Capítulo 1

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O céu estava completamente cinza, nuvens se formava sobre o firmamento anunciavam uma forte chuva que não demoraria a cair. Não era preciso me olhar duas vezes para saber que estava esperando por alguém. Meus dedos apertavam fortemente a pequena plaquinha com meu nome. 

Duas horas se passaram  desde meu desembarque no terminal rodoviário de São Paulo. Duas longas horas segurando aquela plaquinha e parada naquele ponto de taxi do lado de fora do terminal. Agora, gotas de chuva pingavam sobre meus cabelos, escorriam por meu rosto e molhava meu casaquinho de lã azul.

Quando finalmente me buscaram no terminal, as minhas suspeitas de forte chuva havia sido comprovadas. Meu vestido floral estava completamente grudado no corpo e as sapatinhas estavam encharcadas. Entrei no luxuoso carro preto puxando o casaquinho ao redor do meu corpo, tentando esconder as partes transparentes no vestido deixados pela chuva.

O motorista que gentilmente se apresentou como Matias, guiava o carro por ruas movimentadas, com lojas luxuosas e pessoas que apressavam o passo na tentativa de se proteger da chuva. Aquela cidade era uma bagunça de movimentos. Parecia que as pessoas não tinham tempo pra  respirar. Não havia tranquilidade no olhar de algumas, somente pressa.
Talvez a vida pacata que levei durante toda a vida não me tenha preparado pra todo esse movimento. Agradeci mentalmente ao Sr. Álvaro por ter peço a Matias que fosse me buscar. Com a sorte que tenho, só encontraria a residência dos Berdinaz dois dias depois. Estaria completamente perdida nessa cidade gigante.

Após um longo trajeto, vários semáforos, faixa de pedestres e viadutos, entramos em uma rua com casa grandiosas. Tudo era verde e florido. Os jardins eram pomposos com gramas bem  aparadas e flores de todos os tipos. Algumas casas possuíam portões grandes e muros altos que não nos deixava ver em seu interior. Foi justamente em uma dessas que paramos.

Enquanto o portão se abria e Matias conduzia o carro para a garagem, pude notar sua fachada: A porta de entrada era enorme em uma cor alaranjada, a casa tinha dois andares e um pequeno jardim com grama baixa e flores amarelas que ficava no canto direto. No lado esquerdo ficava a passagem dos carros que ia ate a garagem subterrânea.  Na garagem tinha duas portas laterais, uma mais afastada da outra. A primeira dava passagem para o interior da casa e a segunda, um pouco mais afastada, provavelmente dava acesso à cozinha ou área de funcionários.
Já fora do carro, pude notar que havia mais dois carros luxuosos em cores prateadas. Não soube identificar marca e modelo de ambos, a única certeza que tive é que provavelmente custaram uma fortuna.  Matias me conduziu a uma das portas laterais, aquela que certamente daria acesso a casa e pediu que entrasse.

O interior não fugia aos padrões luxuosos do exterior da residência dos Berdinaz. Tudo era limpo e charmoso. A sala era ampla e confortável, tinha alguns moveis e sofás branco. No centro, uma grande escada levava ao andar de cima. Matias pediu licença e se retirou por alguns minutos.

O frio começou a aumentar e logo meus queixos batiam. Ótima forma de conhecer os novos patrões, penso comigo. Fico tentando imaginar como seria o “tal” Sr.Álvaro Berdinaz: talvez baixo e gordo. Não consigo evitar uma risadinha. Bom, por ser rico e solteiro, no mínimo deve ser feio.
Logo Matias retorna com toda a sua elegância e descrição.

- Ouça Alice- disse Matias - o Sr. Berdinaz vai descer em breve e te dará todas as instruções necessárias.

- Tudo bem Matias, obrigada.

Matias se retirou por um dos cômodos silenciosamente. Fiquei ali em pé, com minha pequena mala nas mãos e o coração aos pulos.  Deus misericordioso me ajude.

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