Isaac - Parte 3

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Antes de entrarmos na profunda realidade de nosso relacionamento, quero mostrar qual foi a visão de meu personagem sobre a cena que Jade acabou de descrever. Foi da seguinte forma para meu personagem sonserino:

Eu estava matando o tempo naquele corredor.

Definitivamente, precisava de uma válvula de escape entre a multidão de alunos que vagueava no interior do castelo. Um vai e vem contínuo, sem pausas, nem começo, nem fim. Nunca reparei muito neles, visto que meus pensamentos geralmente me distanciavam para outra realidade e enquanto os ultrapassava despercebido, focava minha atenção apenas no caminho.

Desde que cheguei ao colégio, os únicos que amigos que consegui foram meus próprios colegas de Casa. Um bando de folgados esnobes pra falar a verdade. Entre eles, estavam Cody, Matt e Victor, três garotos que tive a oportunidade de conhecer no primeiro dia. Eles eram completos imbecis que reparei desde o início de nosso contato, se preocupar em apenas zoar os outros. Entretanto, poderiam ser úteis e além do mais, sempre precisei de alguém para levar a culpa no meu lugar. Cody, Matt e Victor costumavam me acompanhar, mas eu necessitava manter a minha mente livre. E isso não requeria a ajuda de ninguém.

Naquela manhã nublada, encontrei algo interessante perto dos jardins. Um muro baixo logo atrás de uma estátua dividia duas torres e parecia estar escondido o suficiente. Subi em cima do suporte da imagem do homem esculpido e alcancei o muro. Não foi um trabalho tão difícil, pois eu sempre fora alto para a idade. Encostei a cabeça na parede de uma das torres e sem nenhum medo, estiquei as pernas permanecendo em uma posição confortável.

Ninguém gostaria de olhar naquela direção. Faz parte da natureza humana rejeitar o que é aparentemente feio e o muro se encaixava nessa categoria com seus tijolos velhos e cobertos de musgo envelhecido. Por um instante, encarei a estátua do homem e perguntei-me a quão solitária andava sua vida. Nem mesmo as aves vinham visita-lo.

Os alunos caminhavam por perto, contornando os jardins. Grupos de amigos agitados, jovens isolados e... casais apaixonados. Por Merlin, porque são tão idiotas? Compromisso era excessivamente chato e nada se comparava a uma vida solteira. Mudando a direção, encarei uma série de gárgulas perto da outra lateral do castelo. Criei a forma de uma arma com as mãos e fui mirando em cada uma. – Bam... bam... bam! – sussurrei enquanto fingia acertar as criaturas de mármore. No entanto, parei de súbito ao encontrar a imagem de uma garota.

Era uma jovem de cabelos negros e olhos da mesma cor. Com um corpo esguio e gestos rápidos, caminhava pela trilha ao lado das gárgulas. Talvez estivesse apressada ou procurasse não chamar a atenção de ninguém, pois sua expressão transparecia um leve incômodo. Eu estava vidrado na garota, quando um som me assustou de repente.

Um corvo acabava de pousar no muro, agitando as asas e grasnando. – Sai! – exclamei. O bicho se aproximou, crocitando mais alto. Com a perna, quase o acertei e então ele voou. – Sua ave idiota! – murmurei enquanto observava-o distanciar. Voltei a olhar na mesma direção, mas a garota havia sumido. Uma pena. É o tipo de garota que eu gostaria de conversar.

Quando percebi que as pessoas começavam a me encarar, decidi abandonar meu esconderijo e procurar outros pontos interessantes no castelo. No interior, ainda viam-se diversos estudantes apressados e alguns nem tanto. Procurando um lugar mais calmo, entrei em outro corredor onde não havia movimento. Nenhum ruído. Exceto o som de uma canção.

[...]

Avancei lentamente, sem dar muitos passos fortes. Uma voz enchia o local, contrastando com o barulho feito pelos outros alunos. Depois de alguns segundos, noto a presença de alguém. Bem perto de mim e próxima a uma janela, uma garota caminhava cantarolando uma melodia conhecida. Só não conseguia me lembrar qual. Ela não havia me visto, mas eu me aproximei sem emitir qualquer som. Então a mesma começou a rodopiar, animada com o ritmo da música. Esbocei um meio sorriso, sem poder deixar de notar o balanço do seu corpo. Ela tinha as curvas perfeitas para uma dança.

No entanto, a garota parou de súbito quando me viu. Seu rosto assumiu uma expressão de surpresa e o rubor dominou-lhe completamente. Eu apenas fiquei parado a encarando com um sorriso.

- Você tem uma voz bonita. – comentei quase em um sussurro. – E adorei a dança.

Foi nesse instante que percebi a coincidência. Ela era a mesma garota dos jardins, a mesma que chamou minha atenção anteriormente. Não podia ter uma sorte maior que essa.

- Não precisa ter vergonha. – falei ao notar sua cabeça abaixada. – Aliás, meu nome é Isaac. Isaac Stonem.

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