5 - Entrega

228 8 0
                                    

"Pois garota, você é perfeita
Você sempre vale a pena
E você merece
A maneira como você trabalha
Porque garota, você ganhou isso
Você sabe que nosso amor seria trágico, então você não se importa
Vivemos sem mentiras
Você é meu tipo favorito de noite."

Um furacão era como eu podia descrever o misto de emoções que circulavam pelas terminações nervosas dos 3 corpos presentes naquele corredor. Porém, com apenas um toque eu vejo um homem que há um minuto demonstrava o pior de si, com as veias saltadas, se debulhar em lágrimas. Podia não demonstrar, mas eu sabia o que ele estava sentindo. Mas eu não podia fazer nada, nem teria direito para tal. Ele era o noivo dela. Em uma fração de segundos, o ambiente estava mais pesado do que poderia ser possível. Uma expressão mútua dos dois comprovava isso. Eu não precisei ouvir nada.

Sem alternativa, dei meia volta e resolvi aproveitar que o quarto da Sabrina estava com a porta aberta para pegar meu blazer que estava em uma das cadeiras e logo ir para minha suíte. No fundo, eu também estava desolado. Entrando no quarto, voltei a visualizar o momento mágico que tinha ocorrido há pouco. Sabrina e eu. Nossos corpos mais colados do que jamais estiveram, um beijo gracioso e intenso, tal qual quanto ela. Pela primeira vez eu me senti completo. Mas ela estava com ele, então para ela nosso envolvimento era somente um teste. Porém mal sabia ela que para mim tudo aquilo era mais importante do que eu mesmo poderia prever. Poderia estar me iludindo (ou não) ou querendo acreditar, mas aquele gesto também parecia ter sido importante para ela. Mesmo assim, não podíamos negar que sucumbimos ao proibido. Mas depois de hoje, como vou ter coragem de vê-la todos os dias sem conseguir desvencilhar das lembranças? 

Será que eu poderia continuar? Seguir com a vida como se nada disso tivesse acontecido, estando fadado ao esquecimento?

Já estava pronto para me virar, ir embora e deixar tudo para trás quando ouço uma batida na porta e uma chave virando, com sinal de que estava sendo trancada. Quando me virei, parecia que estava em um sonho: ela tinha soltado os cabelos, que se movimentavam como ondas cada vez que mexia a cabeça. Melhor do que isso, ela estava radiante, com um brilho no olhar tão penetrante quanto indecifrável. Como parte de um jogo, ela simplesmente passou por mim e fez algo que eu não imaginaria nem em mil anos se tratando de Sabrina Petraglia: pegou a aliança de noivado, colocou dentro de uma caixinha e jogou dentro da mala, dizendo "Hoje não. Adeus". Ela havia tomado uma decisão. Estava balbuciando algumas palavras para dizer a ela, porque a nossa relação tinha tomado um rumo muito sério, e que eu não tinha certeza se seria capaz de me conter, mas ela me impediu, colocando um dedo nos meus lábios.

Sabrina: Shiu. Por enquanto, não diga nada. Ou melhor, acho que preciso ter uma resposta sua. É urgente. Acha que pode fazer isso por mim?

Meu Deus, como e desde quando essa mulher aprendeu a me instigar assim? Foi nesse momento que percebi que estava perdido. Ela me fisgou e me tem nas mãos, e que mãos lindas, ainda mais sem aquele anel na mão direita. E respondendo à pergunta dela, era óbvio. Se fosse necessário, eu dava a volta ao mundo por ela.

Sabrina: Pois bem, Marcos Pitombo. Me ajuda a descer o fecho do meu zíper? - ela me olhava com um olhar divertido, ou poderia dizer pervertido?

Logo ela se virou e assim fiz como me pediu. Talvez agora eu tenha entendido tudo. Ela estava de lingerie vermelha! Ela queria trazer sorte, mas para quê? Mas que burro. Ela sabia que eu entenderia o recado sem ser necessário palavras.

Interrompendo meus pensamentos, apenas a vejo virando-se novamente de frente para mim, soltando as alças do vestido, caindo-lhe aos pés. Mas que curvas! Achei que iria cair, pois não poderia acreditar no que estava vendo. Aquela mulher, que aliás não era qualquer uma, era A mulher, estava ali, seminua na minha frente. Eu precisava fazer alguma coisa, mas não conseguia me mover, acho que eu tinha ido parar no paraíso e nem sabia. Antes que eu pudesse falar, novamente ela se aproximou e tomou as rédeas da situação, o que me era inusitado, mas estava adorando.

Sabrina: Acho que eu não precisaria dizer, mas nesse caso, faço questão. Eu queria ser sua essa noite. Só sua. Topa cair nesse abismo comigo?

Meus batimentos aceleraram. Ela nem precisaria perguntar duas vezes. Porém mais importante do que o sexo em si, era o que eu carregava dentro do peito. Não queria decepcioná-la. Meu Deus, como eu me arrependia de ter cogitado esquecer esse dia dos meus pensamentos! Até que cansei de hesitar. Simplesmente a encarei, me aproximando, e a enlacei, juntando seu corpo ao meu. Naquele momento éramos um, pois era incrível como o corpo dela parecia ser feito sob medida para se encaixar perfeitamente ao meu. E a beijei, como se nada mais importasse no mundo a não ser nós dois, banhados somente pela luz da lua.

Crônicas de um casal de amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora