Cap. 4 Caroline

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Antes que eu pudesse perceber eu estava no chão, com o coberto enrolado no meu pé ainda em cima da cama e minhas costas doloridas, como se eu as tivesse queimado há apenas alguns segundos atrás.

O chão estava frio, deitar nele foi um pequeno alivio que me fez esquecer da dor por um segundo. Respirei fundo e me arrastei até a beira da cama, me ajoelhando perto dela enquanto vasculhava sua superfície pela causa da dor. A fronha estava toda bagunçada, minha pelúcia de tigre estava no meio da cama, meu travesseiro na beirada, enquanto um lençol estava quase no chão, fora isso, não havia mais nada ali, definitivamente não havia nada que pudesse causar dor. Apenas pequenas linhas do sol que escapavam da minha cortina banhavam a cama com algo parecido com calor.

Deitei mais uma vez no chão, com as costas contra o piso frio enquanto cruzava meus braços sobre meus olhos.

- Filha? – Minha mãe bateu na porta após uma tentativa de abrir a porta trancada – Hora de acordar.

Olhei pro relógio pregado sobre a porta e praguejei, eu estava atrasada.

Atrasada demais para conseguir evitar meu padrasto.

Merda.

- Já estou acordada.

Levantei desajeitadamente e tentei arrumar a bagunça que havia feito, deixando para dobrar meu cobertor por ultimo, desligando o ar condicionado enquanto me jogava sobre a cama bocejando.

Mal pude tocar a fronha dela antes de sentir aquela dor novamente, pequenas chamas vivas queimando algumas pequenas partes do meu corpo. Gritei no susto enquanto me jogava rapidamente no chão, bagunçando tudo que acabara de arrumar.

Por que aquilo?

Eu estava doente?

Não. Não. Não pode ser isso.

Fiquei ali no chão por alguns momentos antes de ouvir alguém batendo na porta.

- Carol? Está tudo bem? – Era minha mãe.

- Tá.... Tá sim. Eu só me assustei com uma... rã que estava no banheiro, só isso – respondi enquanto me levantava desajeitadamente, ainda sentindo que parte do meu corpo havia sido queimado de forma rápida e aleatória.

- ...Tudo bem, filha... Qualquer coisa você pode me chamar, você sabe disso – a voz dela estava preocupada.

- Eu sei – menti.

Respirei fundo antes de encarar mais uma vez aquela maldita cama, ali estava a resposta para o que aconteceu. Uma resposta logica e totalmente aceitável.

Ou, sei lá, alguma coisa.

Antes de poder fazer qualquer coisa, sentir uma dor aguda na ponta do estomago que me fez quase cair sobre os joelhos, seguindo ela, algo pareceu socar meu peito, como se comprimisse meus pulmões e me forçasse a ficar quase sem ar.

Minha visão estava turva, se fechando aos poucos enquanto algum ponto parecia brilhar separadamente no meu campo de visão.

Jurei que ia desmaiar, mas em vez disso vomitei...

Sangue.

DescendentesOnde histórias criam vida. Descubra agora