ESPÍRITOS NA CELA

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CAPITULO VI

*

"Sente-se," disse Jet apontando para uma poltrona próxima à lareira e começou a narrativa:

"Há alguns anos comecei minha primeira viagem, o ônibus sacudia e o barulho era tanto que em determinados momentos eu podia jurar que algumas peças tinham se soltado e estavam ficando para trás sobre o asfalto, todos no carro dormiam ou tentavam adormecer, a euforia não deixava-me se que me concentrar em nada, em busca de novidade eu observava pela janela, o céu limpo e estrelado, estava aparentemente imóvel enquanto a mata à beira da estrada quase parecia um mancha verde que marcava a ocasião de forma enigmática.

Luzes e sirenes aproximaram-se rapidamente do ônibus, no primeiro momento achei que um acidente poderia ter acontecido, mas os policiais deram ordem para que o motorista encostasse, o que ele fez sem pestanejar.

"Boa noite!" Disse o primeiro policial ao entrar no veículo.

Ele empunhava sua arma ainda no coldre já desabotoado, parecia precavido como se esperasse alguém reagir violentamente.

Os demais agentes seguiam o primeiro, que ainda na porta disse friamente:

"Senhoras e senhores esta é uma inspeção de rotina, as mulheres e crianças permaneçam em seus lugares, os homens levantem-se e queiram sair do veículo.

Do lado de fora os oficiais posicionava-se no gramado à beira da pista, todos fortemente armados à espera do desembarque. Ao descer os poucos degraus tive estranhos calafrios ao ver a cena.

"Fila indiana do lado direito do ônibus", ressoou a ordem de um dos policiais. Coloquem as mãos na lataria do veículo e abram bem as pernas. Enquanto dois dos soldados revistavam e verificavam os documentos, os outros permaneciam em alerta.

Uma das mãos segurou firmemente a parte de trás da gola de minha camisa, enquanto a outra percorreu meu corpo agilmente à procura de armas.

"Documentos!" Disse o homem carrancudo olhando nos meus olhos. Ao entregar minha identificação o homem repassou a seu companheiro que comparou com algo dependurado na prancheta preta.

"É ele!" Afirmou o oficial com o documento na mão.

"Eu o que?" Perguntei assustado, com voz trêmula e dominado pelo medo.

"Muito bem venha conosco até a viatura!" Disse o policial me segurando pela parte de trás do colarinho.

"Por quê?"

O silêncio foi a resposta, enquanto eu era encaminhado ao carro.

Foi uma verdadeira confusão, uma explosão de sentimentos, "injustiça", pensei enquanto tentava controlar a raiva e principalmente o medo.

"Tenho que vencer," pensei comigo mesmo, por lembrar-me de Gisele e da promessa que fiz a ela.

Eu já tinha visto pessoas serem presas e imaginei que seria tratado da mesma forma. Ao chegar à viatura fui conduzido a uma das portas, que dava acesso aos bancos de trás.

Ao olhar dentro do veículo, alguém inesperado surgiu do escuro, Hernandes, sorriu como se um sonho lhe estivesse sendo realizado, seu rosto demonstrava uma satisfação demoníaca.

"Você". Disse eu surpreso.

"É ele?" Perguntou o policial como se respondesse a uma pergunta, descendo do carro.

Ao ouvir, o oficial algemou e conduziu-me a outra viatura estacionada a poucos metros. Chegando ao carro, fui andando em direção à porta de trás do veículo.

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