Chicago, 2019
F L O R E N C E
Eram as raras as vezes que Ryder Cohen perdia a fala.
Havia me acostumado com o seu jeito, sempre tendo uma resposta bem pensada na ponta de sua língua que, em sua fala mansa, conseguiria dobrar até o mais sábio ser humano que vive na Terra. E eu sempre acabava o desculpando por sua ausência em casa, por sua falta de tempo para termos uma refeição juntos ou apenas para jogar conversa fora. E por ser tão bom com as palavras, demorei muito para me decidir.
— Você quer o que? — ao se levantar de forma repentina, leva sua cabeça para trás junto ao seu corpo. — Diga que estou ficando maluco, Florence. Que não estou mesmo ouvindo essa merda que acabou de dizer.
Com os punhos fechados sobre a mesa, ele me encara com o seu olhar intenso em sua postura intimidadora.
Ele conseguia ser o homem mais lindo do mundo em qualquer situação ou vestimenta, mas em seus ternos, ainda mais quando estavam desalinhados devido o fato de estar sentado e trabalhando, se superava e se tornava o mais bonito em todo o mundo.
E eu o amava tanto que poderia passar horas admirando sua beleza, seus traços marcantes.
Mas não podia me distrair, não quando teria que praticamente negociar com um dos maiores empresários do país.
Ergo o meu queixo, olhando em seus olhos, por ora, escurecidos.
— Você ouviu bem. Eu disse que quero o divórcio. — limpo a garganta, apenas para dar maior entonação na voz. — Quero me separar de você, Ryder.
E então, ele volta a me olhar como se eu fosse o ser de outro planeta. Como se tivesse perdido o juízo. Eu detestava esse seu olhar, porque era quando ele não acreditava no que eu dizia, era quando conseguia ler meus sinais. E me odiava por ser tão transparente diante dele. Porque quase nunca conseguia desafiá-lo, ele era esperto e estrategista. Nesse momento, sabia que eu estava nervosa e a um passo de recuar.
Mas não iria. Não mesmo.
— Não. Nunca. Não pode estar falando sério. — balança a cabeça em negativa. — O que há com você?
— Comigo? — solto uma risada curtam, sem humor. — A pergunta correta seria, o que há de errado conosco. Olhe só para nós dois, Ryder. Não existe mais nada. Somos dois estranhos que moram juntos, isso quando você dorme em nosso quarto e não fica em seu escritório.
— Florie...
— Não me chame assim! A partir de hoje, não terá mais esse direito. — não me contenho, porque havia muito engasgado em minha garganta. — Quando você me chama assim, logo na sequência vem alguma desculpa bem planejada que me faz cair nessa sua lábia americana.
Se vejo o semblante de um sorriso em sua face, logo desaparece, porque ele vira seu rosto quadrado tão rápido quanto se afasta de sua mesa e caminha em minha direção, em passos largos.
— Não existe mais nada entre nós? — ele para a apenas dois passos de distância. — Como pode dizer isso? Aliás, porque diz isso?
Estreito os olhos, não abaixando a cabeça e nem desviando o olhar. Por mais que sua presença me afetasse como se pudesse me queimar sem ao menos me tocar.
— Digo isso por ser verdade, Ryder. Somos diferentes, praticamente, incompatíveis. Enquanto você quer viver um relacionamento por aparência, em que a gente mal conversa, e nem se vê. Quando nos encontramos, brigamos. Eu sinto saudade de quando tudo era mais simples. — inspiro profundamente, soltando o ar em um suspiro sôfrego. — Eu acho que mereço viver algo real, puro. Eu quero a droga do amor!
VOCÊ ESTÁ LENDO
El Perdón
רומנטיקהFlorence Tate carregava uma bagagem pesada de sentimentos intensos e recomeços. Antes de ter a chance de mudar sua vida, trabalhou como dançarina da casa noturna mais famosa de Barcelona, a Insaciable. Por longos anos, precisou reunir forças e contr...