Castelinho da antiga Loja Moellmann de Blumenau, na Rua XV de Novembro. (hoje é outra loja)
— Olha, filha. Paulinho fez escova, depilei o buço e as pernas, axilas, virilha e fiz a sobrancelha.
— E a unha, não fez? — Tem dia que tenho vontade de dar na cara da minha irmã. Coisa de irmãos. Ela é a mais nova e sempre tentou chamar a atenção com um ou outro problema de saúde, conseguindo assim tudo o que quer.
— Faça você, dei um trato na mãe e só ficou faltando unha. Você faz.
— Só? Nem pintou o cabelo dela?
— Vá tomar no seu cu.
— Vai tu que gosta de dar.
— Ei, olha que eu não criei vocês assim. Fico chateado quando meus filhos brigam. Pensa só... vocês são irmãos, tem coisa mais legal que ter um irmão? — Meu pai apela para o drama.
— O senhor e o tio Genésio só faltam se socar...
— Não Pietra, gosto do maninho. Sinto vontade de "bulachar" a cara dele, mas de tanto amor.
— Igual a mim e a Pietra. Amo essa desgraça com vontade de afogar ela na água da privada.
Família! Amo a minha família e até as brigas. Aliás, amigos é nossa segunda família, tipo a Brenda. Folgada e estranha que só ela. A culpa é toda dela que não quis o bofe, hoje é só meu.
*
Segunda-feira é um dia daqueles! Eu em particular gosto muito, porque tem pouco movimento na loja pela manhã e a fofoca do final de semana está fresca. É inacreditável a quantidade de detalhe e a qualidade que têm quando se juntam três ou quatro amigos no balcão da lojinha. Vem o Artur que trabalha a tarde na Prefeitura, Tesla (Deus me livre e guarde desse nome) que é filha do dono da padaria que fica na sala em anexo ao comércio onde trabalho, Brenda e eu. Eu não saí, final de mês não dá ânimo, não há grana e nem coragem, Artur fez e aconteceu, Tesla tá chata, arrumou uma namorada e Brenda reclamou que o grandão ficou secando ela a noite toda, tá perseguindo, foi bloqueado no face, está sendo ignorado no telefone e todas as possíveis dicas de que ela não tá afim.
Terça-feira... só pra constar, não vou contar o que acontece em cada dia, mas aconteceu que na terça, o boy da Brenda veio na loja outra vez.
— Ué... Você não ia visitar a família?
— Ia, mas atrasou o voo e eu remarquei para a próxima sexta. Você caiu na farra só porque achou que eu não ia estar por aí, né?
— Leopoldo... eu não namoro contigo. Não tenho interesse em compromisso. Mulher odeia que pegue no pé. Não tô afim de você. Por favor, não insista que tá me enchendo o saco.
Nossa! Isso que é um bafão! Coitado do bofe! Bem feito ao mesmo tempo, porque ninguém mandou ficar marcando território. Ela disse que não tava interessada e ele insistiu. Fico com pena porque ele fica todo sem graça.
*
Passa um tempinho...
E eu só posso ficar bem caladinho e evitando o contato visual com ele, pois esse Fritz me deixa molhadinho e comido de inveja da Brenda. VACA. PUTA. Como pode ser tão burra? O homem só quer uma namorada. Espera. Porque ele perseguiu ela? Será que ele era um criminoso lá no estado dele? Espero ele ir embora e pergunto isso para minha amiga.
— Não, claro que não, Paulinho. Ele é até meio quadrado. Morava com pai, mãe, irmãos, vó, vô e uma penca de primos e sobrinhos.
— Nossa. Tudo junto?
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Mini Romances - Light
RomanceFinalizado! Coleção de Mini Histórias de Romance. Afetividade entre pessoas. LGBT, ou não. Não haverá distinção. Haverá romance. Se você estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma que não seja o Wattpad, provavelmente está correndo o...