capítulo 4

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Estou de pé desde as 05:00 horas da manhã. Não que estivesse com disposição para acordar cedo, a verdade é que quase não dormir. Toda essa ansiedade em começar a trabalhar me tirou o sono.

Tomei um banho quente e prendi os cabelos no alto da cabeça, deixando as pontas soltas. Desfiz minha mala e coloquei as roupas em uma pequena cômoda. Coloquei algumas fotografias na mesinha de cabeceira para aliviar um pouquinho a saudade.

Escolhi uma roupa leve. Calça preta, uma blusinha soltinha e sapatilhas. Estava pronta pra sair quando escuto uma batida na porta. Abro, é Matias:

- Bom dia Senhorita. Espero não ter assustando. Vim busca-la para conhecer a casa e suas funções antes do Sr. Berdinaz lhe chamar ao seu escritório.

- Tudo bem.

Descemos as escadas em silencio. Percebi que Matias não era muito de conversar. Seu rosto estava sempre serio. Não pode deixar de notar que ele era bonito e incrivelmente forte para sua idade. Quantos anos deveria ter? Talvez uns 32, no máximo 40. Tinha os olhos negros como a noite. Cabelo cortado baixo, estilo militar e costas largas. Sua pele escura, linda, brilha em exposição ao sol. Um homem e tanto.  Ao entrarmos pela cozinha  vejo uma moça nos aguardando.

- Srta. Alice, esta é Samy- Matias nos apresenta.

A moça sorri de orelha a orelha e vem em minha direção de braços abertos. Me cumprimenta com um forte abraço me deixando embaraçada.

- Ora vejam, uma bela moça. Muito prazer Alice- diz a moça alta de cabelos castanhos. Samy deve ter no máximo uns 30 anos, não mais que isso- Uau deixe o Sr. Álvaro ver o quanto é bonita e aquela saco de ossos não terá chance de reinar nesse palácio.

Samy solta uma risada e Matias a reprende dizendo que não devemos nos meter na vida particular dos patrões.

- Venha Alice, vou te mostrar a casa. Deixe Matias com esse mal humor. Qualquer dia desse ele se afoga na própria amargura. Bem talvez antes eu te mostre o que há de doce nessa vida- Samy joga uma piscadela pra ele, enquanto me puxa pelo braço. Matias fica ligeiramente envergonhado.

Deixamos a cozinha e seguimos até a área de serviço.

- Aqui é a área de serviço, mas nunca usamos. Sr. Álvaro manda as roupas para lavanderia e eles já trazem passadas todos os sábados. Nossa única obrigação e separa-las e guarda-las. Bem esse outro cômodo aqui- ela abre uma porta- Usamos para nos trocar. Quer dizer, só eu uso, afinal você mora aqui.

Ela caminha até um armário e retira de lá quatro uniformes preto. Eram vestidos

- Pegue, esses devem servir. Ou talvez não, com todas essas curvas que tem- ele para e me avalia um pouco. Depois abre um sorriso- Vou te deixar a sós. Pode deixar suas roupas aqui, no final do expediente você pega

Troco-me rapidamente e vejo que o uniforme não fica tão justo quanto pensei que ficaria. Deixo meus pertences junto com os outros uniformes e saio.

- Uau! Você é muito sortuda. Fica linda ate com esse uniforme sem graça.

- Obrigada Srta. Samy.

- Ai me mata logo! Não, nada de Srta. Samy. Apenas Samy. Seremos grandes amigas sua boba, não precisamos disso.

Iniciamos o nosso turismo pela casa. Passamos pela cozinha, onde ela me mostra os utensílios e me informa que cozinhar será minha responsabilidade. Passamos pela sala e subimos as escadas. Conheço os três quartos de hóspedes, todos com mesma decoração, e o quarto da Srta. Savanna Berdinaz. Já havia me esquecido que o Sr. Álvaro tinha mencionado que morava com a irmã.

O quarto de Savanna é incrivelmente simples. Não tem toda aquela frescura de quarto de riquinha que achei que tivesse. Somente uma cama, um sofá branco e uma mesinha de computador.

- Achou tudo muito simples- diz Samy adivinhando meus pensamentos- Savanna é uma menina incrível. As vezes esqueço que ela é rica. Uma pena estar desperdiçando tempo com aquele babaca do Saulo. Ele não serve pra ela.

- Quem é Saulo?

- Noivo dela. Ele é pianista. É ate bonito, porém um cavalo em forma de homem. A fama subiu a cabeça. Savanna esta sempre viajando com ele. Sinto falta dela aqui. Traz alegria pra essa casa.

Saímos do quarto e entramos na porta enfrente. Não foi preciso me dizer de quem aquele quarto pertencia. Aquele perfume era inconfundível. O cheiro másculo de Álvaro estava por todo lado. O quarto também era simples, um pouco maior que os demais. A cama era enorme. Claro, para caber um homem daquele teria que ser daquele tamanho mesmo. Entramos no seu closet e vejo que também é grande. Noto que tem muitos ternos. Não vejo muita roupa formal como a que ele estava usando ontem. Esse só trabalha?

Passo a mão por suas camisas e novamente o cheiro dele me invade. Que homem cheiroso.

- Sr. Álvaro gosta que sejam guardadas assim que chegar da lavanderia. Nunca deixe para outro dia. O banheiro deve estar sempre limpo, ele odeia sujeira.

O banheiro também é grande. O maior que já vi. Possui uma banheira e uma ducha separada. Enquanto Samy me mostra como lava-lo, me perco imaginando Álvaro tomando banho. Ele nu naquela banheira, com todo aquele corpo coberto por espuma. Seu cabelo molhado pela agua do chuveiro e as gotinhas descendo por seu abdômen ate morrer no seu caminho da felicidade. Sinto um tremor que há tempos não sentia. Isso tudo é resultado de anos sem me relacionar com ninguém. Oh céus! Só me falta essa, ficar imaginando meu patrão que mal conheço nu. Chega Alice.

- Bem agora que conheceu tudo vou leva-la ao escritório, Sr. Álvaro deseja conversar com você.

Descemos as escadas e seguimos ao escritório. Samy para na porta:

- Não se preocupe, Sr. Álvaro parece ser fechado, mas no fundo tem bom coração.

Agradeço e Samy se retira rapidamente. Dou duas leve batidas na porta, seguro a maçaneta, fecho os olhos, encho o pulmão de ar e entro.

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