então a mão por seu cabelo perfumado, dei-lhe um beijo carinhoso na testa,afagando-lhe o rosto e sorrindo,
Ele levantou a cabeça, devolvendo o sorriso,mas falando agora de forma marota outra vez,com ar brincalhão "OK então,trégua?!"
Não aguentei e tive que rir "Você não tem jeito mesmo garoto!!!"**********************************************************************
BOA LEITURA.....CAPÍTULO LONGO EU SEI,MAS ACHO QUE VAI VALER PRA ESPERAREM ATÉ O PRÓXIMO DOMINGO.
BOA SEMANA E NÃO ESQUEÇAM DE VOTAR COMENTAR E SE PUDEREM AJUDAR DIVULGANDO EU AGRADEÇO! 😙😙😙😙
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SONHOS OU DÉJÀ VUS : New York (DEGUSTAÇÃO) Disponível na AMAZON
Chick-LitAventuras e desventuras de Duda,uma brasileira de 40 anos que se vê enredada pelo mundo de glamour intrigas das celebridades hollywoodianas ao ganhar um concurso para ir ao festival de cinema de New York,levando a mãe de 80 anos e o filho de 5 como...