Pelo caminho, Yan e eu permanecemos em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos, tentando entender o que havia acontecido dentro daquela trilha. Não havia uma explicação lógica para o que vimos e sentimos ali. A névoa, que antes nos envolvia, desapareceu assim que nos afastamos da trilha, como se nunca tivesse existido.
Olhei para o céu e notei que as nuvens estavam ficando mais escuras, e o vento se tornava mais gélido, trazendo consigo a promessa de uma tempestade iminente. Enquanto caminhávamos pelo bairro onde minha tia mora, decidi quebrar o silêncio incômodo que nos envolvia.
— Vai chover mais tarde — comentei, tentando puxar uma conversa.
Yan parecia preso em seus próprios pensamentos, incapaz de responder imediatamente. Ele andava com a cabeça baixa, os ombros tensos e a expressão fechada. Finalmente, ele levantou os olhos, ainda com um olhar distante.
— É... parece que sim — respondeu ele, sua voz soando distraída e ausente.
Olhei para ele com preocupação. A culpa pelo que havia acontecido com Pedro claramente o estava consumindo. Ele passou a mão pelos cabelos, um gesto nervoso que revelava a tensão que sentia.
— Você acha que ele está bem? — perguntou Yan, sua voz trêmula. — Pedro... ele... não deveria ter ficado para trás. Eu devia ter feito algo.
Sua frustração era palpável, e eu sabia que ele se culpava profundamente pelo que tinha ocorrido. Era difícil ver meu primo, normalmente tão confiante e seguro, tão abalado e incerto.
— Vamos encontrá-lo, Yan. Não foi sua culpa — disse, tentando confortá-lo, embora soubesse que minhas palavras dificilmente amenizariam o peso que ele sentia.
Yan assentiu, mas o olhar de dúvida e preocupação não deixava seu rosto. Continuamos a caminhar em silêncio, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos, enquanto as primeiras gotas de chuva começavam a cair suavemente ao nosso redor.
— Estamos quase chegando, primo. Já dá até para ver o portão da minha casa — disse Yan, com a voz serena e um pouco cabisbaixo. Quando chegamos ao portão, Yan tirou a chave do bolso e a entregou para mim.
— Olha, fique à vontade. A casa é sua, faz o que você quiser — disse ele, enquanto se virava para sair.
— Você não vai entrar? Podemos fazer alguma coisa para distrair — perguntei, enquanto abria o portão com a chave.
— Não, eu vou sair um pouco, esfriar a cabeça. Talvez vá até a casa do Pedro em vez de ligar para os pais dele. Melhor eu falar pessoalmente sobre o que aconteceu. Avisa minha mãe que saí e talvez eu volte hoje à noite — respondeu Yan, com um tom decidido.
— Tudo bem, mas aconselho a andar rápido. Deve chover logo, logo. Eu vou entrar, almoçar, talvez ver uns filmes ou só dormir mesmo — completei.
— Então vou indo. Se cuida, primo — disse Yan, seguindo reto pela rua do bairro.
Entrei e fechei o portão atrás de mim. Caminhei pelo quintal, sentindo o peso dos eventos recentes enquanto abria a porta da casa. Entrei movendo-me devagar, olhando para cada cômodo. Fazia muito tempo que não entrava nesta casa, e cada detalhe parecia trazer de volta uma enxurrada de memórias.
A sala era espaçosa e se conectava diretamente com a cozinha. Havia três quartos, um deles de casal. Havia três quartos ao todo, um deles de casal. O quarto da minha tia tinha uma grande janela de vidro que permitia a entrada de muita luz natural. A casa também contava com dois banheiros grandes, um no quarto do Yan e outro no corredor. A casa contava com dois banheiros grandes, um no quarto do Yan e outro no corredor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As crônicas de uma estranha viagem
AdventureApós perder o grande amor de sua vida em um trágico acidente, Luke se vê obrigado a deixar para trás seu pequeno estado do sul do Brasil. A tragédia despedaça seus planos futuros, levando-o a questionar o que é necessário para realmente perder o con...