7 - Uma importante resposta

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"Vai ser até o fim
Me dê algo que nunca provei
Vai ser o pecado perfeito
Algo como a mais verdadeira mentira
Em todos os lugares de alguma forma
O único lugar em que sempre estarei
Contanto que você me segure
Oh que liberdade
Me aqueça com o seu toque
A pressão dos seus dedos
Nunca será o suficiente
Eu vou fazer nada além de me render
Eu só quero sentir mil mãos suas, somente as suas
Agarre em minha alma
E me faça sentir completa por dentro
Você vai ser o único a mostrar
Esses arrepios na minha pele."

Eu estava em um sonho no qual não queria ter de acordar. Estava com a mulher mais linda ao meu lado e meu coração palpitava só de olhar para ela. Não eram necessárias palavras. Um simples jogo de olhares falavam por si só. Durante a vida carreguei algumas paixões, umas duradouras, outras rápidas, mas todas passageiras e nenhum sentimento se comparava ao que estava em meu peito agora. Pela primeira vez eu tive certeza: eu queria tê-la ao meu lado, mas não só por essa noite ou algumas outras, muito menos para ser tratada como a um passatempo. 

Ela era diferente, eu sabia. Eu a amava. Mas e as circunstâncias? Será que era a hora certa de lhe expor isso? Independente de nós dois, eu sabia que a resposta dela poderia mudar tudo.

Estávamos na banheira da suite dela, abraçados. Enquanto a água nos envolvia, ela me lançou aquele sorriso só dela e começou a acariciar minha barba, que à essa altura, estava por fazer. Não pude conter o riso. Eu estava tão feliz, como nunca antes. E fiquei mais ainda que esse sentimento transpareceu para ela.

Sabrina: Você está contente. Espero que eu tenha a ver com isso - disse rindo.

Ela nem precisava perguntar. Era óbvio. Eu a beijei, querendo que o tempo parasse bem ali, onde nada mais tivesse importância além de nós dois. E, como se lesse meus pensamentos, ela correspondeu em gestos. Saímos do banheiro, abraçados em uma única toalha, ignorando totalmente o vento gelado do ar condicionado que vinha do quarto. Nos vestimos e ela me acompanhou a porta. Me beijou, se despedindo. Meu Deus! O que essa mulher fazia comigo era algo a ser estudado. Ela me tinha completamente nas mãos e sabia disso.

Quando entrei no quarto, tudo me veio à memória. Dona Sônia, balada, Sabrina, beijo e Ramón. Ah, esse homem. Tinha absoluta certeza de que não seria fácil encará-lo novamente em uma próxima oportunidade. Imagina pra Sabrina. E então tive medo. Meu sentimento por ela superava tantas coisas, mas será que superaria os desafios caso ela aceitasse ficar ao meu lado? Enquanto refletia, peguei meu celular. Além de algumas marcações rotineiras dos melhores fãs do mundo, uma mensagem em especial me chamou a atenção: "Já to transbordando de saudades, mas tenho de me conter (risos). Beijo!". Como um bobo, sorri e deitando, deixei que o sono me tomasse, fazendo com que, pelo menos por um tempo, eu deixasse as preocupações para trás.

Logo que acordei, parei para assimilar a realidade. Quando olhei para a data, percebi que seria meu último dia em terras portuguesas. Teria de voltar para o Rio para cumprir um job marcado há alguns meses. Não queria voltar, mais precisamente, não queria deixá-la. Então chorei. Desci para ir à uma praça, torcendo que as belas paisagens pudessem afugentar a tristeza que ameaçava me invadir, mas foi em vão.

À noite, saímos todos para jantar. A princípio, percebi que Sabrina não havia dito nada sobre nós para os pais, mas Dona Sonia, esperta que era, nos lançou um olhar divertido, já chamando a atenção para a filha, que estava com os olhos cintilantes. Percebendo a indireta, ela colocou a culpa no lugar maravilhoso no qual estávamos, mas olhava para mim a todo o tempo. E eu me derretia. Ao fim da reunião, eles se recolheram, pois o restaurante escolhido ficava muito próximo ao hotel. A sós com a Sabrina, queria evitar quebrar essa áurea mágica que se criava ao nosso redor, mas não poderia fugir, então tive de contar que iria embora para o Brasil no dia seguinte. Ela ficou desolada e me deu um abraço forte, daqueles que te prendem para nunca mais soltar. Não me conti e chorei de novo. Estava tão sensível nos últimos dias que nem sabia explicar como.

Sabrina: Pelo menos posso te acompanhar até o aeroporto?

Claro que podia. Inclusive ela podia tudo. Voltei para o quarto para arrumar as malas e tentar dormir. A viagem de volta seria longa. No dia seguinte, estávamos os dois de pé, inclusive ela já me aguardava na recepção. Estava linda como de costume, seja com ou sem roupa. Quando entramos no corredor do aeroporto, ela enlaçou suas mãos nas minhas. Em meio a um clima de breve despedida, consegui sorrir. Quando meu voo foi anunciado, a beijei, querendo que ela estivesse comigo, mas também queria, ou melhor, precisava ouvir algo dela:

"Eu posso te esperar?"

Crônicas de um casal de amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora