14 - Eu te amo

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"Fecho os olhos e penso nele
O perfume doce da sua pele
É uma voz interior que está me levando onde nasce o sol
Sol, são as palavras
Mas se são escritas, tudo pode mudar
Sem medo mais, vou gritar esse grande amor

Amor, só amor é o que sinto
Diga-me por que quando penso, penso só em você
Diga-me por que quando vejo, vejo somente você
Diga-me por que quando acredito, acredito somente em você
Grande amor

Diga-me que nunca
Que não me deixará nunca
Diga-me que é
Respiro dos meus dias de amor
Diga-me que sabe
Que só me escolherá
Agora já sabe
Você é o meu único grande amor."

Paraíso exterior. Mentiras reveladas. Mundo desabando. Chuva. Amor. 

Espera, amor?

Minha mente estava custando a assimilar e a organizar tudo o que estava acontecendo. Enquanto me deixei levar por um momento de calma em meio ao nervosismo (juro que não estou entrando em controversas), os pensamentos começavam a florear com mais calma. Sabe aquela velha história de que, mesmo não sabendo compreender no momento, certas coisas tem de acontecer para que tudo faça sentido no futuro, além de nos trazer sabedoria e amadurecimento? Pois bem, estava acontecendo comigo. Entretanto, algo que posso afirmar com propriedade é que no meio de tantas incertezas, a maior certeza estava junto a mim, me envolvendo num abraço infinito.

Então acho que já estou no clímax.

A sensação daqueles braços fortes e acolhedores me agraciando com um beijo cheio de procura era tão maravilhoso que não conseguia achar as palavras certas para me expressar. Mas será que era a hora certa para palavras? Por um momento, parei e olhei para ele. Seus olhos brilhavam enquanto a chuva que caía incessante insistia em bagunçar ainda mais seus cabelos negros. Enquanto alisava meu rosto, sorriu. No mesmo instante, senti minhas pernas voltarem a bambear como há muito não sentia. Como resposta, sorri de volta e olhei ao redor. Parecia que o tempo havia parado bem ali, onde estávamos. 

A rua onde moro é movimentada nos dias úteis, provavelmente por ser próxima à Paulista. Mas naquele momento, não se via um veículo passando ou uma pessoa sequer atravessando. Somente nós dois ali no meio da rua, parados à frente do meu prédio, vestidos de noivos, encharcados e risonhos. Nunca me senti tão feliz. A saudade e a vontade dele ardiam continuamente em mim. Queria tocá-lo, abraçá-lo, sentir cada centímetro dele. Bastava um toque e ele me detinha assim, facilmente. Não importasse o quanto já quis me fazer de desentendida, deixar para lá, o sentimento estava ali, sempre comigo. Eu o amava tanto, como nunca amei ninguém.

Como se pudesse ler meus pensamentos, apenas senti o leve toque de suas mãos firmes em meu pescoço, me puxando novamente para um beijo. Retribuindo, puxei seus cabelos para aproximá-lo ainda mais. A procura era explícita. Nossas línguas, fervorosas, exploravam cada espaço de nossas bocas, procurando o ajuste perfeito. Não precisou de muito. Quando achei que aquele momento não poderia ser mais perfeito, ele simplesmente abaixou-se e me pegou no colo, como se estivéssemos em lua de mel, inclusive, o figurino não poderia ser mais propício. O porteiro, mesmo estranhando, não impediu nossa entrada no prédio, e acho que pude ver um sorrisinho em seu rosto, como se tentasse entender o que estava havendo.

Marcos não me deixou ajudá-lo em nenhum momento, muito menos me permitiu descer de seus braços. Realmente me sentia flutuante, leve e acima de tudo, radiante. Mas faltava algo para tudo estar mais do que completo e eu sabia bem o que era, mas estava esperando o momento certo. Entrando no quarto, ele me enchia de beijos percorrendo o rosto e o pescoço, o que me arrepiou por inteiro. Logo que me deixou no chão, já lhe lancei um olhar de que não deveríamos perder tempo e comecei a lhe desabotoar a fivela do cinto. Era urgente o que precisávamos tratar. Ele entendeu e já foi percorrendo o caminho de minhas costas, procurando o fecho e o zíper do vestido, ao mesmo tempo que desfazia dos botões da camisa branca molhada que lhe marcava a barriga definida. Pouco a pouco as peças de roupa caíam ao chão. Quando já não nos restava mais nada além do calor de nossos corpos, já fui sendo conduzida por ele até o banheiro. 

Com absoluta certeza não queria resistir a ele nem a nada. Ele me tinha, me detinha e muito mais. Já na banheira, ergui os pés para igualar sua altura, mesmo sabendo que não conseguiria, segurei seu rosto e decidi: era a hora.

"Eu te amo".

Crônicas de um casal de amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora